Em 1514 o Rei D. Manuel I instituiu a Misericórdia de Castelo Branco,
cuja instalação foi feita numas casas anexas à Igreja da Rainha Santa. Pretendendo aquele monarca saber com o que poderia contar para a
fundação da Misericórdia dirigiu de Almeirim ao ouvidor do Mestrado da Ordem de
Cristo a seguinte carta:
“Ouvidor! Nós, El-Rei, vos enviamos muito saudar. Nós somos informados
como pela pobreza e pouca esmola da confraria da Misericórdia de Castelo Branco
a dita confraria não andava ordenada como cumpria ao serviço de Deus e bem da
vila havia três confrarias de Santo André, da Santo Logo e outra de S. João que
tinham muitos bens de que se mantinha um Hospital e diziam certas Missas e que,
alem disse, sobejava renda e desse sobejo se podia prover e reparar a dita
confraria da Misericórdia.
E porque queremos saber como isto está, se é assim
como nos disseram e se alem das despesas ordenadas sobeja alguma renda, vos
mandamos que vades à dita vila e nos informeis de tudo bem declarado para
provermos a isso como bem nos parecer.
Escrita em Almeirim a 16 de Fevereiro de
1514.
Gaspar Roiz a fez”.
“Juízes, Vereadores, Provedor, Oficias e Homens Boa da Nossa Vila
de Castelo Branco: Eu, El Rei, vos
enviamos, muito saudar. Nós vos
temos escrito quando prazer e serviço receberíamos nessa Vila se ordenasse e
fizesse a confraria da Misericórdia como em outros lugares principais dos
nossos Reinos se faz.
E posto que tenhamos sabido que vós o vareis assim e com
toda a boa vontade, pois que com ela se faz tanto serviço a Deus, todavia vos quisemos
escrever e fazer lembrança quanto obrigação temos a cumprir as obras de
Misericórdia que em especial nos são tão recomendadas por Nosso Senhor e que
tanto serviço de Deus quanto nela se fará a Ele e a Nós nenhuma pessoa s deve
escusar de nela entrar e servir o tempo que for eleito e ordenado por
principal e honrado que seja, porque por esses que sabem e podem de há-de ela
ordenar e servir como em todos os lugares dos nossos Reinos se faz.
E portanto
vos recomendamos muito a quase todos e a cada um em especial que, olhando
quando todos somos obrigados ao serviço de Deus, folguemos todos de entrar na
dita confraria e a servir e ordenar e quanto mais honrado tanto com melhor
vontade o deve fazer e não se querer escusar quando for eleito e ordenado porque
se assim o fizer recebemos nisso muito desprazer e desse serviço".
Foi o rei informado de que a população de Castelo Branco se propunha
organizar a confraria da Misericórdia, pois decorridos seis meses foi recebida
na vila a seguinte mensagem:
Escrito em
Lisboa a 19 de Agosto de 1514.
André Pires a fez.”
O ALBICASTRENSE
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