Até 22 de Janeiro de 2007.
Se ainda não visitou, a exposiçao retrospectiva do pintor Barata Moura, no Museu Tavares Proença, não perca!! Dê corda aos sapatos e vá até lá.
Aqui fica o belíssimo texto, da autoria do Dr. António Forte Salvado, sobre o pintor Barata Moura.A não perder esta exposição!!
EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA
DO
PINTOR BARATA MOURA
Nascido em Castelo Novo em 1910, migrante para Lisboa aos 17 anos onde estudou e se fez homem (primeiro na Escola de Artes Aplicadas, depois na Escola António Arroio) o pintor Barata Moura levou no seu coração a límpida luminosidade dos céus da Gardunha, o cheiro acre e adocicado das plantas que pontuam os cantos da Beira, as casas e os caminhos marcados pelos passos da gente humilde e, ainda, os castelos e os pelourinhos das vilas da raia.
A rota dos anos e os ares da cidade não desvaneceram os laços de profundo afecto que ligavam o Artista aos víveres modestos das gentes da região onda nascera.
E, por uma subtil mas consistente alquimia, foi esta realidade vivencial da sua infância e da sua adolescência que Barata Moura soube transpor para a sua pintura. Daí que “ pintor da Beira” lhe tenham chamado, acrescentando-se à expressão uma outra não menos convincente: “pintor do povo”.
A este homem-artista, de ilimitada generosidade, de alma aberta, fraterna e solidária, muito deve o Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. O conjunto de quadros que pintou e que tem o rio Tejo, da nascente à Foz, como elo temático e, também a colecção de telas da sua autoria representando os Castelos e os Pelourinhos da Beira constituíram, um e outra tornados exposições itinerantes, poderoso meio de divulgação de valores patrimoniais da nossa região, formalizando, em época e em tempo em que a palavra de ordem consistia em aproximar o povo da cultura, significativo instrumento didáctico.
Como pintor (e pensamos no multifacetado repertório da sua actividade), o seu apego às raízes e a sua criação próxima das fontes implicaram absoluta identificação com conteúdos e formas que, no universo da realidade visual que era o seu, se revelaram de total e permanente constância no decurso de uma longa vida de artista. Pintor de proximidade e consciência de que a sua arte era uma arte de fixação (o olhar do pintor incidia sempre, e sem provocações imediatas, na captação de imagens da natureza dotadas de significação em cenários físicos e humanos), Barata Moura objectivou sem distorções ou idealizações, toda uma ruralidade em mutação acelerada.
Por outro lado, releve-se que a filiação realista/naturalista que suporta o dilatado desenvolvimento da sua obra traduz hoje uma passada atitude mais conservadora ou um consciente desapego relativamente a outros caminhos estético-pictorios correntes no Portugal do século XX. Atitude aliás muito peculiar que tem a ver, ao fim e ao cabo, com a função social do acto de pintar.
A simplicidade (quantas vezes aparente) dos ciclos naturais da vida, conseguiu o Pintor testemunhá-la mediante a utilização de uma paleta forte e exuberante em contraste, quantas vezes, com os elementos humanos na mesma, tornada composição, representados.
Pintura que afinal se individualiza ainda pelo não raro teor de denúncia que a enforma e que podemos apreender em variadas telas.
Não se trata, pois e tão somente, de um pintor de” líricas” paisagens, copiador fiel de uma natureza estática, mas antes de um, artista que foi capaz de captar, interpretando-as, a tristeza e a solidão, pertinentes evidências num mundo rural, em gentes e espaço em acentuada desagregação.
A rota dos anos e os ares da cidade não desvaneceram os laços de profundo afecto que ligavam o Artista aos víveres modestos das gentes da região onda nascera.
E, por uma subtil mas consistente alquimia, foi esta realidade vivencial da sua infância e da sua adolescência que Barata Moura soube transpor para a sua pintura. Daí que “ pintor da Beira” lhe tenham chamado, acrescentando-se à expressão uma outra não menos convincente: “pintor do povo”.
A este homem-artista, de ilimitada generosidade, de alma aberta, fraterna e solidária, muito deve o Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. O conjunto de quadros que pintou e que tem o rio Tejo, da nascente à Foz, como elo temático e, também a colecção de telas da sua autoria representando os Castelos e os Pelourinhos da Beira constituíram, um e outra tornados exposições itinerantes, poderoso meio de divulgação de valores patrimoniais da nossa região, formalizando, em época e em tempo em que a palavra de ordem consistia em aproximar o povo da cultura, significativo instrumento didáctico.
Como pintor (e pensamos no multifacetado repertório da sua actividade), o seu apego às raízes e a sua criação próxima das fontes implicaram absoluta identificação com conteúdos e formas que, no universo da realidade visual que era o seu, se revelaram de total e permanente constância no decurso de uma longa vida de artista. Pintor de proximidade e consciência de que a sua arte era uma arte de fixação (o olhar do pintor incidia sempre, e sem provocações imediatas, na captação de imagens da natureza dotadas de significação em cenários físicos e humanos), Barata Moura objectivou sem distorções ou idealizações, toda uma ruralidade em mutação acelerada.
Por outro lado, releve-se que a filiação realista/naturalista que suporta o dilatado desenvolvimento da sua obra traduz hoje uma passada atitude mais conservadora ou um consciente desapego relativamente a outros caminhos estético-pictorios correntes no Portugal do século XX. Atitude aliás muito peculiar que tem a ver, ao fim e ao cabo, com a função social do acto de pintar.
A simplicidade (quantas vezes aparente) dos ciclos naturais da vida, conseguiu o Pintor testemunhá-la mediante a utilização de uma paleta forte e exuberante em contraste, quantas vezes, com os elementos humanos na mesma, tornada composição, representados.
Pintura que afinal se individualiza ainda pelo não raro teor de denúncia que a enforma e que podemos apreender em variadas telas.
Não se trata, pois e tão somente, de um pintor de” líricas” paisagens, copiador fiel de uma natureza estática, mas antes de um, artista que foi capaz de captar, interpretando-as, a tristeza e a solidão, pertinentes evidências num mundo rural, em gentes e espaço em acentuada desagregação.
O Albicastrense
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