domingo, maio 17, 2020

ANTIGO MIRADOURO DA TERRA ALBICASTRENSE


TESOURO  QUE O TEMPO NÃO PRESERVOU
E QUE A BURRICE DE ALGUNS ARRASOU


Recentemente ao voltar a dar uma vista de olhos pelo livre; "O Programa Polis em Castelo Branco", da autoria de António Silveira, Leonel Azevedo e Pedro Quintela de d'Oliveira, encalhei  num capitulo do livro dedicado á construção do miradouro de S. Gens.
Não vou falar da burrice que foi a sua destruição, não vou falar da estranha coisa que ocupou o seu lugar, não vou falar dos toscos que o arrasaram, contudo, não posso deixar de dizer que ainda hoje não consigo entender como foi possível a destruição do velho miradouro.
Destruir memórias de uma terra onde não se nasceu, é fácil, pois essas memórias não lhes dizem respeito, todavia, tal só foi possível porque aqueles a quem as memórias diziam respeito, ficaram na bancada a assistir à sua derrocada.

A CONSTRUÇÃO DO MIRADOURO DE S. GENS DE ESTEVAL 
(A SUA HISTÓRIA)

A questão pendente era a do aproveitamento da zona superior dos depósitos. As dificuldades financeiras, com que se debatia a autarquia, levavam ao lançamento da obra denominada “Muro de suporte, vedação, terraplanagens e acesso do reservatório de águas”, apenas nos inícios de 1940, numa época em que a zona do castelo era alvo de processos de intervenção por parte de DGEMN.
Mas, em termos históricos qual é o passado do ”Esteval”? 
O topónimo parece-nos bastante claro, sendo possível reportar-se a um local onde existiam estevas. Em termos arquitectónico, o miradouro instalou-se no pano de muralha onde estava construída a antiga porta do Esteval, bastante perto da imponente torre de menagem sextavada.
A ligação desta porta, com as ruas do Mercado e da Sobreira, só terá sido operada em meados de século XVI.
Esta área perdeu importância, nos finais do século XIX, como nos dá a conhecer o pedido de dois cidadãos, a 14.05.1887, para a venda em hasta pública do “terreno da quelha denominada “Esteval” que hoje não dá servidão alguma, visto que José Torrado tapou o terreno que para ele dava serventia”. Após uma vistoria ao local, a Câmara viria a indeferir o pedido.
No concernente à construção do Miradouro de S. Gens, projectado por Eurico Salles Viana, apesar deste técnico ambicionar um outro nível de grandiosidade para as escadas sob as arcadas de cedros (pretendia estende-las até á muralhas, a Nascente) não o consegui, pela falta de dotação financeira, como já foi  aqui referido. 
As expropriações, executadas em finais de Dezembro, foram céleres, não havendo conflitos com os proprietários das parcelas requeridas. 
O programa e caderno de encargos da parte mais monumental da obra, a escadaria que liga o largo do castelo aos depósitos, foram lançados a 20,03.1941.
Em Agosto do ano seguinte davam-se os últimos preparativos para as “obras de embelezamento” do Miradouro de S. Gens”, enquanto os Serviços de Obras decidiam o fecho do local durante a noite, a título provisório, para não se danificarem os cedros que se estavam a plantar no local, pois em 1943 ainda não havia luz nem policiamento.
Por último, podemos apontar que em Janeiro de 1944 ainda estavam em curso os trabalhos da ajardinamento do espaço, como demonstra uma encomenda que a Câmara Municipal endereçou à Companhia Hortícola-Agrícola Portuense, Lda, para adquirir “8 videiras, reprodutoras directos para pérgolas e 20 ciprestes com 1,90m”.
Deste modo, a cidade passou a dispor de um local próprio para observar o belo panorama albicastrense. 
PS. O texto sobre a construção do Miradouro, foi retirado do livre referido inicialmente. 
O ALBICASTRENSE

4 comentários:

  1. Gina Naré
    Adoro esse Miradouro , pois fui criada mesmo ao lado (casa dos meus avós paternos) e como tal faz parte da minha infância !
    (Comentário feito no facebook)

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  2. Pedro Miguel Salvado
    Quando era um verdadeiro ícone de Albi. Uma das maiores vergonhas e ataques ao património cultural e à paisagem sentimental de Castelo Branco. Foi obra muito cara realizada e determinada por arrogantes e gente em que o saber é inversamente proporcional aos números do cheque ou ao tamanho do ego. E quando nos quiseram "limitar" o olhar... Enfim,,,
    (Comentário feito no facebook)

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    Respostas
    1. Este comentário eu assino por baixo. Só numa terra onde se assobia para o ar, quando se destroem memórias, isto seria possível.
      Abraço

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  3. Quando soube da notícia da restauração do Miradouro fiquei francamente satisfeito, precisava de obras de recuperação.

    Quando lá fui visitar fiquei algo destroçado. Nunca mais lá voltei.
    Tornou-se algo estéril, perdeu a imensa alma que tinha. :(

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