(Continuação do número anterior)
Porém Manuel Pereira da Silva Leal, nas Memórias do Bispado da Guarda, refuta do seguinte modo a opinião de Lousada:
“Com grande empenhe procurou Gaspar Alvares de Lousada ilustrar-nos o Bispado de Idanha com o martyrio da ínclita Virgem Santa Wilgeforte, fazendo-a natural da Vila de Castelo Branco, em hum manuscripto que compôs em defesa do Lecionario da Igreja Catedral de Siguença (Espanha), querendo assim como muitos escritores, que aquela vila fosse a antiga Castraleuca.
“Que não he Castelo Branco, mostra bem o Padre Bívar de Btolomeu; se este testefica a Castra Leuca situada nos povos Célticos entre Lisboa e o Promontório Sacro (Cabo de S. Vicente, no Algarve), como he Castra Leuca em tão distantes e diferentes sítios?
George Cardoso, no Agiologio Lusitano e Pinho Leal no Portugal Antigo e Moderno, escreveram que a Santa Virgem Wilgeforte nasceu na cidade de Velcagia (que hoje dizem ser Bolonha). E Alexandre Herculano julga assim a idoneidade de Lousada: “A Reputação de antiquário que Lousada desfrutou entre os seus contemporâneos era mentida. Foram suas invenções embusteiras, aparecendo maravilhosamente a ponta de favorece as patranhas históricas então na moda, que lhe granjearam essa reputação imerecida. Quais eram na verdade os conhecimentos históricos dos Britos, dos Higueiras e doutros impostores, mais de um escritor o tem advertido”.
Embora Porfírio da Silva perfilhasse a opinião de Lousada, é fora de dúvida que a Castra Leuca, como origem da actual cidade de Castelo Branco, não passa de uma lenda ou te uma “patranha histórica” a que aludiu o nosso maior historiador.
(Continua – 2 /103)
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
O Albicastrense
Nao sei se alguem le este comentario mas foi um erro grave que historiadores como Herculano rejeitarem o Lousada. O homem, para quem conhece o seu estilo e o seu trabalho, foi meticuloso e, conforme aquilo que esta escrito no epitaph do seu tumulo, ele foi respeito pelo todos seus contemporaries na europa como quem melhor conhecia as antiguidades de Portugal. Infelizmente, a moda e a ceticismo fazem com que as pessoas deixam de acreditar no primeiro (mais antigo) e juntam-se ao segundo (mais novo, recente) na hipotese errado de que aquilo que e mais recente e mais fiel, que nao e o caso especialmente no que respeito a historia.
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