A certificação do bordado de Castelo Branco tem sido motivo de notícia nos jornais da nossa cidade nos últimos tempos. A ideia do certificado não é nova, pois a mesma já se arrasta á alguns anos, porém a ideia que me fica depois de ver na RTP uma reportagem sobre o assunto, e ler nos jornais locais as notícias sobre esta iniciativa é de que todos os problemas dos bordados de Castelo Branco serão resolvidos com o tão proclamado certificado.
Como não acredito em certificados milagrosos, das duas uma: ou eu estou cego e ainda não vi a importância de tal certificado; ou então a história está a passar-me completamente ao lado.
Vamos por partes, se for uma questão de cegueira da minha parte o problema resolve-se facilmente com uma visita ao oftalmologista, porém se a história me estiver a passar ao lado gostaria de aqui colocar algumas questões aos responsáveis por todo o trabalho realizado até ao momento e poder compreender o que se está a passar.
Primeira questão:
1- Como devem saber em 1976, graças aos esforços do então director Dr. António Forte Salvado e de outras pessoas que ali trabalhavam, foi criada no Museu Tavares Proença a Oficina – Escola de bordados de Castelo Branco, cujo os objectivos eram, (e penso que continuam a ser), a produção, conservação, restauro e divulgação dos bordados, competindo ainda ao Museu o estudo e aperfeiçoamento das técnicas e da arte dos bordados.
2- A referida oficina-escola de bordados tinha quando da sua fundação em 1976, 22 ou 23 bordadoras. Hoje por motivo de reforma da maioria das bordadeiras, e de estupidez politica de alguns, o número está reduzido a cinco, tendo quatro delas mais de cinquenta anos, e uma mais de quarenta.
A primeira pergunta a fazer no seguimento do que atrás foi dito é necessariamente a seguinte.
Como é que a certificação do bordado de Castelo Branco o vai proteger? Quando a única entidade que o faz com credibilidade, a oficina-escola de bordados do Museu Tavares Proença Júnior deste 1976, está neste momento numa situação de morte anunciada?
Segunda questão:
Como devem saber a aprendizagem e formação das bordadoras não é tarefa fácil, recentemente ouvi na televisão uma das bordadoras do Museu afirmar.”Que trinta anos após ter começado a bordar ainda hoje está a aprender”.
1- Sabiam que neste momento estão a decorrer em Castelo Branco vários cursos de bordados de Castelo Branco, (um e decorrer na Junta da Freguesia, outro na associação do Valongo, estando ainda a decorrer um terceiro na sala da Nora do Cine–Teatro), podendo ainda existir mais algum que eu desconheço? Sabem qual é a media de idades das senhoras que frequentam esses cursos? Cerca de cinquenta anos de idade! Serão estas senhoras as futuras bordadeiras da oficina – escola do Museu?
A segunda pergunta como não podia deixar de ser, é necessariamente a seguinte.
a) Como é que o certificado vai proteger o bordado, quando a única entidade que teria credibilidade para fazer formação com qualidade (o Museu Francisco Tavares Proença) está completamente fora da formação feita no sector? Como vamos sensibilizar as jovens da nossa cidade e frequentarem cursos de qualidade de bordados, de Castelo Branco, quando as entidades que os fazem actualmente não estão minimamente vocacionadas para esse fim?
Muito mais poderia ser dito sobre o assunto, porém gostaria de terminar por hoje dizendo o seguinte: a continuidade e defesa dos bordados da nossa terra terá que passar sempre pela Oficina -Escola de Bordados do Museu Francisco Tavares Proença, e quem pensar que a certificação do bordado, e uns pôs de perlimpimpins, e mais algum investimento privado são a solução do problema está completamente fora da realidade.
O Albicastrense
Verissimo, para mim há uma pergunta que suplanta todas as outras. Quem é que vai certificar o bordado de Castelo Branco?
ResponderEliminarPor certo que vai haver muito gato por lebre e muito xico esperto à espreita.
Caro Veríssimo
ResponderEliminarParece-me que existe ainda outra questão.
Tendo eu 30 anos e morando em Almada, fascinada por essa arte que se perde, desloquei-me à vossa bela cidade, com o intuito de aprender mais sobre os tão famosos bordados de Castelo Branco. Tenho a dizer-lhe que todas as pessoas que interpelei acerca de como se fazem estes bordados (quais as técnicas, que tipo de tecido e linhas se utilizam) se fecharam o mais possível, tendo uma senhora até respondido que eu não tinha nada que querer saber porque os bordados eram segredo da cidade. Espero que não guardem o segredo tão bem que este venha a morrer com as senhoras bordadeiras. Portanto a questão que coloco é a seguinte: "Estará alguém verdadeiramente interessado em divulgar esta arte?"
Cara senhora,não quero que so bordados morram mas sim que continuem, não é a interpelar as pessoas que se aprende, os cursos servem para algo,desde já lhe digo que esta arte não vai morrer.
ResponderEliminarCara Amiga am,
ResponderEliminarAntes de mais o meu Bem-haja pela sua questão.
Aquilo que diz é absolutamente verdade e vou dizer-lhe mais, eu próprio já assisti a situações idênticas àquelas que descreve, sabe é tudo uma questão de mentalidades que é preciso alterar urgentemente.
Quanto á sua questão:
"Estará alguém verdadeiramente interessado em divulgar esta arte?"
Não vou ser injusto com a boa vontade de algumas pessoas e dizer que ninguém está verdadeiramente interessado na divulgação dos bordados. Porém aquilo que está a ser feito não é o mais importante de momento e arrasta-se á demasiado tempo.
O mais importante de momento seria sem dúvida alguma a formação de jovens bordadeiras na oficina escola de bordados Museu, reforçando desta maneira o seu papel principal na defesa e divulgação dos bordados de Castelo Branco.
Qualquer informação ou esclarecimento que queira sobre os bordados, deve dirigir-se ao Museu de Castelo Branco, onde tenho a certeza que será bem recebida.
Grata pela resposta.
ResponderEliminarNuma próxima oportunidade, assim farei. Dirigir-me-ei ao Museu para mais informações.
Ola tio que giro ter encontrado a tua pagina est gira.
ResponderEliminarmanda noticias eu vou darte a proxima o site de foto do jean- françois.
beijos a todos.
lidia , jean-francois,xavier,emilia
LIDIA
ResponderEliminarSó hoje reparei na tua mensagem, gostei de saber que a família está bem.
Por aqui está tudo bem, fico á espera do site de foto de jean-François
O teu pai vai dando noticias vossas. Beijos da toda a família
http://homepage.hispeed.ch/Photographie
ResponderEliminarhttp://jifo.bookfoto.com
pasword sally.
passa-me a teu @.Kiss a todos.
Familia Obert-Bispo
Muito gostam as pessoas de falar de temas que desconhecem...
ResponderEliminarAlguém sabe que já foi criada a lei 16/2006 para a certificação do Bordado de Castelo Branco? Alguém? E alguém sabe que se estão a criar todos os procedimentos técnicas para a reconversão da actividade? Vale a pena pensar nisso e não dizer coisas absurdas.
Anónimo...
EU DESDE OS MEUS 8 ANOS DE IDADE AOS 26 SEMPRE MOREI EM CASTELO BRANCO E A MINHA MAE AINDA AI MORA.
ResponderEliminarPOIS CANSIDERO-ME UM POUCO ALBICASTRENCE E ANDEI NUM CURSO DE BORDADOS DE CASTELO BRANCO NA ASSOCIACAO DAS PALMEIRAS NO ANO 2000/2001 COM A PROMESSA DE QUE SERIA QUALIFICADA COMO BORDADEIRA DOS BORDADOS, MAS TAL NAO ACONTECEU POR MUITA PENA MINHA. TENDO ENCONTRADO VARIAS PESSOAS QUE ME ENCENTIVARAM A IR A OFICINA DO MUSEU PARA TENTAR APRENDER LA E CONSSEGUIR A MINHA QUALIFICACAO, O QUAL NOA RESULTOU EM NADA POIS ERA NOVA DEMAIS PARA ESTAR FECHADA UM DIA INTEIRO COM TECIDOS E LINHAS.
HOJE MORO EM FRANCA MAS MESMO ASSIM CONTINUO A FAZER OS BORDADOS DE CASTELO BRANCO PARA AMIGOS E FAMILIARES E AS PESSOAS QUE CONHECO TENTO EXPLICAR UM POUCO A HISTORIA MAGNIFICA E SIMBOLICA DESTES BORDADOS.
SO TENHO PENA QUE NAO HAJA JOVENS PARA APRENDEREM, POIS DURANTE O TEMPO EM QUE ESTIVE A APRENDER A FAZER ESTES BORDADOS EU ERA CONSIDERADA COMO UMA MENINA NO MEIO DE SENHORAS.
POIS GOSTARIA MUITO DE SABER COMO SERA POSSIVEL PARA MIM SER CONSIDERADA COMO BORDADEIRA QUALIFICADA, VISTO QUE MORO LONGE.
"lei 16/2006 para a certificação do Bordado de Castelo Branco"
ResponderEliminarO habito de criar algum tipo de regulamentação para serenar polemicas é em si mesmo, no minimo medieval!
Já por volta de 20011 tentei de todas as formas que me foram possíveis, aceder ao dito caderno de especificações que foi gerado e que se encontrava aprovado e editado na data que menciono.
Até hoje, é uma espécie de segredo elitista. Quem quiser seber das especificaçoes de qualquer bordado tipico portugues encontra facilmente o seu download em pdf, já o Boerdado de Castelo Branco...
Em bordo desde pequena, e sou bordadeira certificada do bordado em questão, à altura da certificação o caderno de especificações,estava a ser elaborado.
Só consultando o certificado profissional, poderei afirmar com certeza que a data da lei de 2006 coincide com a data da minha formação técnica na tipologia deste bordado, contudo se não for coincidente, não andará muito longe.
Um dos pressupostos da formação foi dotar as formandos de competências e meios técnicos de se habilitarem a criação de uma ocupação e de uma renda extra; Parece me que até hoje as mais valias recaíram sobre tudo sobre os centros de , formação e\ou entidades formadoras que propriamente sobre o público em geral, e que estas ações se destinam mais a educar gostos, que com a preservação do patrimônio e com a a criação de renda a partir do próprio domicilio.
Contudo continuo à espera do "caderno", e entretanto certifiquei competências pedagógicas, e frequento uma licenciatura em Ciências da Cultura, continuo cheia de vontade de ensinar pessoas de todas as idades e de com elas mais aprender, num processo no qual seria o Bordado de Castelo Branco quem mais pode lucrar.
Eu bordo como vou aprendendo, como aprendemos da historia, da observação do que chegou até nós... mas as especificações existem e permitem a execução de um produto com certificação cultural... Só não é para todos, não é democratico!
Lilianaalmeidapires@hotmail.com