quarta-feira, março 24, 2021

UMA GRANDE MULHER.

ALBICASTRENSES DE OUTROS TEMPOS.

Depois de ter publicado o elogio fúnebre de Tavares Proença da autoria de Maria Emília de Oliveira Pinto Louraça, não podia deixar de aqui voltar a publicar um pouco do que consegui descobrir desta albicastrense, mulher de quem muito nos devemos orgulhar.

MARIA EMÍLIA DE OLIVEIRA PINTO LOURAÇA
(1869/1925)
 
Maria Emília Louraça de Oliveira Pinto, nasceu na rua do Cavaleiro em 1869, e faleceu em Castelo Branco a 12 de Fevereiro de 1925, terra onde sempre viveu. Foi diretora do jornal; “A Aurora”, infelizmente de efémera duração. Foi colaboradora da “Enciclopédia das Famílias” e do “Almanaque de Lembranças”, tendo trocado correspondência com Ana de Castro Osório, nome de grande craveira a nível nacional, em concreto no campo da literatura infantil, e a quem não passou despercebido o valor de Maria Emília Louraça.
Modesta professora particular, a ensinar de dia e noite em tempos em que as explicações ou lições não davam para sobreviver, com um mínimo de conforto, teve Maria Emília de recorrer ao trabalho manual de encadernadora, na modesta papelaria de que era proprietária na rua da Figueira nº 37, em Castelo Branco. Local que também servia de redação e administração do jornal “A AURORA”. Ali compunha o jornal e ali vendia também estampas, revistas, histórias da carochinha e literatura de cordel.
O seu valor intelectual não passou despercebido à cidade, a ela se encomendou o elogio do Rei D. Carlos, quando da sua visita a Castelo Branco, por motivo da inauguração da Linha férrea da Beira Baixa, em 5 e 6 de setembro de 1891 e o elogio fúnebre de Tavares Proença Júnior quando chegaram a Castelo Branco os seus restos mortais, vindos de Lausanne, Suíça.
Maria Emília Louraça de Oliveira Pinto, bem mereceria que na fachada da casa onde viveu, fosse afixada uma placa onde constasse que ali viveu uma grande albicastrense. Existe  actualmente uma rua na Urbanização da Carapalha. com o seu nome.
Em homenagem a esta nossa conterrânea, pode ser lido a seguir,  uma notícia saída no jornal Gazeta de Espinho a 18 de Abril de 1918. Notícia que descobri na Internet.


NOVA COLABORADORA
Enceta hoje na Gazeta de Espinho, a Ex.ma Sr. D. Maria Emília De Oliveira Pinto Louraça, inteligente e digna diretora do nosso colega a “Aurora”, de Castelo Branco, devido à sua pena a qual é um cinzel pois não escreve, esculpe, uma brilhante colaboradora, que adiante publicamos. Chamando a atenção dos nossos leitores para a poesia e o artigo em prosa intitulado o "Dever". Agradecemos à Sr. D. Emília Louraça, a sua deferência à honra que nos acaba de dar.
Hoje dou a conhecer o belo poema. Brevemente publicarei o artigo que tem por título: “ O Dever.


ORFÃ
Só sem abrigo e proteção,
Ela caminha sempre só.
Os seus pés descalços pelo chão,
Vertendo sangue fazem dó.
 
O seu vestido desbotado.
Todo farrapos miseráveis,
E’ pelo vento fustigado,
Preso por suas mãos inábeis.
 
Vago e cabisbaixo o olhar,
No chão se pousa tristemente,
Não tendo jamais p’ra fitar,
Ente que su’alma  tem ausente.  
 
Conheceis vós essa figura,
Acabrunhada pela dor?
A sua vida bem escura,
Sendo de tal mortal palor?
 
Se procurardes porque chora,
Ou porque se soltam seus ais,
Dirá que só na terra mora,
Pois lhe morreram seus pais.
 
E’orfã mas filha das selvas,
Delas vivendo por mercê,
Esperando sempre sobre relvas,
Recursos que só Deus lhe dá.
 
Dar a conhecer albicastrenses do passado, é um dever de todos nós.
Recolha de dados históricos: Jornal “Reconquista” 
e "Estudos de Castelo Branco".
O Albicastrense

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