Com a homenagem feita
a Francisco Tavares Proença Júnior no passado sábado, achei por bem, voltar a
publicar algumas das publicações que ao longo da existência deste blogue lhe
dediquei. Depois da pequena biografia dele, segue-se o elogio fúnebre a
Francisco Tavares Proença Júnior, quando chegaram a Castelo Branco os seus restos
mortais, vindos de Lausanne.
Reportagem da época, pela jornalista local,
D. Maria Emília Louraça.
(Publicada no Jornal de Castelo Branco,
“A AURORA”, de 15-10-1916).
---------------------------------------------------
Na terça-feira
pretérita saia a cidade por momentos da sua inercia habitual. Circulava nas
bocas de todos os seus habitantes uma tristíssima notícia. Ia chegar de Lausanne
(Suíça) para recolher ao jazigo da família o cadáver do nosso querido Patrício
Sr. Francisco Tavares Proença Júnior falecido em plena mocidade.
Muito antes da
chegada da locomotiva que trazia aqueles preciosos despojos, começou o povo a
caminhar em grupos para a estação do caminho-de-ferro, onde se acumulou,
misturando-se ali sem distinção todos aqueles, que queriam render o seu preito respeitoso àquele morto ilustre.
Passando algum tempo pôs-se o cortejo em marcha
percorrendo silencioso o trajeto que vai da Estação à Igreja Matriz onde foi
depositada a urna em magnífico catafalco.
Em todos os rostos se
divisava a tristeza da solenidade do momento, deixando-nos a dolorosa impressão
duma perda irreparável.
Ontem realizou-se o enterro
que escusado é dizer se revestiu de um caracter imponente; tudo o que de
Castelo Branco tem de melhor estava ali representado não falando no povo que se
apinhava em massa em extinção compacta.
Enaltecer as
qualidades do morto não pertence a mim fazê-lo, por ser medíocre na arte de
escritora, deixo isso a quem tiver competência para o fazer; direi apenas que o
Sr. Proença Júnior, era um moço distinto de excelentes qualidades e um belo
carácter.
Castelo Branco está de
luto por ter falecido um dos seus filhos mais diletos; neste pequeno torrão que
o viu nascer no palácio dos seus maiores, teve o Sr. Proença Júnior o seu berço
de oiro.
Parecia que nada lhe
faltava para ser feliz, um pai que o adorava e uma mãe que o estremecia; em sua
carinhosa irmã a Sr. D. Barbara Tavares de Proença colhia ele um verdadeiro
amor fraternal; o dinheiro tinha-o sempre à farta e não lhe faltavam amigos em
cada pessoa conhecida.
De repente
acontecimentos políticos levaram-no para longe de nós, e atualmente para achar alívio
á doença que de há muito o vinha martirizando via-se obrigado a viver na Suíça
onde os seus não o podiam acompanhar por saúde de seu pai ser também pecaria.
Ultimamente
agravaram-se os sofrimentos do simpático moço, e lá morreu longe de terra que o
vui nascer, e da pátria que muito amava.
Triste odisseia duma existência que parecia
tao florida, e ainda mais triste o desenlace, que a todos acabrunhou
deixando-nos um vácuo tarde ou nunca preenchido porque a sua saudosa memória
ficará na lama de todos.
Os albicastrenses que
esperavam abraçá-lo um dia cheio de vida e mocidade, apenas puderam ter a
consolação de acompanhar os seus restos ao jazigo da família onde ficaram
depositados.
Que descanse em paz o
nosso querido, e nunca assaz chorado patrício e amigo, e à sua família enlutada
as sentidas condolências lhe enviam os colaboradores e a redação do jornal
“A AURORA”.
O ALBICASTRENSE
Sem comentários:
Enviar um comentário