segunda-feira, março 22, 2021

ELOGIO FÚNEBRE A FRANCISCO TAVARES PROENÇA JUNIORES.

Com a homenagem feita a Francisco Tavares Proença Júnior no passado sábado, achei por bem, voltar a publicar algumas das publicações que ao longo da existência deste blogue lhe dediquei. Depois da pequena biografia dele, segue-se o elogio fúnebre a Francisco Tavares Proença Júnior, quando chegaram a Castelo Branco os seus restos mortais, vindos de Lausanne.

            
                  Reportagem da época, pela jornalista local,
                                     D. Maria Emília Louraça. 
                       (Publicada no Jornal de Castelo Branco, 
                                  “A AURORA”, de 15-10-1916).
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Na terça-feira pretérita saia a cidade por momentos da sua inercia habitual. Circulava nas bocas de todos os seus habitantes uma tristíssima notícia. Ia chegar de Lausanne (Suíça) para recolher ao jazigo da família o cadáver do nosso querido Patrício Sr. Francisco Tavares Proença Júnior falecido em plena mocidade. 
Muito antes da chegada da locomotiva que trazia aqueles preciosos despojos, começou o povo a caminhar em grupos para a estação do caminho-de-ferro, onde se acumulou, misturando-se ali sem distinção todos aqueles, que queriam render o seu preito respeitoso àquele morto ilustre.
 Passando algum tempo pôs-se o cortejo em marcha percorrendo silencioso o trajeto que vai da Estação à Igreja Matriz onde foi depositada a urna em magnífico catafalco.
Em todos os rostos se divisava a tristeza da solenidade do momento, deixando-nos a dolorosa impressão duma perda irreparável.
Ontem realizou-se o enterro que escusado é dizer se revestiu de um caracter imponente; tudo o que de Castelo Branco tem de melhor estava ali representado não falando no povo que se apinhava em massa em extinção compacta.
Enaltecer as qualidades do morto não pertence a mim fazê-lo, por ser medíocre na arte de escritora, deixo isso a quem tiver competência para o fazer; direi apenas que o Sr. Proença Júnior, era um moço distinto de excelentes qualidades e um belo carácter.
Castelo Branco está de luto por ter falecido um dos seus filhos mais diletos; neste pequeno torrão que o viu nascer no palácio dos seus maiores, teve o Sr. Proença Júnior o seu berço de oiro.
Parecia que nada lhe faltava para ser feliz, um pai que o adorava e uma mãe que o estremecia; em sua carinhosa irmã a Sr. D. Barbara Tavares de Proença colhia ele um verdadeiro amor fraternal; o dinheiro tinha-o sempre à farta e não lhe faltavam amigos em cada pessoa conhecida.
De repente acontecimentos políticos levaram-no para longe de nós, e atualmente para achar alívio á doença que de há muito o vinha martirizando via-se obrigado a viver na Suíça onde os seus não o podiam acompanhar por saúde de seu pai ser também pecaria.
Ultimamente agravaram-se os sofrimentos do simpático moço, e lá morreu longe de terra que o vui nascer, e da pátria que muito amava.
 Triste odisseia duma existência que parecia tao florida, e ainda mais triste o desenlace, que a todos acabrunhou deixando-nos um vácuo tarde ou nunca preenchido porque a sua saudosa memória ficará na lama de todos.
Os albicastrenses que esperavam abraçá-lo um dia cheio de vida e mocidade, apenas puderam ter a consolação de acompanhar os seus restos ao jazigo da família onde ficaram depositados.
Que descanse em paz o nosso querido, e nunca assaz chorado patrício e amigo, e à sua família enlutada as sentidas condolências lhe enviam os colaboradores e a redação do jornal “A AURORA”.
O ALBICASTRENSE

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