(Feito por Maria Emília Louraça, directora do Jornal; “A Aurora”.)
Na terça feira pretérita saia a cidade por momentos da sua inercia habitual. Circulava nas bocas de todos os seus habitantes uma tristíssima noticia.
Ia
chegar de Lauseanne (Suissa) para recolher ao jazigo da família o
cadáver do nosso querido patrício Sr. Francisco Tavares Proença
Júnior falecido em plena mocidade.
Muito
antes da chegada da locomotiva que trazia aqueles preciosos despojos,
começou o povo a caminhar em grupos para a estação do caminho de
ferro, onde se acumulou, misturando-se ali sem distinções todos
aqueles, que queriam render o seu preito respeitoso àquele morto
ilustre. Passando algum tempo poz-se o cortejo em marcha percorrendo
silencioso o trajecto que vai da Estação à Igreja Matriz onde foi
depositada a urna em magnifico catafalco.
Em
todos os rostos se divisava a tristeza da solenidade do momento,
deixando-nos a dolorosa impressão duma perda irreparável.
Ontem
realizou-se o enterro que escusado é dizer revestiu um carácter
imponente; tudo o que de Castelo Branco tem de melhor estava ali
representado não falando no povo que se apinhava em massa em
extensão compacta.
Enaltecer as qualidades do morto não pertence a mim fazê-lo, por ser medíocre na arte de escritora, deixo isso a quem tiver competência para o fazer; direi apenas que o Sr. Proença Júnior, era moço distinto de excelentes qualidades e um belo carácter.
Enaltecer as qualidades do morto não pertence a mim fazê-lo, por ser medíocre na arte de escritora, deixo isso a quem tiver competência para o fazer; direi apenas que o Sr. Proença Júnior, era moço distinto de excelentes qualidades e um belo carácter.
Castelo
Branco está de luto por ter falecido um dos seus filhos mais
diletos; neste pequeno torrão que o viu nascer no palácio dos seus
maiores, teve o Sr. Proença Júnior o seu berço de oiro.
Parecia
que nada lhe faltava para ser feliz; tinha um pai que o adorava e uma
mãe que o estremecia; em sua carinhosa irmã a Sr. D. Barbara
Tavares de Proença colhia ele um verdadeiro amor fraternal: o
dinheiro tinha-o sempre à farta, e não lhe faltavam amigos em cada
pessoa que conhecia.
De repente acontecimentos políticos lavaram-no para longe de nós, e actualmente para achar alivio à doença que há muito o vinha martirizando via-se obrigado a viver na Suíça onde os seus não o podiam acompanhar por a saúde de seu pai ser também muito precária.
De repente acontecimentos políticos lavaram-no para longe de nós, e actualmente para achar alivio à doença que há muito o vinha martirizando via-se obrigado a viver na Suíça onde os seus não o podiam acompanhar por a saúde de seu pai ser também muito precária.
Ultimamente
agravaram-se os sofrimentos do simpático moço, e lá morreu longe
da terra que o viu nascer, e da pátria que muito amava.
Triste
odisseia duma existência que parecia tão florida, e ainda mais
triste o desenlace, que a todos acabrunhou deixando-nos um vácuo
tarde ou nunca preenchido porque a sua saudosa memoria ficara na alma
de todos.
Os
albicastrenses que esperavam abraçá-lo um dia cheio de vida e
mocidade, apenas puderam ter a consolação de acompanhar os seus
restos ao jazigo da família onde ficaram depositados.
Que
descanse em paz o nosso querido, e nunca assás chorado patrício e
amigo, e a sua família enlutada as suas sentidas condolências lhe
enviam os colaboradores e a redacção do Jornal “A AURORA” .
PS. O texto está tal como foi escrito na época.
(Jornal. "A Aurora", nº 2, de 15-10-1916).
O Albicastrense
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