quinta-feira, novembro 12, 2015

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - CIII

A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
Na sessão de 14 de Setembro houve coisa de vulto, como vai ver-se. Ora façam favor de ler:
Nesta determinarão que atendendo a queixa que fez o Procurador do Conselho José Vaz da Cunha de que não tinha dinheiro Metálico para poder fazer as despezas ordenarias de pequena quantia pertencentes ao mesmo concelho sem que se trocassem, apólices  pella muita abundancia dellas que havia pelas terem entregues as partes que pagão quantias grandes das Arremataçoins das suas Ervagens, e mais rendas do mesmo concelho. Determinarão que se rebatessem cem mil reis das mesmas Apólices reduzindo-se a dinheiro Metálico, de que o mesmo Procurador só Concelho passara atestação ao Escrivam deste senado da quantia do rebate para este o lançar em Despeza, e logo que finde a referida quantia o mesmo Procurador do Conselho dará para se dar nova licença com forme a necessidade, declarão que as quantias grandes se pagarão pelas partes metade em metal e metade em papel moeda, e na saída se não pode acomodar o papel nas despezas miúdas”.
Havia papel moeda à farta. Metal sonante é que havia pouco e por isso, era preciso arranjar as coisas para que quem tivesse de pagar quantias de certo vulto pusesse para ali metade em bom metal sonante.
A avaliar pela repugnância que havia em aceitar as notas do Banco pelas alturas da ultima década do século passado, deviam ser uma tragédia as transacções, um século antes, com o recurso ao papel moeda. Metal sonante quem o apanhasse havia de querer guardá-lo bem guardado.

No dia 23 de Outubro, tornam a reunir-se, e então o caso é sério. Façam o favor de inteirar-se do que então se passou.
Nesta Acordaram que visto não haver dinheiro nesta Camara, e a presizão de se comporem as cavalharices para as campanhas de Legião que estão chegando se tirasse do Depozito do Dinheiro de Monforte ou de outro onde o houvesse a quantia de Duzentos mil réis e nomearão para Expetor das obras que houverem de se fazer para o aquartelamento da Legião de Tropas, e para comunicar a este Senado as pressizoins tanto de viveres como de tudo o mais a João Cardozo Frazão Taborda Escrivam da Camara desta cidade para cujo fim se passarão os mandados para que o depositário de Monforte em tregue ao dito nomeado as quantias que lhe forem pedidas pelos mandados assignados por esta Camara, e com o recibo do mesmo Inspetor lhe deverão ser abonadas, cuja quantia de duzentos mil réis he a titello de emprestimo athe que Sua Alteza mande pagar ou devendo ser a custa do concelho reparte por todos os do têrmo e o desta cidade e se enteire o mesmo Depozito a que se tirar”.
Era preciso dinheiro, ia-se buscar onde o houvesse e depois se pagaria. Se Sua Alteza mandasse pagar, ficava o caso arrumado, se tivesse de ser pado pelo concelho, repartia-se por todos, porque onde todos pagam nada é caro.

PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais”: o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
                                                 O Albicastrense

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