quinta-feira, março 26, 2020

A TERRA ALBICASTRENSE NO FINAL DO SÉCULO XVIII - (I)

TRABALHO DA AUTORIA DO 
CORONEL VASCO DA COSTA SALEMA.

Um bem conservado manuscrito, a que infelizmente, faltam umas oito páginas, “Rol dos Confessado da freguezia da Santa Sé desta cidade de Castello Branco na Quaresma do prezente anno de 1794”, presta interessantes informações sobre Castelo Branco nessa época, tanto sobre toponímia e onomástica local, como sobre o censo populacional e costumes sociais.
Consta, atualmente, da capa e 59 páginas, todas completas, e é de fácil leitura, salvo algumas abreviaturas. Está feito segundo os fogos de cada arruamento, numerados aqueles de 1 a 606, faltando, porem, os números 232 a 307, ambos inclusive, o que corresponde talvez a 4 arruamentos, como o nº 76 repetido e indica em cada fogo, as pessoas que nele habitam, com a respetiva situação familiar ou servil, ocupando. Idade, etc, e a que preceito satisfizera: se só se confessaram ou se confessaram e comungaram. As crianças, mesmo as de mais tenra idade, estão também escrituradas, apesar de não serem satisfeitos nenhum dos preceitos.
Depois de relacionados os fogos urbanos so fogos rurais da freguesia, os das hortas e quintas, da S. da Piedade e da S. Bartolomeu, dos Lentiscais e do Monte dos Cancelos, e ainda, a cadeia, considerada como fogo e com 15 presos, doze homens e três mulheres. E “48 Pessoas que não têm domicilio certo”, 45 homens e mulheres.
O Rol, propriamente, termina no final da pagina 57, tendo escrito na margem da pagina 56 o seguinte: “este Rol já tem 54 annso. Anton Gil Frazao Gordª Castello Branco”. Na página 57 o Vigário faz um resumo do Rol, o qual se transcreve:

Almas      -------------------------     2$876
Fogos     --------------------------         606
Pessoas de Confissão     --------     1$932
Pessoas sem Confissão  --------         184

Consta esta freguesia de S. Miguel Cathedral deste Bispado de duas mil outo centos Cento e Setenta e Sete almas; de Seis Centos e Seis fogos; de Pessoas de Confissão e Comunhão de mil nove Centas e Trinta e duas, e de Pessoas só de Confissão de Cento e outenta e quatro; Todas as Pessoas de obrigação Satisfazerão ou cumprirão com preceito da quaresma do prezento anno em tãobem o que certifico e juro sendo (necessário?) algumas se oubzentarão, e observarei a este respeito o que determina a Constituição castelo Branco 17 de Myo de 1794
O vigário  Manuel Martins Pelejão. 
A página 58 traz, num total de 4 pessoas, sem outra indicação e escritos com outra letra e tinta, os quais foram considerados neste trabalho. Na pagina 59, última como se disse, transcrevem-se vários parágrafos da Constituição do Bispado que regulam o modo de proceder dos Párocos e dos Paroquianos quanto á desobriga Pascoa. 
TOPONÍMIA ALBICASTRENSE
Os diferentes arruamentos e números dos seus fogos são, pela ordem do rol:            
             Rua de Corredoura                       ---- 23 - fogos
  Corro                                       ---------  8  
Arrabalde da Fonte Nova       --------  27
 Arrabalde dos Oleiros              -------- 36
 Arrabalde da Cidade                -------- 23
 Adro de S. Miguel                  ---------  12
 Postigo de Valadares             ----------  7
Carreirinha                             ---------- 8
Moreirinha                             --------- 31
Arrabalde de S. Sebastião    --------- 16
Rua do Pina                          ----------  6
  Rua da Ferradura                 ---------- 41?
Ruas ?                           --------- (2) - 95
Rua do Saco                  --------  (3) -- 2
Praça                                     ---------- 4
Relógio                                  ---------- 9
Rua Nova                              --------- 15
Rua dos Peleteiros               --------- 34
Rua do Bispo                        ----------  4
Rua dos Ferreiros              ----------  46
Rua dos Oleiros                   ---------  28
Travessa da Misericórdia        -------- 3
Rua da Misericórdia              ---------- 9
 Rua d`Ega                              -------- 30
 Rua de Pedro Homem        - --- (4) - 15
 Rua do Muro                        ---------- 10
 Rua Jorge Boino              ------- (4) -- 6
              Rua do Caquelé                    ----------  4             
O que perfaz 547 fogos, a que tem de se acrescentar o correspondente à cadeia, nº 605, que não está incluída em qualquer destes arruamentos, pelo que na parte urbana da freguesia há  548 fogos, sendo os restantes 59 fogos respeitantes à parte rural, pois o numero fogos total é de 607 e não de 606, como o vigário Pelejão, por o nº 75 estar repetido, como se disse
(2) É na relação da Rua da Ferradura que se passa do fogo nº 231 para o nº 308. Ficasse, por isso, sem saber se a referida rua ficou completa ou se tinha mais fogos. Também se fica sem saber a que rua pertencem os fogos nº 308 a 326, ambos inclusive. Pode-se admitir que os 76 fogos em falta pertenceriam alguns ainda à rua da Ferradura e os restantes à Devesa e a outras ruas.
(3) Esta Rua do Saco era o Beco  que havia na Praça, entre o edifício da Câmara e o Celeiro da Ordem de Cristo, e que desapareceu por a Câmara ter autorizado o proprietário sr. A. C. Abrunhosa a fechá-lo  com um portão, incorporando-o no prédio que ai possuíaNão tem pois relação com a actual Rua do Saco, beco ao Largo do Espírito Santo.
(4) Desconhece-se a que rua actualmente corresponde.
Ps. Parte do trabalho aqui apresentado, tem o Português do finaL do século XVIII 
(Continua)
O ALBICASTRENSE

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