segunda-feira, fevereiro 26, 2018

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – CXXV


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

(Continuação)
A sessão que se segue é a de Abril de 1807. A acta, depois da praxe abitual, diz que pelos vereadores foi determinado.
 Que em attenção a urgente necessidade de se reedificar a Caza da Camara e  passos do Concelho desta cidade convinham, e determinavam que pelos anos próximos seguintes se vendessem todas as pastegens chamadas Agostadouros que pertencem ao Povo da mesma cidade para que em seu  produto se fazer a referida reedificação fazendosse  aquella venda segundo he costume, que vem a ser o restolho da  folha de Mercules, segundo da folha de São Bartholomeu, e o terceiro da folha da Líria.
 Ordenando outro sim que precedessem os termos legais para se proceder na arrematação das referidas pastegens, que deve ser sem prejuízo de entrarem, ella os gados muidos segundo é costume aos creadores desta cidade, sem que fiquem responsáveis por algum preço ou quantia por estarem nesta posse, e uso antiquíssimo. E finalmente no auto da arrematação se fizessem aquellas clauzulas, e condiçoins que parecerem necessárias e convenientes”.
 Ficamos desde agora sabendo qual o motivo por que as sessões da Câmara se vinham realizando, desde certo tempo, na casa do juízo pela ordenação.
A casa da Câmara estava incapaz de servir, e tão incapaz que havia necessidade de a “reedificar” (é preciso não tomar muito á letra este “reedificar”, porque a “reedificação” foi apenas uma “grande reparação”) e para ocorrer às despesas se resolveu vender os agostadouros por três anos, saltando por cima do uso consagrado de estarem os criadores da cidade “na posse e uso antiguíssimo” das tais pastagens.
As coisas, porém, não correram com tanta simplicidade como a Câmara julgava e decerto esperava, porque na sessão seguinte, que se realizou em 10 de Maio, apareceram José Vaz da Cunha e António Soares Franco a reclamar, em seu nome e no dos mais criadores contra tal resolução, por que a ela se opunha a provisão régia de 17 de Novembro de 1753 “que obtiveram com munto trabalho, e despesas os lavradores desta cidade na qual ordena Sua Majestade que em nenhuma Coutada ou Baldio do Conselho se preeittão Porcos por arruinarem os pastos, e truvarem as agoas deixando-as incapazes para o uso dos outros gados”.
Em vista do exposto, queriam que “feita a avalução dos referidos agostadouros se vendão a elles suplicantes… para postage somente do gado de lã e cabello obrigandosse aos pagamentos no tempo em que se ajustar”.
A Câmara mostrou-se convencida, disse que estava bem assim, mas ainda em obediência à provisão régia de 1 de Maio de 1805. Se procedesse à construção de “hum cemitério pella maneira declarada na mesma Provisão”. A Câmara não disse que sim nem que não. Depois se pensaria nisso.
 (Continua)
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais:
O que acabaram de ler é uma transcrição do que
 foi publicado na época.
O Albicastrense

1 comentário:

  1. Amigo
    Boa tarde
    Não vou fazer nenhum comentário ao seu escrito em epigrafe,mas vou manifestar através do seu blog, que tem leitores sem conta, o repúdio ao vandalismo que ultimamente tem assolado a cidade e do qual o semanário " Reconquista " tem feito eco e muito especialmemte o de hoje. É uma vergonha no século XXI existirem animais que se dizem ser racionais e que não são mais do que animais indignos de viverem em sociedade. A nossa Autarquia tem procurado com dignidade manter a cidade com bom nível de qualidade urbana e depois assiste-se à destruição do património que é nosso, de todos os albicastrenses. Oxalá a nossa PSP consiga identificá-los e depois o tribunal lhes dê a lição que merecem.
    Que outros albicastrenses coloquem aqui também o seu desagrado pelo acontecido.
    Um abraço
    JJB

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