Os Cadernos de Cultura. Medicina na Beira Interior da Pré-história ao Século XXI publicaram em Novembro de 1993,
um interessantíssimo trabalho de Manuel da Silva Castelo Branco sobre os
registos paroquiais da terra albicastrense.
Trabalho que não posso deixar de aqui postar na sua totalidade,
independentemente de já aqui ter postado uma ou outra coisa sobre este tema. O trabalho será publicado em vários postes.
Este é sem qualquer duvida, um trabalho que bem merece ser conhecido e divulgado por todos nós. BOA LEITURA.....
O
AMOR E A MORTE... NOS ANTIGOS REGISTOS PAROQUIAIS ALBICASTRENSES.
Por Manuel da Silva Castelo Branco
Por Manuel da Silva Castelo Branco
Já por várias vezes tive a
oportunidade de enaltecer o extraordinário contributo dos antigos registos
paroquiais na pesquisa e estudo da história local. Esperamos confirmar tal
facto neste trabalho sobre O Amor e a Morte, pela apresentação e análise
sumária de um certo número de assentos (1) de batismo (B), casamento (C) e
óbito (O), extraídos dos respetivos livros existentes no Arquivo Nacional da
Torre do Tombo e respeitantes às freguesias de Santa Maria (S1) e S. Miguel
(S2), de Castelo Branco...
I -
Homenagem a Amato Lusitano e Filipe Montalto
Assento 1- (S1-1M, fl. 13) (2) - Aos16 dias
de Setembro de 1547, eu vigário batizei Aires filho legítimo de Filipe
Rodrigues e Brígida Gomes. Padrinhos: L. do redro Brandão e Simão Gonçalves
anadel e Catarina Fernandes e Isabel Gonçalves. E, por verdade, assinei / Frei
Simão Afonso.
Assento 2 - (Ibid., fl. 97) - Aos seis dias
do mês de Outubro de 1567, batizei Filipe filho legitimo de António Aires e
Catarina Aires. Foram Padrinhos Manuel Viegas e Guiomar Henriques, os quais o
tomaram da pia e, conforme ao Santo Concílio, lhes declarei o parentesco em que
ficavam.
Assento 3 - (Ibid.,
fl.200v) - Aos 13 dias do mês de Junho de 1567, faleceu a mãe de Filipe
Rodrigues mercador. Não fez testamento e jaz enterrada dentro da igreja.
Comprou cova e deram a prenda ao P. Baltazar Gonçalves.
Comentário
Filipe Rodrigues, nomeado no
Assento 1, era irmão do famoso médico albicastrense Dr. João Rodrigue (mais
conhecido por Amato Lusitano) e do L. do Pedro Brandão, que figura também no
mesmo registo como um dos padrinhos de batismo do seu sobrinho Aires Gomes. Este
licenciou-se em leis, foi procurador na terra natal e teve de enfrentar, aliás
como quase toda a sua família de cristãos-novos, o tribunal do Santo Oficio;
uma sua irmã, D. Catarina Aires, casou na igreja de Santa Maria, a 22.4.1563,
com António Aires boticário e cirurgião em Castelo Branco, tendo o casal
numerosa descendência, do qual destacamos o célebre médico Dr. Filipe Rodrigues
(mais conhecido por Filipe Montalto), cujo registo de batismo se traslada no
Assento 2 (3). Amato Lusitano e seu sobrinho-neto Filipe Montalto – Mestres
insignes na luta contra a dor e a morte - os seus nomes não podiam deixar de
encabeçar este trabalho!...
No Assento 3, apresentamos um
registo de óbito inédito: o da mãe de Amato Lusitano, que faleceu em Castelo
Branco a 13.6.1567, cerca de 7 meses antes do filho, vitimado pela peste em
Salónica, a 21.1.1568. O L. do Pedro Brandão (irmão de Amato) frequentou também
a Universidade de Salamanca, onde se formou em leis (30.7.1537), sendo nomeado
procurador da correição de Castelo Branco, por carta régia feita em Lisboa a
13.12.1538 (4). Casou com D. Leonor do Mercado, cristã-nova (filha de Pero da
Cunha, escudeiro-fidalgo da Casa Real e recebedor das sisas de Alfaiates, e de
sua mulher D. Brites do Mercado), da qual houve geração. (5)
(Continua)
O Albicastrense
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