quarta-feira, julho 30, 2025

CÂMARAS NAS RUAS DA CIDADE

VIDEOVIGILÂNCIA EM  CASTELO BRANCO

A questão não e nova, pois o assunto já foi  variadas vezes falado em Castelo Branco, contudo, nunca ouve fumo branco para avançar. 
Ao ler a reportagem do Jornal "Reconquista" da passado semana, reparei que a mesma termina com uma citação do nosso presidente: "se o sistema já estivesse em serviço, teria evitado que o parque infantil da Devesa, inaugurado há menos de um mês fosse vandalizado". Tenho para mim, que a privacidade de cada um de nós é algo que temos e devemos proteger, porem, evitar que vândalos destruam o que é de todos nós, tem que ser igualmente protegido. 
O ALBICASTRENSE

sexta-feira, julho 25, 2025

EXÊNTRICOS DA TERRA ALBICASTRENSE


MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE

Do  livro, "A Propósito da Monografia  de Castelo Branco", da autoria de José Germano da Cunha (1891), retirei o texto que podem ler a seguir. 
Confesso que adorei o texto e que muito adoraria eu, ter conhecido este excêntrico albicastrense do passado.  

ALEXANDRE ANTÓNIO PEDROSO

O CELEBRE MORGADO DA ALEGRIA”

Falecido em Castelo Branco em 1850. Este homem dotado de prestigiosa força muscular pegava em dois bons sacos de sementes, um em cada mão, e subia uma escada com a maior agilidade. Contudo, e este desenvolvimento físico não correspondia o intelectual. Possui-a abastada fortuna, e isto provavelmente fez com que o dispensassem do incomodo de estudar, como as vezes acontece. Pertencia as famílias ilustres do Condo Redondo e Marques das Minas.
Cercado de mimos na sua infância, e deste então acostumado a viver fora do seu seculo, conservou sempre várias tradições e hábitos fidalgos da corte na idade media, a par das mais ridículas superstições. 
Vestia sempre de seda, ou de veludo, trajava ele casaca, colete de grandes abas, recamado de luzentes lentejoulas, calção e meias, sapatos de fivelas, chapéu armado, bastão de marfim tao alto como ele, que o era bastante.
Uma figura. E por este modo se apresentava em toda a parte. Livre de preconceitos, arreceando-se muita das mulheres, tinha verdadeiro horror as bruxarias, feitiços e mãos olhados. Por isso esse extraordinário excêntrico ia, a altas horas de noite, todo diplomático de bilha na mão, buscar água ao chafariz para que lha não enfeitiçassem. Conta-se também que serviçais seus, depois de fazerem oscilar fortemente os presuntos que pendiam do teto, o chamavam para ele ver que os mesmos presuntos estavam embruxados e os mandar imediatamente por fora de casa, o que solicitamente se cumpria sem demora. E o mesmo destino tinham muitos outros objetos acometidos de igual doença.
Sempre alheio a todo o movimento progressista da sociedade, este notável, atravessava as ruas da cidade sem ser perseguido pelos apupos da rapaziada como figura carnavalesca. Caminhava altivo e sobranceiro, como uma tradição viva, uma relíquia respeitável, legada pelas nobres gerações extintas no século das grandes transformações em todos os ramos da atividade humana. 
Este homem podia ter visto o Marquês de Pombal em todo o esplendor da sua omnipotência e mais tarde ao seu desterro. Podia ter aos 14 anos, assistido á tomada da Bastilha e depois à decapitação de Luís 16º e de Maria Antonieta, a todo esse caos da revolução francesa, donde saiu a luz da liberdade e de emancipação e a quantos sucessos se seguiram extraordinários e demolidores do antigo regime, os quais presenciou na parte respeitante ao nosso país. E ele. de pé entre os seus amarelados pergaminhos, como estatua de bronze levantada em seu pedestal, apontava para o passado, dizendo-lhes: “Sou teu”.
E firme e intemerato viu desabafar em redor de si instituições, crenças, costumes e quanto pertencia a uma civilização condenada ao ostracismo. Sobre esses escombros ergueram-se as sociedades modernas tao diversa, tão outras. E ele, representante do retrocesso, conservou-se sempre fiel às tradições e preconceito de raça, no seu posto, como protesto vivo, talvez inconsciente, contra a invasão das novas ideias, que proclamavam os direitos do homem. Não se insurgiu, empregando meios violentes, ou mesmo diatribes aceradas.
A sua individualidade própria era o protesto mudo e singelo; o modo de se apresentar, a riqueza exótica do seu traje, o seu carácter cavalheiroso e inofensivo, tudo isto lhe atraia o respeito e a consideração publica, e fez com que atravessasse incólume as épocas calamitosas, que afligiram Portugal. Não podia deixar de despertar os sorrisos escarnecedores e muitos dos que o viam; porem, não se passava disto. 
Não era um doido, ou um idiota; era simplesmente um excêntrico, cuja memória eu respeito, porque encontro nesse vulto original, único talvez em toda a península que quer seja de sublime e épico. Não longe das suas 80 primaveras, fez a maior das tolices. Casou? Perguntará o leitor. Não senhor; nessa não caiu ele; já aqui se disse que tinha um medo supersticioso das mulheres. A tolice, que fez, foi deixar-se morrer. Há quem diga que o mandaram para cova de patinho e capela.
PS. O texto está escrito tal como José Germano o escreveu 1891.
O ALBICASTRENSE

sábado, julho 19, 2025

OS FONSECAS DE CASTELO BRANCO - (IV)

   ALBICASTRENSES DO PASSADO

DIOGO DA FONSECA
(Corregedor do crime da Corte) 

No seguimento das publicações anteriores,  Frei Roque do Espírito Santo, Frei Egídio da Aposentação, Frei Bartolomeu da Costa segue-se o ultimo dos irmãos. 
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Filho de Francisco Martins da Costa e de Perpétua da Fonseca, terá nascido por volta de 1500, tendo falecido durante o reinado de Filipe I em 1580. Era irmão do Frei Egídio da Aposentação, lente de Teologia, deputado da Inquisição de Coimbra, muitas vezes vice-reitor da universidade e autor de várias publicações; e de Bartolomeu da Fonseca cónego doutoral da Sé de Coimbra. Em Castelo Branco, fundou a capela do coro de baixo, que ficava por detrás do altar-mor da Igreja do convento dos Agostinhos, atual Misericórdia, que havia de tornar-se muito conhecida por capela do carneiro ou dos Fonsecas. Ali jaz sepultado com os seus descendentes e muito provavelmente, com o irmão Fr. Bartolomeu da Fonseca. 
Foi ministro de D. Sebastião, de D. Henrique e de Filipe I e II. Colaborou na compilação das ordenações Filipinas (um autentico Camaleão este Diogo da Fonseca). Foi Desembargador da casa da Suplicação, de que tomou posse em 1566, membro do conselho supremo de Portugal em Madrid, corregedor do crime na corte. Mestre de leis e jurisconsulto distinto, responsável pela lenda do encoberto, após a morte de D. Sebastião, esteve igualmente envolvido nos episódios que precederam e seguiram a batalha de Alcácer Quibir.
Na qualidade de desembargador da casa de Suplicação, figurou entre os vinte e quatro letrados que deviam julgar a causa da sucessão nas cortes de 1579. Diogo da Fonseca acompanhou, como tantos outros, a política Filipina, conservando-se com proventos e honras no cargo de corregedor do crime durante esse tempo. Quando o Prior do Crato tomou Aveiro e foi recebido afetuosamente em Coimbra, resolveu o Duque de Alba mandar um magistrado, o Dr. Diogo da Fonseca, para aconselhar a câmara a prestar obediência a Filipe II, sob a pena de severas sanções. A situação era periclitante, pois ainda se ouviam vivas a el-rei D. António!... Tudo ia sofrer completa alteração, não mais haveria complacência, nem mercê, com os protestes e rebeldias dos verdadeiros patriotas Portugueses. 
Vários documentos atribuem-lhe as funções de membro do conselho supremo de Portugal, em Castela. Universitário, Jurisconsulto e politico, a memoria do Dr. Diogo da Fonseca não pode isentar-se da nódoa infamante que infelizmente maculou a quase totalidade dos personagens de elevada cotação intelectual e social, do clero e da nobreza, daquela época, a todos os títulos desgraçada. Salvou-se o povo e uma parte do clero, na resistência à dominação castelhana.
O ALBICASTRENSE

terça-feira, julho 15, 2025

OS FONSECAS DE CASTELO BRANCO - (III).

ALBICASTRENSES DO PASSADO 
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FREI BARTOLOMEU DA FONSECA
(Inquisidor geral do Santo Oficio)

Frei Bartolomeu da Fonseca doutor em Cânones pela Universidade de Coimbra e o primeiro colegial de São Paulo.
Bartolomeu da Fonseca foi o terceiro filho de Francisco Martins da Costa e o segundo de Perpetua da Fonseca, (segunda esposa), nasceu em Castelo Branco entre 1530/38 e terá falecido por volta de 1620.
Fez os seus estudos no real colégio de São Paulo de Coimbra, e ali foi o primeiro colegial que entrou por oposição, quando D. Sebastião o fundou novamente, tendo inclusivo chegado a reitor deste mesmo colégio. 

Começou a sua carreira servindo em Coimbra em 1579 com o cargo de deputado do Santo Oficio, por altura em que D. Sebastião e o Cardeal Infante D. Henrique, então inquisidor-mor, ali estabeleceram a inquisição.
Nomeado com 30 anos inquisidor em Goa, (segundo o seu testamento, contra a sua vontade), permaneceu ali onze anos, onde exerceu os cargos de inquisidor e deputado da mesa da consciência, em Goa perseguiu, julgou e condenou os chamados cristãos novos.
Durante os anos que esteve em Goa promoveu muitos autos da fé ”quasi todos os annos”, (segundo palavras suas) Chamado por El Rei a Lisboa serviu na inquisição como inquisidor no tempo do Principie Alberto, que era o inquisidor Geral. 
Foi mandado para Coimbra para compor discórdias entre os inquisidores e a câmara, Bartolomeu da Fonseca abreviou despachos, fez autos da fé, e pacificou as discórdias (!), (mais uma vez segundo palavras suas). Durante aproximadamente cinco anos esta personagem, (que eu designaria de maligna), esteve na corte Portuguesa, (segundo ele) tendo durante esse tempo conseguindo destruir e rebater as maquinações dos sediciosos fazendo com que El Rei ficasse “mui satisfeito” com os ministros da inquisição em Portugal. 
Segundo livro publicado em 1905 por Victor Ribeiro, Bartolomeu da Fonseca terá feito três testamentos, um em 1595 outro em 1617 e por fim o ultimo em 1620. Em 1605/6 após uma queda em Castela, e estando em perigo de vida, pediu licença para se retirar da corte, tendo vindo para Castelo Branco. Foi então chamado a Lisboa por El Rei, para que fosse residir no Santo Oficio. 
Nas pesquisas feitas mandadas fazer por Victor Ribeiro ao Padre Manuel Duarte Preto em Castelo Branco, não foi encontrado qualquer documento comprovativo de que ele esteja sepultado na Capela dos Fonsecas, na sacristia da Convento da Graça, porém foi possível assegurar-se que ali se encontram os seus despojos, assim como os do irmão Diogo e seus descendentes. 
Como disse no inicio deste texto Bartolomeu da Fonseca foi o terceiro filho desta família albicastrense, o primeiro Frei Roque foi um santo homem, o segundo Diogo da Fonseca um politico que serviu Portugal, Espanha e se serviu a si próprio (um camaleão), o terceiro este Frei Bartolomeu foi com certeza a desonra de uma época que ainda hoje nos envergonha a todos e nos coloca na boca a seguinte palavra: Como foi possível toda esta barbaridade por parte dos homens da Igreja?

(1) - Os autos da  consistiam em cerimónias mais ou menos públicas onde eram lidas e executadas as sentenças do Tribunal do Santo Ofício, (sentenças de morte na fogueira ou tortura por todos os meios, o fanatismo era tal que nem Garcia da Horta escapou a tal monstruosidade, foi Condenado post-mortem em 1580 pelo Tribunal do Santo Ofício pelo “crime de judaísmo”, os seus ossos foram desenterrados e queimados);
(2) – O livro “Os testamentos do Inquisidor Bartolomeu da Fonseca”, por Victor Ribeiro, pode ser consultado na Biblioteca Alberto Beneviste.

O ALBICASTRENSE

quinta-feira, julho 10, 2025

PARAGENS DE AUTOCARROS DO BAIRRO DO VALONGO

 NOVO MAIL PÚBLICO AO PRESIDENTE LEOPOLDO RODRIGUES

CARO PRESIDENTE 

Recentemente fui abordado por moradora do meu bairro,  sobre a anulação de duas carreira no bairro, assim como da pobreza das paragens dos autocarros. Quanto à anulação de duas carreiras, penso que tem a ver com as férias dos estudantes, contudo, não me parece justo que os moradores do bairro sejam penalizados por isso. 
Quanto às paragens dos autocarros, desafio o nosso presidente a apanhar um autocarro numa dessas paragens.  Recomendo-lhe porém, que no inverno traga um guarda chuva para não ficar que nem um pintainho (pode trazer igualmente, uma cadeira para se sentar enquanto espera pelo autocarro). No verão traga os mesmos utensílios, mas... junte-lhes uma garrafinha de agua para não ficar com uma isolação. 

Como sou um albicastrense despachado, envio deste logo um projeto  elaborado pela dupla; “Bigodes & Companhia”, para as futuras paragens de autocarros do bairro do Valongo. Deste já, o meu bem-haja pela  resolução deste assunto. Um Albicastrense que nem sempre lhe bate palmas, mas...  que muito defende a sua terra.


Ps. Peço desculpa pelo projeto da dupla não ter a qualidade dos projetos de Siza Vieira, todavia, eles esmeraram-se muito no projeto.

O ALBICASTRENSE

sexta-feira, julho 04, 2025

FONSECAS DE CASTELO BRANCO - (II)

ALBICASTRENSES DO PASSADO 

Frei  Egídio  da Aposentação

(1539 – 1626)

Nasceu em Castelo Branco no ano de 1539, irmão consanguíneo de Frei Roque do Espírito Santo e irmão germano de Diogo da Fonseca e de Frei Bartolomeu da Fonseca, aparentava-se pelo lado materno com o jesuíta Pedro da Fonseca.
Estudante em Coimbra desde muito novo, e estudante distintíssimo que sendo discípulo competia com os mestres na profundeza com que explicava os textos mais antinómicos, segundo Barbosa de Melo, professou aos dezanove anos de idade no Convento da Graça dos Eremitas de Santo Agostinho, de Lisboa, em 25 Abril de 1558.
Mestre conventual, iria doutorar-se em Teologia, e ocupar as cátedras de Gabriel, a de Escoto e a de Véspera, da faculdade de Teologia. Chegou a obter a mercê da cadeira de prima, por carta de Filipe III, mas pelos seus achaques não veio a reger. As cátedras principais designavam-se, como é sabido, pela nomenclatura das horas canónicas. Somente os Teólogos de grande reputação ascendiam às cadeiras de Prima e de Véspera. Foi doutor em Teologia e substituído na cadeira de Véspera por Frei Pedro Mártir, da Ordem dos Pregadores.
Frei Egídio figura na escola dos afamados teólogos e filósofos da escolástica, desempenou, em diversas ocasiões, o cargo de Vice-Reitor e durante algum tempo o de Reitor da Universidade. Recusou a mitra de Coimbra, oferecida por Filipe III, recusou igualmente o cargo de provincial, para que fora eleito. 
No último período da sua vida ficou cego, suportando com perfeita conformidade o seu infortúnio. Autor de muitas obras publicadas, e de numerosos textos de filosofia, que até hoje não encontrou quem os analisasse em profundidade, o que nos daria a exata e definitiva craveira intelectual de Frei Egídio. Esteve com o seu irmão Frei Roque do Espírito Santo em Alcácer Quibir, a tentar demover o rei D. Sebastião da sua louca aventura, porém sem sucesso. 
Morreu em Coimbra, a 8 de Novembro de 1626, e ali jaz sepultado, entre varões ilustres, na igreja da Graça de Coimbra. 
Muito mais haveria para dizer deste grande albicastrense, no entanto os dados sobre este “homem sábio” são escasso, tornando-se difícil dizer algo mais sobre ele. A Capela do Carneiro ou dos Fonsecas, (hoje atual sacristia da igreja da Graça), como era vulgarmente conhecida, em Castelo Branco, destinou-a o seu edificador Diogo da Fonseca a mausoléu de família, pais, esposa, irmãos e seus descendentes. 
Era ao mesmo tempo, uma homenagem à memória dos insignes irmãos, à consagração do seu valor e de suas glórias terrenas, mas não repousam ali, os restos mortais de Frei Roque e de Frei Egídio, (em tempos terão ali repousado os restos mortais de Diogo da Fonseca, e seus familiares).
O ALBICASTRENSE

LARGO DO ESPÍRITO SANTO

                                        UM LARGO AGORA MAIS BONITINHO 😃 😂 😁 😀 😄 Após muitos anos de marasmo,  a casa que pode ser vis...