quinta-feira, dezembro 08, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE – (VIII - Ultimo)

ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
 (Continuação)
O monte onde o Castelo se levanta é natural miradouro da velha urbe e da cidade nova que transbordou para fora das muralhas em alegre casario.
A cidade velha tinha um fáceis específico a imprimir-lhe carácter de agrupamento populacional ordenado em unidade militar.
Pedro Alvito, o do foral, taxou o mínimo de haveres para a incorporação obrigatória dos habitantes de Castelo Branco no corpo de cavalaria municipal.

Lá está no foral: “O proprietário de bens rústicos possuidor de uma junta de bois, dez avelhas e 1 burro, é obrigado a comprar cavalos para servir na cavalaria do concelho”.

Temos o palpite de que a cópia do foral hoje existente, está errada no número das ovelhas exigido para os habitantes de Moncarche serem compelidos a entrar na cavalaria municipal, mas seja como for, a grande maioria estava arregimentada, como ainda hoje se pode fazer certo pelo casario, que se alinha nas ruas estreitas que vão das muralhas à alcáçova, no mesmo ritmo de construção, porta larga para a arrumação do cavalo na loja, e porta estreita para serventia do andar onde se alojavam o cavaleiro e sua família.
Quando o apelido anunciava que o inimigo pisava terra do concelho, ou chegara a hora da arrancada para o fossado, a cavalaria do Moncarche saia dos seus quarteis e ia formar no adro de Santa Maria, alinhando sob o comando de um freire do templo que a ensinara a ser impetuosa no ataque e testaruda no designo de vencer.
 
No século XIII o cerco das muralhas abrangia umas jeiras de terra fugida à urbanização, e só mais tarde nela incorporada, conforme se deduz da toponímia citadina que guarda lembranças da rua dos Chões.
Praça da Palha, ruas dos Lagares e outros. A vida económica do concelho pulsava mesmo na encosta do Castelo, como faz certo a rua do Mercado, que devia em tempos mais recuados acudir pelo chamadouro de rua dos Açougues, onde os homens de fora pagavam a portagem pelas suas transações comerciais:
Compra e venda de panos e animalejos do burro ao cavalo, com passagem pelo mouro forro”, fora o resto, como está no foral.
 O mercado com o tempo deslocou-se para o centro da cidade velha, praça hoje de Luís de Camões, com os seus prolongamentos naturais, rua dos Ferreiros a entestar com a porta da Vila.
 A tendência porém, era fugir para fora de portas, na peugada dos cavaleiros vilãos, já burgueses enriquecidos, que á formigas vieram agrupar-se em volta da igreja de São Miguel, que se tornou freguesia independente de Santa Maria.
 Adentro das muralhas ficaram somente os peões agarrados á concha da sua miséria. O mercado acabou por vir no encalço dos cavaleiros para fora de portas, ali para o largo da Devesa, onde aguarda oportunidade para se mudar para melhor sitio, em ordem a satisfazer as necessidades de uma população  em vias de constante crescimento.

PS. Com este poste, termina a publicação do excelente trabalho de J. Ribeiro Cardoso sobre o castelo e as muralhas da cidade de Castelo Branco. 
O Albicastrense

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