quarta-feira, novembro 25, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - LXII

MONUMENTOS DE CASTELO BRANCO
" DOMUS MUNICIPALIS "
No antigo rossio da cidade, hoje denominado Praça de Camões e que é igualmente conhecido pela designação de Praça Velha, está situado um edifício notável, pela sua magnifica frontaria, de uma concepção magistral, onde se ostenta como principal elemento decorativo, uma bem lançada escadaria cujas guardas, de barras de ferro, são apoiadas em graciosas e espaçadas balaústres de cantaria de granito, (esta afirmação refere-se a 1951). Esta escadaria que, a julgar pela identidade das sua guardas e balaústres, deve ter servido de modelo ás existentes no magnifico jardim do antigo Paço Episcopal, dá acesso a um amplo terraço sustentado por uma elegante arcádia. Neste edifício estiveram instalados os serviços municipais o tribunal e a cadeia comarcã até ao limiar do século XXC. Sobre uma plataforma constituída por dois degraus quadrados erguia-se outra, no mesmo rossio, um pelourinho de granito de fuste cilíndrico e cujo capitel era ornamentado com simplicidade bem como o remate superior. Este velho símbolo de autonomia municipal foi demolido no último quartel do século XX para permitir a construção de casas particulares e a regularização da praça: não subsistiu por muito tempo à demolição sistemática das antigas fortificações medievais, empreendida no segundo quartel do mesmo século. Nos séculos XIII e XIV os Paços do Concelho da antiga vila de Castelo Branco estiveram nas dependências do castelo e no século XVI tiveram a sua sede na rua Nova. O edifício construído na Praça Velha, para a instalação dos serviços municipais e judiciais, data do século XVI. A atestar este facto, apresenta a sua bela fachada uma esfera armilar e as armas nacionais da época do Rei D. Manuel I esculpidas no granito regional. Ao lado dos dois emblemas do Rei Venturoso foi colocada na frontaria, no século XVII, uma lapide com uma inscrição composta por Frei António das Chagas e cuja tradução á a seguinte.
” À eternidade sagrada da Imaculada Conceição de Maria – D. João IV, Rei de Portugal, juntamente com as Cortes se votou tributário por si e pelos seus reinos com um censo anual e jurou defender perpetuamente a Imaculada Conceição da Mãe de Deus eleita para protectora do seu reino. Como lembrança da piedade lusitana ordenou que isto se exarasse nesta lápide viva, para eterna memoria. Ano de Cristo de 1646 e 6 do seu reinado.”
O censo anual votado foi de 50 cruzados ouro. Existem na cidade mais duas lápides iguais, à que está na fachada principal dos antigos Paços do Concelho. Essas lápides estavam colocadas nas muralhas que cingiam a povoação e estão actualmente incrustadas no reboco das paredes dos locais onde existiram a Porta da Vila (no extremo Norte da Rua dos Ferreiros) e a Porta do Espírito Santo (na entrada da Rua de Santa Maria).
(Continua)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época. Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951. Autor; Manuel Tavares dos Santos.
O Albicastrense

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