sábado, setembro 22, 2007

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE - (IX)

Ruas e Praças da Terra Albicastrense

A rua Tavares Francisco Proença Júnior, será certamente uma das muitas ruas da terra albicastrense, que a grande maioria dos albicastrenses não conseguirão localizar num abrir e fechar de olhos.
Curiosamente nasci nesta rua em 1950, ainda ela se chamava, Rua de S. Marcos. Nesse mesmo ano, decidiram os responsáveis autárquicos da terra Albicastrense, mudar o  nome de algumas das ruas da nossa cidade. Entre essas mudanças, conta-se esta rua, que deixou de se chamar de S. Marcos, para se começar a chamar de Francisco Tavares Proença Júnior.
Depois desta minha explicação sobre a mudança do nome, não será difícil saber onde ela fica, todavia vou fazer a pergunta de sempre: 
Sabem onde fica esta rua? 
Aceitem o desafio e escrevam na secção de comentários a sua localização da dita cuja.

QUEM FOI FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR?












 Nasceu a 1 de Junho de 1883, em Lisboa, filho de Francisco de Almeida Tavares de Proença e de Luzia de Judite Galdino.
A 20 de Outubro de 1899, sai de Portugal com destino a Inglaterra onde ingressa no colégio de Arreton Vicarege, na ilha de Wight.
Durante a sua estadia no colégio o jovem Francisco conheceu novas realidades, cresceu física e intelectualmente, tende sido um aluno brilhante.
A 27 de Julho de 1900 deixou Inglaterra com destino a Portugal, fazendo uma paragem por Paris, tendo visitado a Exposição Universal e apreciado o pavilhão de Portugal.
A nove de Agosto chega a Castelo Branco com um aspecto muito debilitado, atribuído por todos ao cansaço da viagem e à má alimentação, faz exames médicos e é-lhe diagnosticado tuberculose. Parte para Davos na a Suíça a fim ser internado no sanatório de Schatzalp, situava-se nos Alpes Suíços. A 30 de Março de 1901 regressa a Portugal, no início do verão instala-se numa das suas casas na Serra da Estrela e aproveita a estadia para conhecer melhor alguns aspectos da região: geografia, hidrologia, etnologia e climatologia, tende inclusivamente preparado um estudo que nunca chegou a ser publicado.
Em Dezembro de 1901 regressa a Davos para novo tratamento e aproveita o tempo para se dedicar à fotografia. A vinte de Marco de 1902 è considerado completamente curado e regressa á serra da estrela, onde permanecera até ao fim do verão desse ano. Em Outubro do mesmo ano ingressa na Faculdade de Direito de Coimbra mais por vontade do seu pai do que por sua própria vontade. 
Durante a estadia em Coimbra surgem as primeiras referências ao seu gosto pelo estudo da arqueologia, tendo sido aqui que a paixão pela arqueologia tomou forma: Começou a frequentar o Museu do Instituto, a convite do Dr. Bernardino Machado, bem como a sua biblioteca, o direito ficou assim relegado para segundo plano. 

Nos fins-de-semana deslocaram varia vezes à quinta da Cortiça propriedade da família, situada perto de Leiria, onde tentava por em pratica os seus conhecimentos de arqueologia. Em Março de 1903 descobre a Anta da Urgueira e registou a topografia das capelas da Senhora de Mercules, de Santa Ana e de São Martinho, neste ano ainda publica vários trabalhos. Em 1905 é convidado a participar no congresso Préhistori que de Franca, em Pèrigueux, onde apresenta duas comunicações. Em 1906 publica vários trabalhões e visita pela primeira vez o museu da Figueira da Foz, nesse mesmo ano escreve ao pai a dizer-lhe que está muito descontente com o curso de direito e que tinha desejo de dar outro rumo à sua vida, o pai proibiu-o de abandonar a Universidade. Em Outubro de deste mesmo ano vai a Lisboa visitar o Museu de Etnologia e conhece o Dr. Leite de Vasconcelos, volta a Coimbra para tentar concluir os seus estudos, porem advocacia não era de facto a sua vocação e perde o seu tempo com os amigos. 
Em 1907 publicou em O Archeologo Português um estudo sobre “ inscrições Romanas de Castelo Branco” e prepara um trabalho para o congresso de Autun, com o título de “Essai d`un inventaire des enceintes portugaises (résume)“, nesse mesmo ano abandona definitivamente Coimbra.
Em 26 de Março enviou 1909 enviou à Câmara Municipal de Castelo Branco uma proposta para a criação de um Museu, a 8 de Abril a Câmara aceitou formalmente a proposta cedendo para o efeito a capela do Convento de Santo António.
Em Junho de 1909 publicou “Anta da Urgueira (Beira Baixa)” e prepara ansiosamente a inauguração do Museu Arqueológico de Castelo Branco.
Em Janeiro de 1910, desloca-se a Lisboa onde se encontra com leite de Vasconcelos, com quem conversa sobre a inauguração do Museu por ele financiado recebendo por doação as peças da sua colecção privada ficando também a seu cargo a direcção a e conservação do espolio.
A 17 de Abril abriu ao público o Museu de Castelo Branco que teve na sua primeira direcção Francisco Tavares Proença Júnior, o conservador Dr. Manuel Pires Bento e o Conservador – Ajudante Sr. Manuel dos Santos.
Nesse mesmo ano fez o lançamento do nº 1 da sua revista a que chamou “ Materiais para o estudo das antiguidades portuguesas”
Ainda nesse ano o pai envolve-se na luta politica pelos ideais Monárquicos, e foi o chefe do Partido progressista no distrito de Castelo Branco, e a 5 de Outubro dá-se a implantação da Republica em Portugal.
Depois da Implantação da Republica em Portugal Francisco Tavares Proença Júnior aderiu à causa Monárquica e sublevou a Beira Baixa contra os Republicanos e juntou-se na Galiza, ao movimento de Paiva Couceiro, não tanto para defender os seus ideais mas sim os do seu pai. Durante aproximadamente dois anos entra em escaramuças contra os republicanos, sendo obrigado a fugir de Portugal.
Em Outubro de 1912 voltaram a evidenciar-se os sinais da do doença respiratória que lhe tinha sido diagnosticada em 1900, parte par Davos e instala-se no hotel Curhaus onde é observado pelo Dr. Spengler, que lhe disse não haver motivos para preocupação, regressa a Paris, onde aluga um pequeno apartamento.

Um mês depois volta a Davos com novos sintomas da doença, em Abril de 1913 escreveu ao Presidente da Republica Francesa, Raymond Poincaré, a dar-lhe conhecimento de um projecto com inovações para um navio de guerra.
Em Maio, não suportando mais o ambiente de Davos, mudou-se para Lousanne e a 8 de Junho remeteu para a Chancelaria Particular do Imperador da Rússia uma carta dando-lhe conhecimento do projecto, anteriormente apresentado ao Presidente Francês. Os Russos pediram mais detalhes ao que respondeu com algumas indicações isentas de pormenores técnicos. Nunca recebeu resposta.
Durante o ano de 1914 deambulou pela Europa, em Agosto de 1915 instalou-se em La Rosiaz, na Suíça, e ali dedicou os seus últimos meses de vida ao estudo fisiologia e da microbiológica, a 24 de Setembro de 1916 morre com 33 anos.
No dia 12 de Outubro a comissão executiva da Câmara Municipal de Castelo Branco aprovou por unanimidade a alteração do nome do museu, para Museu Municipal Tavares Proença Júnior.
A 14 de Outubro realizou-se o seu funeral em Castelo Branco

(PS) - Dados desta pequena biografia foram retirados do livro ”Arqueologia: 
coleções de Francisco Tavares Proença Júnior” de Carlos Fabião.
O Albicastrense

1 comentário:

  1. Anónimo16:24

    Uma vida curta, mas intensa.
    A rua (com ajuda do maporama) é uma transversal da Ave. Gen. Humberto Delgado.Penso que é para esta rua que está virada a capela onde se fazem os velórios em C.Branco.

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