INAUGURAÇÃO DA LINHA DO CAMINHO DE FERRO DA BEIRA BAIXA
O
discurso foi publicado pelo jornal; “CORREIO
DA BEIRA”, no dia 9 de Setembro de 1891.
Segundo
consta, o referido discurso foi escrito por Maria Emília Louraça.
Resta acrescentar, que nestes festejos estiveram os meus avós paternos.
Resta acrescentar, que nestes festejos estiveram os meus avós paternos.
A SUAS MAJESTADES
Obrigado,
Senhores, pela vossa visita, que tanto enthusiasmo despertou ao povo
albicastrense, certamente merecedor de tal honra, pelo expontaneo affecto e
dedicação, que rende á família real portugueza.
Obrigado,
Senhores, porque viestes mostrar ao povo português que bem compreendeis a vossa
elevada missão, vindo inaugurar o celebérrimo melhoramento com que foi dotada
esta província.
Era
justo que a monarchia portugueza do fim do século dezanove, filha predilecta
dos princípios liberais, que foram a alvorada d’seculo, solemnisasse com a sua
augusta presença e manifestação por execellencia da mais arrojada civilização.
A
vossa visita foi um imortal exemplo do que devem ser os monarchias
constitucionais, a estreita união entre o rei e o povo.
E quando as grandes potências nos quiserem
deslumbrar com o seu poderio dizei-lhes: nós passeamos quasi confundidos no
meio d’uma multidão compacta de todas as classes que nos saudava, conversando
alegremente com os que por acaso se aproximavam de nós, sem inquirirmos quem
eram, nem se nos seriam dedicados, porque a atitude do povo não deixava duvida
de que em cada pessoa que nos acompanhava
pulsava um coração amigo.
Dizei
ainda a esses que fazem gala dos seus armamentos que a vossa esquadra e couraçados
para defeza dos vossos direitos é formada pelo coração de cada portuquez
transborda de patriotismo e de dedicação pelos seus reis.
O
povo actual, se não comprehende já a realeza ostentosa, cheia de etiquetas
anachronicas e tão elevada que só se lhe apreciam os ouropéis, comprehede bem e
adora a realeza popular, realçada pela caridade e pela afeição consagrada ao
povo.
Continuai
pois com firmeza na vossa senda por vezes espinhosa, com a mesma amabilidade e
dedicação pelo povo e vivendo com elle, para que, quando for preciso, venha
cortar os espinhos que vos impedirem a passagem.
Aquelles
a quem enxugasteis as lágrimas, a quem manifestasteis a vossa incomparável
amabilidade.
E
vós, Senhora, não encarcereis no vosso palácio a amabilidade distinctissima com
que a natureza vos dotou, porque haveis de conseguir gravar no coração de todos
os que tiverem fortuna de vos apreciar de perto a dedicação que só as grandes
sympathias sabem inspirar.
E se
por ventura alguma vez vos sentirdes amargurada, recordai-vos, como pderoso
balsamo, de que uma noite de cinco de Setembro de 1891 estivesteis risonha e
satisfeita entre uma grande massa do povo, que vos manisfestava a sua sympatia,
dançando ao som de cantares populares e do tradicional adofe beirão. Acceitai,
pois, a saudação d’este povo reconhecido á vossa popularidade e à desvelada
caridade com que tratasteis os desprotegidos da fortuna.
Ps. O discurso está neste poste, tal como foi
publicado no jornal, "CORREIO DA BEIRA", em 1891.
O Albicastrense
Sem comentários:
Enviar um comentário