domingo, outubro 16, 2022

O AMOR E A MORTE... NOS ANTIGOS REGISTOS PAROQUIAIS ALBICASTRENSES – (16)


Por Manuel da Silva Castelo Branco

XIII - QUANDO A GUERRA BATE À PORTA. 
I PARTE - AS LUTAS DA RESTAURAÇÃO  
 E A INVASÃO FRANCESA.
(Continuação)
Assento 23
- Frei António Estaço, capitão de cavalos e cavaleiro da nossa Ordem, faleceu em o mesmo dia que a sua mãe (a 17.11.1663) e está enterrado em túmulo dos leões.
Assento 24 
- Aos 16 de Maio de 1666, morreram no choque que houve em Ferreira Diogo Pires, do Cebolal; Gaspar Mendes, da 1666, morreram no choque que houve em Ferreira Diogo Pires, do Cebolal; Gaspar Mendes, da Benquerença de Baixo e Francisco de Oliveira, dos Maxiais/ Barroso.
Assento 25
- Pelo Mestre de Campo Estevão Pais da Costa, que morreu na ocasião em que se arrasou a Sarça, se tem satisfeito com todo o cumprimento da Alma, que ele deixou em seu testamento / Barroso ( Maio, 1666).
Assento 26
- David Horsecraff, soldado do Regimento 32 de EI-Rei da Grã-Bretanha, faleceu com o sacramento da extrema-unção (por mostrar ser Católico Romano) no Hospital desta cidade, em os 15 de Novembro de 1808. Foi sepultado no adro desta igreja, de que fiz este termo que assinei.
O Vig° Manuel Martins Pelejão.
Assento 27
- Cristiano Bergmann, sargento do 5° Batalhão Alemão, faleceu em os 17 de Julho de 1809 e foi sepultado no adro desta igreja, de que fiz este termo que assinei.
 O Vig° Manuel Martins Pelejão.
Assento 28
- Inácio da Silva Delgado, alferes do 1 ° Batalhão da Leal Legião Lusitana, faleceu com todos os sacramentos e sem testamento em o 1° de Outubro de 1809. Foi sepultado no adro desta igreja, de que fiz este termo que assinei. 
O Vig° Manuel Martins Pelejão.
Assento 29
- José Lopes, soldado espanhol da 4ª Companhia do Batalhão de Mérida, faleceu com todos os sacramentos e sem testamento em os 9 de Outubro de 1809. Foi sepultado no adro, de que fiz este termo que assinei.
O Vig° Manuel Martins Pelejão.
Comentário.
As guerras em que o país se envolveu «bateram» quase sempre às portas da urbe albicastrense, nela deixando indeléveis marcas de destruição e morte, como podemos constatar através dos registos apresentados e relativos às lutas da Restauração (os três primeiros) e à invasão francesa (os restantes).
No 1° caso, eles confirmam que no território correspondente actualmente ao da província da Beira Baixa a guerra desenrolou-se por largo período quer em acções de saque e retaliação como pelo assalto às fortalezas e povoações mais próximas da fronteira... Quanto à entrada dos franceses em Castelo Branco e aos sucessos que ali tiveram lugar, foram objecto de narrativas coevas já publicadas pelo que nos abstemos de qualquer comentário sobre o assunto.
Frei António Estaço da Costa, que morreu dos ferimentos sofridos na guerra em 17.11.1663 (Assento 23), foi baptizado na igreja de Santa Maria a 1.2.1618, sendo filho de Manuel Oliveira de Vasconcelos e D.Helena da Costa de Lemos. Ainda jovem tomou parte nas lutas da Restauração, sendo-lhe concedida a patente de capitão dos Auxiliares da comarca de Castelo Branco, em 27.9.1647. Prestou assinalados serviços não só na dita vila como nos mais diversos lugares e ocasiões: na entrada da vila de Ferreira e socorro a Salvaterra do Extremo, Penamacor e à província do Alentejo; na queima dos lugares de Pedras Alvas e Estorninhos, Fuente Guinaldo, Perosi e Penhaparda; na peleja que se travou com o inimigo em Alcântara e assistência ao forte da Zebreira; na presa de gados em terras de Castela, entrada do campo de Cória e recontro de Penha Garcia, em que foi ferido. Por tudo isto, teve a mercê de cavaleiro da Ordem de Cristo com 40000 réis de tença, em 29.5.1655.
Estevão Pais Estaço (ou da Costa), primo-irmão do anterior e a quem se refere o Assento 25, foi baptizado a 10.3.1611 na igreja de Santa Maria, sendo filho de António Pais e D. Violante Estaço da Costa. Teve uma vida muito acidentada... Assim, matou por adultério a 1ª mulher D. Marta Frazão bem como o amante, o L. do Francisco Rodrigues Barriga, cunhado de seu irmão Diogo Pais da Costa. Portal motivo esteve preso no Limoeiro, onde matou outro homem, tendo sido condenado a pena de degredo para o Brasil. Depois da aclamação de D. João IV tornou ao reino e distinguiu-se como valoroso soldado, ocupando os postos de capitão de infantaria em Elvas, sargento-
-mor dos Auxiliares na Comarca de Avis e, finalmente, Mestre de Campo de um terço que arrasou Sarça, acção em que morreu no mês de Junho de 1665. Casou 2ª vez com D. Amónia de Mendanha de Sande (irmã de Sebastião Caldeira de Mendanha, morto pelos castelhanos em Salvaterra) e, por este casamento, teve a propriedade do oficio de almoxarife e juíz dos Maninhos de Castelo Branco e sua comarca, bem como das vilas do Campo das Idanhas (23.6.1663).
(Continua)
O ALBICASTRENSE

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