terça-feira, dezembro 06, 2011

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - LIV

A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade
.
(Continuação)
A acta de 20 de Novembro de 1791, depois de dizer quem assistiu à sessão, começa assim:
Nesta Vereação a que foram convocados a Nobreza e Povo dos lugares de Alcains e Louza para responderem a hum requerimento que os Procuradores dos referidos Lugares fizeram a Sua Magestade para que lhes concedesse o levantarem o dinheiro que se achava com que tinhão concorrido para as Pontes dos Rios ocreza e Alvito e sendo lido aos mesmos o referido requerimento disserão que elles convinhão nelle pella necessidade que tinhão os da Louza de dinheyro para continuar a obra da Torre da Igreja que ha pouco se tinha rematado, e os de Alcains para acabarem a obra de Sàchistia da sua Igreja, e de como assim o disseram assignarão”.
E lá aparecem as assinaturas; que são quinze da Lousa, das quais seis são de cruz, e apenas três de Alcains.
Parecia, pois, que ocaso estava arrumado, que o pedido estava deferido e que o dinheiro lá ia para a torre da igreja da Louza e para a sacristia da igreja de Alcains.
Não aconteceu, porém assim. Depois das assinaturas da “Nobreza e Povo”, acta continua e reza assim:
Continuando esta Vereação respondem os oficiais da Camara que visto a grande necessidade em que esta Cidade e sua Comarca de achava das Pontes para que se acha depozitado o dinheiro que pretendem levantar os Procuradores dos Lugares da Alcains e Louza considerando tãobem que as obras particulares e veluntarias que aquelles pretendem fazer não devem nunca prevalecer ás obras publicas e de tanta nescessidade como as ponderadas, não covinhão no seu requerimento muito principalmente por se não achar obra das Pontes prohibida mas somente sustada e pella dificuldade e demora que ha de haver em se tornarem a fintar os Povos quando Sua Magestade mande continuara a referida obra”.
Estava de há muito resolvido construir as pontes da Ocreza e do Alvito. Tinha-se juntado para elas o dinheiro necessário por meio de uma finta que abrangeu todos os povos da cidade e seu termo, tinham sido arrematadas as respectivas obras. Mas o governo tinha mandado que se não levassem por diante até segunda ordem. Os motivos são fáceis de adivinhar: tinha-se andado em guerra com os espanhóis, os ares estavam turvos e não era por isso conveniente que com as pontes se facilitasse a passagem de tropas estrangeiras por esse Portugal além.
Mas o facto de estarem então proibidos os trabalhos não queria dizer que eles não se fizessem, logo que a situação melhorasse; por isso, desde que se tinha juntado o dinheiro para as pontes, tivessem santa paciência os Procuradores do Povo de Alcains e Louza, deixassem-no estar onde estava, bem guardado, bem acautelado, e fizessem lá a torre e a sacristia como pudessem. Eram obras “particulares e voluntarias”, não deviam “prevalecer às publicas”.
A Nobreza e o Povo das povoações referidas com certeza deram por paus e pedras, mas não ganharam nada com isso.
(Continua)
PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense

3 comentários:

  1. Olá , "veginho "; interesantes estas suas postagens ,.Para além de tudo o mais mostram -me que à época as igrejas da região deviam estar mesmo necessitadas de obras , pois o mesmo sucedia com a matriz de Idanha-a-Nova . Outro aspecto interessante é o facto de as vozes do interior já não chegassem ao Terreiro do Paço ou pelo menos aos seus representantes . Assim ,cá vamos continuando...
    Muntas vegitas
    Quina

    ResponderEliminar
  2. Amiga Quina.
    Se ontem as vozes do interior não chegavam as terreiro do paço, as coisas hoje, não estão muito diferentes.
    Basta olhar-mos para as portagens que hoje começarão a ser pagas, para verificarmos que pouco ou nada mudou para quem "comanda" a "maralha".
    Em fim, é caso para dizer: que cada povo tem aquilo que merece.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. Pois , tristemente , parece que o dito senhor das botas de elástico !!!, tinha razão ao dizer isso...Aliás , também disse que o povo quanto mais ignorante mais feliz... e Portugal é Lisboa ,o resto é paisagem . Será que é isso que pretendem ? , realizar as proclamações do do "dito "?! Temo que sim .
    AB:
    Quina

    ResponderEliminar

TOPONIMIA ALBICASTRENSE - "RUA ROBLES MONTEIRO"

RUAS DA TERRA ALBICASTRENSE Desta vez tenho para divulgar, uma rua que tirando quem lá mora, poucos saberão onde fica, uma vez, que se trata...