ACTA CAMARÁRIA DE 20 DE NOVEMBRO DE 1791
Nesta Vereação a que foram convocados a Nobreza e Povo dos lugares de Alcains e Louza para responderem a hum requerimento que os Procuradores dos referidos Lugares fizeram a Sua Magestade para que lhes concedesse o levantarem o dinheiro que se achava com que tinhão concorrido para as Pontes dos Rios ocreza e Alvito e sendo lido aos mesmos o referido requerimento disserão que elles convinhão nelle pella necessidade que tinhão os da Louza de dinheyro para continuar a obra da Torre da Igreja que ha pouco se tinha rematado, e os de Alcains para acabarem a obra de Sàchistia da sua Igreja, e de como assim o disseram assignarão”.
António Rodrigues Cardoso: e lá aparecem as assinaturas; que são quinze da Lousa, das quais seis são de cruz, e apenas três de Alcains. Parecia, pois, que ocaso estava arrumado, que o pedido estava deferido e que o dinheiro lá ia para a torre da igreja da Lousa e para a sacristia da igreja de Alcains. Não aconteceu, porém assim.
Depois das assinaturas da “Nobreza e Povo”, acta continua e reza assim:
“Continuando esta Vereação respondem os oficiais da Camara que visto a grande necessidade em que esta Cidade e sua Comarca de achava das Pontes para que se acha depozitado o dinheiro que pretendem levantar os Procuradores dos Lugares da Alcains e Louza considerando tãobem que as obras particulares e veluntarias que aquelles pretendem fazer não devem nunca prevalecer ás obras publicas e de tanta nescessidade como as ponderadas, não covinhão no seu requerimento muito principalmente por se não achar obra das Pontes prohibida mas somente sustada e pella dificuldade e demora que ha de have r em se tornarem a fintar os Povos quando Sua Magestade mande continuara a referida obra”.
António Rodrigues Cardoso: estava de há muito resolvido construir as pontes da Ocreza e do Alvito. Tinha-se juntado para elas o dinheiro necessário por meio de uma finta que abrangeu todos os povos da cidade e seu termo, tinham sido arrematadas as respetivas obras.
Mas o governo tinha mandado que se não levassem por diante até segunda ordem. Os motivos são fáceis de adivinhar: tinha-se andado em guerra com os espanhóis, os ares estavam turvos e não era por isso conveniente que com as pontes se facilitasse a passagem de tropas estrangeiras por esse Portugal além.
Mas o facto de estarem então proibidos os trabalhos não queria dizer que eles não se fizessem, logo que a situação melhorasse; por isso, desde que se tinha juntado o dinheiro para as pontes, tivessem santa paciência os Procuradores do Povo de Alcains e Lousa, deixassem-no estar onde estava, bem guardado, bem acautelado, e fizessem lá a torre e a sacristia como pudessem. Eram obras “particulares e voluntarias”, não deviam “prevalecer às publicas”.
Mas o facto de estarem então proibidos os trabalhos não queria dizer que eles não se fizessem, logo que a situação melhorasse; por isso, desde que se tinha juntado o dinheiro para as pontes, tivessem santa paciência os Procuradores do Povo de Alcains e Lousa, deixassem-no estar onde estava, bem guardado, bem acautelado, e fizessem lá a torre e a sacristia como pudessem. Eram obras “particulares e voluntarias”, não deviam “prevalecer às publicas”.
Texto retirado em; “Efemérides Municipais”, da autoria de António Rodrigues Cardoso. O que acabou de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O ALBICASTRENSE
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