ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
(Continuação)
O monte onde o Castelo
se levanta é natural miradouro da velha urbe e da cidade nova que transbordou
para fora das muralhas em alegre casario.
A cidade velha tinha
um fáceis específico a imprimir-lhe carácter de agrupamento populacional
ordenado em unidade militar.
Pedro Alvito, o do
foral, taxou o mínimo de haveres para a incorporação obrigatória dos habitantes
de Castelo Branco no corpo de cavalaria municipal.
Lá está no foral: “O proprietário
de bens rústicos possuidor de uma junta de bois, dez avelhas e 1 burro, é
obrigado a comprar cavalos para servir na cavalaria do concelho”.
Temos o palpite de que
a cópia do foral hoje existente, está errada no número das ovelhas exigido para
os habitantes de Moncarche serem compelidos a entrar na cavalaria municipal,
mas seja como for, a grande maioria estava arregimentada, como ainda hoje se
pode fazer certo pelo casario, que se alinha nas ruas estreitas que vão das muralhas
à alcáçova, no mesmo ritmo de construção, porta larga para a arrumação do
cavalo na loja, e porta estreita para serventia do andar onde se alojavam o
cavaleiro e sua família.
Quando o apelido
anunciava que o inimigo pisava terra do concelho, ou chegara a hora da arrancada
para o fossado, a cavalaria do Moncarche saia dos seus quarteis e ia formar no
adro de Santa Maria, alinhando sob o comando de um freire do templo que a
ensinara a ser impetuosa no ataque e testaruda no designo de vencer.
No século XIII o cerco
das muralhas abrangia umas jeiras de terra fugida à urbanização, e só mais
tarde nela incorporada, conforme se deduz da toponímia citadina que guarda
lembranças da rua dos Chões.
Praça da Palha, ruas
dos Lagares e outros. A vida económica do concelho pulsava mesmo na encosta do
Castelo, como faz certo a rua do Mercado, que devia em tempos mais recuados
acudir pelo chamadouro de rua dos Açougues, onde os homens de fora pagavam a
portagem pelas suas transações comerciais:
“Compra e venda de panos e animalejos do
burro ao cavalo, com passagem pelo mouro forro”, fora o resto, como
está no foral.
O mercado com o tempo deslocou-se para o centro
da cidade velha, praça hoje de Luís de Camões, com os seus prolongamentos
naturais, rua dos Ferreiros a entestar com a porta da Vila.
A tendência porém, era fugir para fora de
portas, na peugada dos cavaleiros vilãos, já burgueses enriquecidos, que á formigas
vieram agrupar-se em volta da igreja de São Miguel, que se tornou freguesia
independente de Santa Maria.
Adentro das muralhas ficaram somente os peões agarrados
á concha da sua miséria. O mercado acabou por vir no encalço dos cavaleiros
para fora de portas, ali para o largo da Devesa, onde aguarda oportunidade para
se mudar para melhor sitio, em ordem a satisfazer as necessidades de uma população
em vias de constante crescimento.
PS. Com este poste, termina a publicação do excelente trabalho de J. Ribeiro Cardoso sobre o castelo e as muralhas da cidade de Castelo Branco.
O Albicastrense
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