sábado, junho 17, 2023

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (2)


 

“Espaço da vida político-social de Castelo Branco após a implantação do regime constitucional"

(Continuação)

O que vai ler-se é apenas um extrato de um vasto repositório de documentos, respeitantes à vida política e civil de Castelo Branco, durante os primeiros anos da vida cartista em Portugal. 

De tal arvore tal fruto! Assim, como para o país.  

O constitucionalismo cartista foi apenas uma burla, para Castelo Branco foi simplesmente uma caricata mistificação. A liberdade, mesmo a consignada na carta, nunca existiu de facto.
Contrista percorre um período já largo, relativamente a implantação de um regime governativo, seja este qual for, e reconhecer-se afinal que, durante esse período, os dirigentes nunca praticaram tal regime sincera e genuinamente, nem educaram as classes dirigidas para o praticarem: mas sempre, e a propósito de tudo, sofisticaram o mesmo regime, governativo em proveito deles dirigentes e em prejuízo dos dirigidos.
Os factos são a base de tudo quando diz respeito à história, e consequentemente das considerações que os mesmos factos sugerem. Destruam os factos e de nenhum efeito ficam as considerações.
Por vezes a história se nos apresenta tao extravagante, inconcebível e refrataria ao bom senso, que a copia de vários documentos impõe-se como absoluta necessidade de comprovação da veracidade desta reles comedia humana, a que se convencionou dor o nome de política. Deste modo nenhuma duvida se oferecerá na apreciação do mérito, ou de mérito, da obra cartista, dos autores, dos atores e dos simples comparsas, apreciação que cada qual fara, segundo o seu modo de ver.
No que digo não intento criticar pessoas, mas entendo que todo e qualquer cidadão tem o direito de poder apreciar as ações sociais desses homens a quem a sociedade confiou a nobre missão de a governar, e de lhe administrar o seu património em todos os ramos da evolução sociológica.Se esses homens souberem e mostraram fazer a sus obrigação, merecem louvores, embora por vezes hajam fraquejado. Ninguém tem a perfeição suprema de modo que não erre. Mas se esses homens não souberem ou não quiserem desempenhar-se condignamente da sua alta missão, tanto pior para eles e para sociedade; para eles porque são dignos de ser verberados por falsificarem a sua missão; para a sociedade porque foi por isso defraudada na sua evolução.
 Os homens passam, mas os documentos ficam, e, como provas iniludíveis, servem para instruir o processo do julgamento histórico, o qual mais hoje, ou mais amanham a critica desapaixonada terá que fazer aos homens a as coisas de ontem. Afirmara-se a decadência económica e política de Portugal com assustadora rapidez a contar de 1807, época da primeira invasão francesa.
A impolítica fuga do príncipe  regente para o Brasil, transferindo  a corte Portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro, levando nesse êxodo a família real e os cortesãos  enormes valores, quer em moeda quer em obras de arte, quer em preciosidades de varias espécies, que nunca mais voltaram a Portugal; as devastações e os roubos dos exércitos napoleónicos, que arruinaram as pequenas industrias portuguesas, reduzindo à miséria milhares de famílias, e produzindo uma assustadora crise económica e financeira; a vinda das tropas Inglesas a pretexto de cooperarem na expulsão dos Franceses, praticando tantos vexames e Violências que por fim o povo já considerava igualmente inimigos tanto uns como os outros: a separação do Brasil tornado autónomo pela ambição de Dom Pedro de Bragança, privando assim Portugal das riquezas desta ubérrima colónia num momento de crise nacional; o nefasto governo de Dom Miguel de Bragança, que queria fazer a felicidade dos vassalos por força do cacete; e, finalmente a injustificável guerra civil entre ao dois filhos de Dona Carlota Joaquina,  guerra só movida pela ambição de usufruírem  a lista civil portuguesa; todos estes fatores de decadência, acrescidos com a depressão moral e intelectual da sociedade Portuguesa, educada fanaticamente por frades devassos, tudo isto pesando sobre Portugal dentro de um período de menos de meio seculo, arruinara este malfadado pais, que, para em tudo ser mal-aventurado,  vinha sendo deste à muito tempo, dirigido e explorado por uma turba de estatistas de pechisbeque, amalgama de fidalgos e de frades, sem patriotismo, hipócritas, devassos, egoístas e poltrões. 
(Continua)
O ALBICASTRENSE

2 comentários:

  1. Excelente iniciativa, António. Parabéns pelo trabalho. É muito interessante ver a postura de um grande contestatário como o A. Roxo. Pessoalmente acho mais interessante "ler" o que os textos revelam sobre o autor, do que propriamente a sua posição política, que em alguns aspectos contesto, porém, é de facto património histórico valioso, pelo que, mais uma vez, parabéns por este trabalho.

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    1. Manuela estou em parte de acordo com que diz.
      Maís que analisarmos o conteúdo, é necessário termos em conta que se trata de um fantástico trabalho sobre a terra Albicastrense.
      Um grande abraço

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