terça-feira, maio 17, 2016

CADERNOS DE CULTURA - "MEDICINA NA BEIRA INTERIOR". (I)

Os Cadernos de Cultura. Medicina na Beira Interior da Pré-história ao Século XXI publicaram em Novembro de 1993, um interessantíssimo trabalho de Manuel da Silva Castelo Branco sobre os registos paroquiais da terra albicastrense.
Trabalho que não posso deixar de aqui postar na sua totalidade, independentemente de já aqui ter postado uma ou outra coisa sobre este tema. O trabalho será publicado em vários postes. 
Este é sem qualquer duvida, um trabalho que bem merece ser conhecido e divulgado por todos nós. BOA LEITURA.....

O AMOR E A MORTE... NOS ANTIGOS REGISTOS PAROQUIAIS ALBICASTRENSES.
Por Manuel da Silva Castelo Branco

Já por várias vezes tive a oportunidade de enaltecer o extraordinário contributo dos antigos registos paroquiais na pesquisa e estudo da história local. Esperamos confirmar tal facto neste trabalho sobre O Amor e a Morte, pela apresentação e análise sumária de um certo número de assentos (1) de batismo (B), casamento (C) e óbito (O), extraídos dos respetivos livros existentes no Arquivo Nacional da Torre do Tombo e respeitantes às freguesias de Santa Maria (S1) e S. Miguel (S2), de Castelo Branco...

I - Homenagem a Amato Lusitano e Filipe Montalto
Assento 1- (S1-1M, fl. 13) (2) - Aos16 dias de Setembro de 1547, eu vigário batizei Aires filho legítimo de Filipe Rodrigues e Brígida Gomes. Padrinhos: L. do redro Brandão e Simão Gonçalves anadel e Catarina Fernandes e Isabel Gonçalves. E, por verdade, assinei / Frei Simão Afonso.
Assento 2 - (Ibid., fl. 97) - Aos seis dias do mês de Outubro de 1567, batizei Filipe filho legitimo de António Aires e Catarina Aires. Foram Padrinhos Manuel Viegas e Guiomar Henriques, os quais o tomaram da pia e, conforme ao Santo Concílio, lhes declarei o parentesco em que ficavam.
Assento 3 - (Ibid., fl.200v) - Aos 13 dias do mês de Junho de 1567, faleceu a mãe de Filipe Rodrigues mercador. Não fez testamento e jaz enterrada dentro da igreja. Comprou cova e deram a prenda ao P. Baltazar Gonçalves.

Comentário
Filipe Rodrigues, nomeado no Assento 1, era irmão do famoso médico albicastrense Dr. João Rodrigue (mais conhecido por Amato Lusitano) e do L. do Pedro Brandão, que figura também no mesmo registo como um dos padrinhos de batismo do seu sobrinho Aires Gomes. Este licenciou-se em leis, foi procurador na terra natal e teve de enfrentar, aliás como quase toda a sua família de cristãos-novos, o tribunal do Santo Oficio; uma sua irmã, D. Catarina Aires, casou na igreja de Santa Maria, a 22.4.1563, com António Aires boticário e cirurgião em Castelo Branco, tendo o casal numerosa descendência, do qual destacamos o célebre médico Dr. Filipe Rodrigues (mais conhecido por Filipe Montalto), cujo registo de batismo se traslada no Assento 2 (3). Amato Lusitano e seu sobrinho-neto Filipe Montalto – Mestres insignes na luta contra a dor e a morte - os seus nomes não podiam deixar de encabeçar este trabalho!...
No Assento 3, apresentamos um registo de óbito inédito: o da mãe de Amato Lusitano, que faleceu em Castelo Branco a 13.6.1567, cerca de 7 meses antes do filho, vitimado pela peste em Salónica, a 21.1.1568. O L. do Pedro Brandão (irmão de Amato) frequentou também a Universidade de Salamanca, onde se formou em leis (30.7.1537), sendo nomeado procurador da correição de Castelo Branco, por carta régia feita em Lisboa a 13.12.1538 (4). Casou com D. Leonor do Mercado, cristã-nova (filha de Pero da Cunha, escudeiro-fidalgo da Casa Real e recebedor das sisas de Alfaiates, e de sua mulher D. Brites do Mercado), da qual houve geração. (5)
(Continua) 
O Albicastrense

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