quarta-feira, janeiro 02, 2019

CHAFARIZ DE S. MARCOS

UMA TRISTE SITUAÇÃO 
QUE ENVERGONHA  A TERRA ALBICASTRENSE.  
EM DEFESA DO CHAFARIZ DE SÃO MARCOS

O primeiro poste de 2019, só podia ser sobre uma pérola da terra albicastrense abandonada por todos nós.
Em 2008 postei aqui uma publicação sobre o nosso velhinho chafariz de S. Marcos, depois disse, voltei a falar do assunto mais cinco vezes. Onze anos depois, o velho chafariz continua abandonado e acha-se cada fez pior, ou seja, de nada ajudaram as minhas súplicas para que algo fosse feito em seu beneficio. 
Fui visita-lo no primeiro dia do novo ano, confesso que vim de lá enfurecido e disposto a apertar o pescoço a quem me aparecesse pela frente, que tivesse responsabilidades pela desgraçada situação em que o triste chafariz de se encontra.
As imagens aqui postadas foram recolhidas nessa minha visita, imagens, que deveriam cobrir de vergonha, todos os responsáveis políticos da terra albicastrense, assim, como enfurecer todos os albicastrenses que verdadeiramente adoram a sua terra.
Como forma de agradecer ao velho chafariz o muito que deu a terra albicastrense, resolvi voltar a postar uma entrevista feita pela dupla "Bigodes & Companhia" em 2008.
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O chafariz de São Marcos está classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto nº 95/78, DR 210 de 12 Setembro 1978.
A dupla, “Bigodes e Companhia”, conhecedores das minhas intenções de apresentar neste bloque o historial dos Chafarizes da nossa cidade, resolveram fintar-me, (são uns invejosos) e munidos dos respectivo acessórios para esta tarefa, foram fotografar e entrevistar o velho chafariz de S. Marcos.
Aqui fica a entrevista entre o velho chafariz e a  dupla "Bigodes e Companhia". Gostaria no entanto de esclarecer, que o blogue, “Castelo Branco – O Albicastrense”, não se responsabiliza por este trabalho maluco.
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- Eminente chafariz, em primeiro lugar gostaríamos de agradecer esta conversa, pois somos sabedores que um tal, ”Albicastrense” se preparava para o vir chatear com perguntas patetas.
- Perguntem, eu gosto de contar a minha história. 
- Como é ter nome de Santo?
- Sabem eu nem sempre tive este nome, no início era conhecido como Chafariz da Devesa.
- Da Devesa!  Sim … 
Por volta do século XVI ou XVII, (a minha memória já deixa muito a desejar) já aqui estava instalado. Este local fazia parte da extensão de terreno que ia desde a antiga muralha, (atual rua Vaz Preto) até ao sítio do cansado. 
Só muito mais tarde e graças à Capela que tenho como vizinha, foi batizado com o nome porque me conhecem hoje.
Sabem, esta coisa de ser chafariz é uma tristeza, já nada querem connosco, pois estamos praticamente abandonados. 
- São mais de 400 anos de existência. 
- Foram muitas as gerações de albicastrenses, que por aqui passaram.
Nos primeiros tempos, os albicastrenses vinha beber a água que jorrava da minha boca, conversar, desabafar, namorara e até brincar com a minha água. Com o passar dos tempos perdi beleza e popularidade.
Os residentes da nossa cidade esqueceram-me, os políticos desprezaram-me, e até as mulheres que aqui vinham lavar a roupa deixaram de o fazer. Por fim até a bicharada que aqui vinha beber a minha água, deixou de aparecer.
- Está muito magoado com os albicastrenses? 
- E com razão… vocês sabem de onde vinha a água que eu dava a beber aos moradores da nossa cidade nesses tempos?
- Não!
- Pois, ninguém sabe!
- Hoje já ninguém quer saber da história dos velhos chafarizes da nossa cidade. Mas eu vou dizer-lhe; a minha água era oriunda de um nascente que germinava numa das encostas do castelo da nossa cidade, e conduzida até mim por meios subterrâneos. Hoje nada sei do líquido que me corre nas entranhas. 
Sofri muitas reparações ao longo dos tempos, porém, muitas delas foram autênticos absurdos. Vocês acham que estou bem conservado?
- Para ser-mos sinceros… está uma autêntica desgraça.
- Vocês têm cara de parvos mas pelo menos são honestos! Vejam no século XIX, sofri mais uma das muitas reparações que me fizeram ao longo dos tempos. Nessa reparação entre outras coisas, substituíram-me a boca de granito que dava de beber à bicharada, por um tubo de ferro!
- Não pode ser!
- Pode… pois, ainda hoje a tenho. No século XX (a última reparação que sofri), o meu tanque que tinha sido construído no século XVII, foi quase engolido pelo chão como podem ver.  Mas nem tudo foi mau nestes cerca de 400 anos!
- Ah… então também ouve coisas boas!
- Sim!
- Em Abril de 1655 a autarquia da nossa cidade reconhecendo a minha importância, (nessa altura ainda me chamavam de Chafariz da Devesa) aprovou um documento em sessão Camarária, onde determinou o seguinte
“Toda a pessoa de qualquer qualidade que seja, que lavar no dito tanque dele ou fora dele roupa ou outra qualquer coisa pagará pela primeira vez dois mil réis e pela segunda quatro; toda a pessoa que lançar alguma pedra pequena ou grande no dito tanque pagara dois mil réis e a mesma pena terá qualquer pessoa que tirar pedra do cano do dito chafariz ou derrubar alguma pedra do bordo por baixo do tanque; toda a pessoa que derrubar alguma das ameias do tanque pagará seis mil réis de coima; toda a pessoa que no dito tanque aguçar alguma ferramenta no bordo ou em alguma pedra do dito tanque pagará dois mil réis. As quais condenações todas serão pagas na cadeia e sendo filho, pagará seu pai por ele e qualquer pessoa com uma testemunha o pode a coimar”.
- Bons tempos esses! Tempos, em que se preocupavam comigo.
- Mas em 1978, foi considerado Imóvel de Interesse Público.
- De que serve tal distinção! Se a água que irrompe da minha boca, não serve para matar a sede a quem por aqui passa. 
Se o meu tanque está cheio de porcaria e ninguém se preocupa em limpa-lo. 
Se as minhas paredes estão uma indecência e ninguém as pinta. 
Se alguém quiser uma fotografia minha, tenha que levar como brinde na minha foto a imagem e de uma carrinha que aqui tem garagem. 
É caso para dizer: “Sou considerado imóvel de Interesse Publico, no entanto, ninguém cuida de mim, como seria se não tivesse qualquer classificação”?
- Amigo Chafariz de S. Marcos, a dupla “Bigodes e Companhia” lamenta profundamente o seu miserável estado de saúde. Promete-mos voltar quando tivermos boas notícias, Bigodes e Companhia

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PS. Onze anos depois da publicação desta pateta "entrevista", mas com dados históricos verdadeiros, nada mudou (perdão!.. está tudo pior), acabo atestado o seguinte: O infame estado em que se encontra o nosso velhinho Chafariz de S. Marcos, faz rebolarem nos seus túmulos os albicastrenses que no passado o ergueram, os de hoje, (independentemente de se estarem borrifando para ele), assim como a terra albicastrense.
                                                    O Albicastrense

17 comentários:

  1. José Maria Afonso
    Nunca percebi o porquê de não ser recuperado condignamente,alguém saberá certamente.
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    1. Amigo Afonso, confesso que não consigo compreender este abandono, abandono que aliás considere crime.
      Abraço

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  2. Vítor Manuel Levita Quilhó
    Merecia um arranjo. Com vedação forte para evitar aquilo que tem acontecido. Sr. Presidente da Câmara é um chafariz antigo que os Albicastrenses gostam e é pena vê-lo assim. Depois de pronto arranjar um sistema de vigilância. Quem lhe fazer mal será mal será penalizado.
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    1. CLARO QUE MERECIA SER ARRANJADO!
      EU ATÉ DIRIA QUE TER UMA PÉROLA COMO ESTA NA SITUAÇÃO EM QUE ELA SE ENCONTRA, DEVERIA SER CRIME. ABRAÇO

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  3. António Manuel Lalanda
    O Luisinho não tem ido a velórios?
    Talvez nalguma missa de corpo presente, na capela ali ao lado, algum defunto lhe chame a a tenção para o facto =(
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    1. Amigo Lalanda.
      Acho que só com um defunto levantar-se do caixão, é que ele recupera o malfadado chafariz.
      Abraço

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  4. Carlos Veríssimo da Silva
    Desculpem os meus conterrâneos..... Não é proibido estacionar?
    Que faz a PSP?
    Que Faz GNR?
    (Comentário feito no facebook)
    Penso que parte da questão passa por aí

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    1. Amigo Carlos.
      O estacionamento frente ao chafariz é um problema, contudo o desgraçado estado do chafariz é uma calamidade.
      Abraço

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    2. Carlos Veríssimo da Silva
      Obrigado pela informação
      Por que não um baixo assinado à câmara?
      Por que não "invadir" uma sessão camarária?
      Só a morte não tem remédio caro homónimo.

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    3. É bem verdade , amigo Carlos.
      Quanto ao baixo assinado assino por baixo, o pior é que a grande maioria dos albicastrenses fala muito nas mesas dos cafés, depois não dá a cara na defesa de situações como esta.

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  5. Maria Rita Santos Nunes
    Já há anos que venho publicando fotos deste pobre Chafariz cada dia mais degradado Eu e alguns vizinhos vamos colocando as pedras que se vão soltando isso e o ferro de um sinal de trânsito têm evitado a sua ruína total.
    (Comentário feito no facebook)

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    1. Amiga Rita.
      Os meus parabéns pela sua cidadania.
      Abraço

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  6. Caro amigo
    Só hoje tive conhecimento da notícia sobre o mal aventurado chafariz de S.Marcos.
    Em tempos tive conhecimento que estava em estudo a recuperação do chafariz e envolvente.
    Palavras sempre as levou o vento e as palavras hoje em dia ditas por certa gente estão isentas de qualquer credebilidade. Creio que a situação só se resolverá se os albicastrenses se unirem e em petição enviada à Autarquia exigirem a rápida recuperação total daquele espaço em prejuízo de obras em locais de menor acesso que podem ser executadas mais tarde - exemplo barrocal, sem querer desvalorizar o local.
    Parabéns pela sua luta em prol da cidade. Não desista do seu objetivo.
    Um grande abraço
    Jjb


    Se a petição for avante estou disponível para a subscrever ou para qualquer outro movimento que tenha em vista as obras no chafariz e envolvente.

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  7. Caro amigo
    Acrescento ainda que se há albicastrenses que passam pelo local e é o seu caso, será que até agora nenhum vereador da autarquia ou até o Sr presidente e seu substituto náo tiveram oportunidade de dar por ali uma passeata e observar o que deve visto sobre o local?
    Bem merece uma olhadela e decidam-se.
    JJB

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    1. Amigo Joaquim Baptista.
      Claro que os responsáveis autarcas passam por lá. Confesso que estando o chafariz como está, também eu não consigo entender o desprezo por parte das sucessivas entidades autarcas a que ele foi vetado.
      É verdade que em tempos (quando do derrube da antiga garagem Lima), ouve um projeto que previa colocar o chafariz no centro do largo, todavia o projeto foi para o caixote do lixo (sabe-se lá porque razão), e o velho chafariz ficou esquecido mais uma vez.
      Quanto ao possível baixo assinada, venha ele. Como o conseguir: aceitam-se sugestões por parte de quem ame verdadeiramente a terra albicastrense.
      Abraço deste seu amigo.

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    2. Caro amigo. Vou pensar numa petição e logo que eu possa dnvio- lhe informação para o seu e-mail.
      Abraço
      JJB

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  8. Anónimo15:44

    já viu o que estão a fazer à casa em frente ao chafariz?

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