A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro
de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A
Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção
do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo
trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e
muitas vezes).
O texto está
escrito, tal como foi publicado.
Os comentários
do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
Na sessão de 14 de Setembro houve coisa de vulto, como vai
ver-se. Ora façam favor de ler:
“Nesta determinarão que atendendo a queixa que fez o
Procurador do Conselho José Vaz da Cunha de que não tinha dinheiro Metálico
para poder fazer as despezas ordenarias de pequena quantia pertencentes ao
mesmo concelho sem que se trocassem, apólices
pella muita abundancia dellas que havia pelas terem entregues as partes
que pagão quantias grandes das Arremataçoins das suas Ervagens, e mais rendas
do mesmo concelho. Determinarão que se rebatessem cem mil reis das mesmas
Apólices reduzindo-se a dinheiro Metálico, de que o mesmo Procurador só
Concelho passara atestação ao Escrivam deste senado da quantia do rebate para
este o lançar em Despeza, e logo que finde a referida quantia o mesmo
Procurador do Conselho dará para se dar nova licença com forme a necessidade,
declarão que as quantias grandes se pagarão pelas partes metade em metal e
metade em papel moeda, e na saída se não pode acomodar o papel nas despezas
miúdas”.
Havia papel moeda à farta. Metal sonante é que havia pouco e por isso, era preciso arranjar as coisas para que quem tivesse de pagar
quantias de certo vulto pusesse para ali metade em bom metal sonante.
A avaliar pela repugnância que havia em aceitar as notas do
Banco pelas alturas da ultima década do século passado, deviam ser uma tragédia as transacções, um século antes, com o recurso ao papel moeda. Metal sonante
quem o apanhasse havia de querer guardá-lo bem guardado.
No dia 23 de Outubro, tornam a reunir-se, e então o caso é
sério. Façam o favor de inteirar-se do que então se passou.
“Nesta Acordaram que visto não haver dinheiro nesta
Camara, e a presizão de se comporem as cavalharices para as campanhas de Legião
que estão chegando se tirasse do Depozito do Dinheiro de Monforte ou de outro
onde o houvesse a quantia de Duzentos mil réis e nomearão para Expetor das
obras que houverem de se fazer para o aquartelamento da Legião de Tropas, e
para comunicar a este Senado as pressizoins tanto de viveres como de tudo o
mais a João Cardozo Frazão Taborda Escrivam da Camara desta cidade para cujo
fim se passarão os mandados para que o depositário de Monforte em tregue ao
dito nomeado as quantias que lhe forem pedidas pelos mandados assignados por
esta Camara, e com o recibo do mesmo Inspetor lhe deverão ser abonadas, cuja
quantia de duzentos mil réis he a titello de emprestimo athe que Sua Alteza
mande pagar ou devendo ser a custa do concelho reparte por todos os do têrmo e
o desta cidade e se enteire o mesmo Depozito a que se tirar”.
Era preciso dinheiro, ia-se buscar onde o houvesse e depois
se pagaria. Se Sua Alteza mandasse pagar, ficava o caso arrumado, se tivesse de
ser pado pelo concelho, repartia-se por todos, porque onde todos pagam nada é
caro.
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides
Municipais”:
o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense
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