E QUE
A BURRICE DE ALGUNS ARRASOU
Recentemente ao
voltar a dar uma vista de olhos pelo livre; "O
Programa Polis em Castelo Branco", da autoria
de António Silveira, Leonel Azevedo e Pedro Quintela de
d'Oliveira, encalhei num capitulo do livro dedicado
á construção do miradouro de S. Gens.
Não vou falar da
burrice que foi a sua destruição, não vou falar da estranha coisa que
ocupou o seu lugar, não vou falar dos toscos que o arrasaram, contudo, não posso
deixar de dizer que ainda hoje não consigo entender como foi possível a destruição
do velho miradouro.
Destruir memórias
de uma terra onde não se nasceu, é fácil, pois essas memórias não lhes dizem
respeito, todavia, tal só foi possível porque aqueles a quem as memórias diziam respeito, ficaram na bancada a assistir à sua derrocada.
A CONSTRUÇÃO DO MIRADOURO DE S. GENS DE ESTEVAL
(A SUA HISTÓRIA)
A questão pendente era a do aproveitamento da zona superior dos depósitos. As
dificuldades financeiras, com que se debatia a autarquia, levavam ao lançamento
da obra denominada “Muro de suporte, vedação, terraplanagens e acesso do
reservatório de águas”, apenas nos inícios de 1940, numa época em que a zona do
castelo era alvo de processos de intervenção por parte de DGEMN.
Mas,
em termos históricos qual é o passado do ”Esteval”?
O topónimo parece-nos bastante claro, sendo possível reportar-se a um local onde existiam estevas. Em termos arquitectónico, o miradouro instalou-se no pano de muralha onde estava construída a antiga porta do Esteval, bastante perto da imponente torre de menagem sextavada.
O topónimo parece-nos bastante claro, sendo possível reportar-se a um local onde existiam estevas. Em termos arquitectónico, o miradouro instalou-se no pano de muralha onde estava construída a antiga porta do Esteval, bastante perto da imponente torre de menagem sextavada.
A ligação
desta porta, com as ruas do Mercado e da Sobreira, só terá sido operada em
meados de século XVI.
Esta área
perdeu importância, nos finais do século XIX, como nos dá a conhecer o pedido
de dois cidadãos, a 14.05.1887, para a venda em hasta pública do “terreno da
quelha denominada “Esteval” que hoje não dá servidão alguma, visto que José
Torrado tapou o terreno que para ele dava serventia”. Após uma
vistoria ao local, a Câmara viria a indeferir o pedido.
No concernente à construção do Miradouro de S. Gens, projectado por Eurico Salles Viana, apesar
deste técnico ambicionar um outro nível de grandiosidade para as escadas sob as
arcadas de cedros (pretendia estende-las até á muralhas, a Nascente) não o
consegui, pela falta de dotação financeira, como já foi aqui referido.
As expropriações,
executadas em finais de Dezembro, foram céleres, não havendo conflitos com os
proprietários das parcelas requeridas.
O programa e caderno de encargos da
parte mais monumental da obra, a escadaria que liga o largo do castelo aos depósitos,
foram lançados a 20,03.1941.
Em
Agosto do ano seguinte davam-se os últimos preparativos para as “obras de
embelezamento” do Miradouro de S. Gens”, enquanto os Serviços de
Obras decidiam o fecho do local durante a noite, a título provisório, para não
se danificarem os cedros que se estavam a plantar no local, pois em 1943 ainda não havia
luz nem policiamento.
Por
último, podemos apontar que em Janeiro de 1944 ainda estavam em curso os
trabalhos da ajardinamento do espaço, como demonstra uma encomenda que a Câmara Municipal endereçou à Companhia Hortícola-Agrícola Portuense, Lda, para
adquirir “8
videiras, reprodutoras directos para pérgolas e 20 ciprestes com 1,90m”.
Deste
modo, a cidade passou a dispor de um local próprio para observar o belo panorama
albicastrense.
PS. O texto sobre a construção do Miradouro, foi retirado do livre referido inicialmente.
O ALBICASTRENSE
Gina Naré
ResponderEliminarAdoro esse Miradouro , pois fui criada mesmo ao lado (casa dos meus avós paternos) e como tal faz parte da minha infância !
(Comentário feito no facebook)
Pedro Miguel Salvado
ResponderEliminarQuando era um verdadeiro ícone de Albi. Uma das maiores vergonhas e ataques ao património cultural e à paisagem sentimental de Castelo Branco. Foi obra muito cara realizada e determinada por arrogantes e gente em que o saber é inversamente proporcional aos números do cheque ou ao tamanho do ego. E quando nos quiseram "limitar" o olhar... Enfim,,,
(Comentário feito no facebook)
Este comentário eu assino por baixo. Só numa terra onde se assobia para o ar, quando se destroem memórias, isto seria possível.
EliminarAbraço
Quando soube da notícia da restauração do Miradouro fiquei francamente satisfeito, precisava de obras de recuperação.
ResponderEliminarQuando lá fui visitar fiquei algo destroçado. Nunca mais lá voltei.
Tornou-se algo estéril, perdeu a imensa alma que tinha. :(