domingo, agosto 27, 2017

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – CXXI


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”, transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

(Continuação)
Vem agora a sessão de 1 de Janeiro de 1807.
Foram nomeadas as justiças do termo, como era da praxe, e acabou-se a sessão.

Depois de 1 de Janeiro de 1807 os vereadores só tomaram a reunir-se em sessão no dia 28 do mesmo mês. A sessão que nesse dia se realizou achamo-la interessante e por isso ponde de parte o introito, que é sempre e o mesmo, transcrevemos na íntegra ata.

Ora façam o favor de ler:
“Por ele Juiz Presidente foi proposto que a importante cultura das Amoreiras tem merecido as atenções dos nossos Augustos Soberanos, e com especialidade do Príncipe Regente Nosso Senhor, pelo Alvará de seis de Janeiro de mil outo centos e dous confirmativo da Real Companhia das Fiaçoens e Torcidos das sedas, os quias nas respetivas Leis agrarias tem feito este objeto dos cuidados, e vigilância das Camaras pelo que representa que é do dever desta fazer acórdãos, e Posturas que facilitem, e promova este de industria e portante lhe parecia.
Que visto o esquecimento e descuido em que se tem posto a Derrama que por esta Camara se fez para os Cultivadores das Fazendas desta Cidade e Termo plantarem Amoreiras se ponha a mesma em indefectiva observatório debaixo de penas impostas a arbitro pertente segundo a negligencia e malicia em que foram compreendidos os ditos cultivadores e quando alguns deles as não tenham para plantar as devem pedir aos inspetores que gradualmente lhas deveram fornecer.
Que se deveram assinar e Demarcar terras dos Baldios, sem prejuízo dos Logradouros para o plantio e viveiro das ditas Amoreiras, e lembra o sitio do tangue da Graça, e da Deveza para serem bordados com elas com o necessário resguardo e para viveiro o sitio do Calvário junto a cerca dos Padres de Santo António cujas terras ficarão vedadas e coutadas para outro qualquer contrario uso que lhe possa ser prejudicial e nocivo.
Que toda a pessoa que quebra pé ou cortam alguma das ditas Amoreiras, ou danificam o viveiro delas fosse condenado em dous mil reis porem se o dano for tal que as mesmas não possam vir a proceder e corroborar-se ou se ficarem de todo secas ou forem arrancadas seriam condenados em quatro mil reis e a plantarem e a formar outras tudo de baixo de vigilância e arbítrio dos inspetores.
Que sendo gado que fizer o dano será o dono encoimado, e condenado nas ditas penas de dous e quatro mil reis e plantar e formar outras segundo o prejuízo e dano que fizer e se seguir tudo na forma da Postura terceira já referida cujas penas serão todas aplicadas para as Despesas do plantio e viveiro e a sua promoção, assunto das coimas e vigilâncias deve principalmente competir aos Inspetores que o poderão fazer e requerer perante o juiz competente guardando em tudo o ser regimento e formalidades legais.

E logo pelos ditos vereadores foi acordado, e assentado que vista a necessidade, e utilidade que exige, e resulta do objecto proposto se guardeasse o mesmo em todos os seus capítulos intimamente enquanto com audiência e conselho dos Povos e das pessoas da Governança se não deliberar definitivamente, e tão bem para se demarcar nos lugares do termo as terras Baldias para o plantio, e viveiro e que as Posturas já referidas, e acórdãos se intimasse aos Inspetores para ficarem na sua inteligência e devida execução cada hum pela parte que lhe respeita, e recomendam aos mesmos principalmente o cuidado dos viveiros por ter mostrado e experiência que o plantio de estacas hê de pouca substancia, procedimento neste pais, que só de raiz as Amoreiras são melhores.
E assentaram mais que facultavam ao Inspetor desta cidade os paus que se acham no referido sítio do Tanque e que já não servem para encosto, e guia das Arvores que ali se plantaram para servirem para o mesmo respeito das Amoreiras”.

Façam favor de reparar na importância que então se atribuía á cultura da amoreira e, por conseguinte, à criação dos bichos-da-seda. 
A seda que então se produzia era matéria-prima de uma indústria que deu brado, mas que por complete se perdeu; a das famosas colchas de Castelo Branco, que foram um motivo de admiração e de pasmo para os nacionais e estrangeiros que vieram á nossa terra por ocasião da inauguração do caminho-de-ferro da Beira Baixa e as viram às centenas a ornamentar a sala onde jantaram no dia 5 de Setembro e almoçaram no dia 6 o Rei D. Carlos e a Rainha Senhora D. Amélia.
Tudo isso se foi, incluindo as amoreiras.
(Continua)
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais
O que acabaram de ler é uma transcrição do que foi publicado na época.
O Albicastrense

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