sexta-feira, dezembro 07, 2018

ANTIGA ERMIDA DE S. BRÁS


J. Ribeiro Cardoso diz no seu livro
 “CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”, o seguinte
 sobre a antiga Ermida de S. Brás.

A “MONOGRAFIA DE CASTELO BRANCO”, de António Roxo traz a seguinte nota: “Sobre a verga da porta principal da hoje arruinada capela de S. Brás se vê gravada a era de 1101, que pela era de Cristo vem a ser 1603.
(Deve ter escrito o autor 1063, onde por lapso tipógrafo se vê escrito 1603). Esta doação (de Fernando Sanches a D. Gomes Ramires – X mestre do templo em Portugal), foi feita em 1209, que pela era de Cristo vem a ser 1171, ora entre a época da doação e da igreja vem a haver a diferença a mais para a igreja 108! 
Se foi Fernando Sanches que a edificou, e que por certo não  foi outro, quantos anos tinha o fundador da Vila Franca da Cardosa ao tempo da cedência que fez aos templários? Sendo assim, é mais do que provável que foi a primeira igreja dos domínios de Fernando Sanches, e tem hoje 827 anos de existência, e foi edificada pelo fundador de Castelo Branco”.

Ora, em boa verdade António Roxo não viu verga alguma sobre a portada principal, pois que verga nenhuma ali existiu. Existe sim um arco e, sobre o fecho desse arco, no friso, é que está gravada uma data. Sem óculos especiais, a olho nu, vê-se ali gravada a era de 1701 e nunca 1101! 
Um erro do canteiro deu lugar a que, na mesma pedra, essa data de 1701 esteja ainda outra vez gravada, um pouco para a esquerda, invertidamente, assim: 1170, dando esse erro lugar a que tivessem os algarismos respetivos de ser tapados a cal, como ainda ali se observa!
Posto isto e sabido que não existe verga e que a data da porta principal da Capela de S. Brás é de 1701, ainda se poderia admitir que, antes da ermida cujas ruínas hoje existem, outra ali tivesse existido, da fundação de Fernando Sanches ou dalgum   seu antecessor no domínio do aglomerado urbano que António Roxo diz ser hoje Castelo Branco; As igrejas e ermidas edificadas em substituição de outras, da época do estilo românico, conservaram a mesma orientação nascente-poente, com a porta principal para este lado, regra litúrgica a que nunca se fugia.
Uma grande parte das igrejas tem ainda a sua porta principal para esse lado, umas para conservar a regra aludida e outras para manter a posição dos templos que substituíram. E o que também sucede em Castelo Branco com as igrejas de S. Maria, S. Miguel, S. António, Graça e com a que existiu no Convento de Santo António dos Capuchos e com as de S. Sebastião e S. João hoje demolidas e ainda com as ermidas de Espírito Santo, Sr. da Piedade e S. Marcos.
Hoje, só a ermida da Senhor da Azinha e a ermida de S. Brás em ruínas, estão fora da orientação nascente - poente e sem a porta principal para o poente. S. Brás a ermida ou igreja de que se trata, tem a porta principal nitidamente para o nordeste.
Não é pois de acreditar que, no lugar onde hoje se vêm as paredes de S. Brás, anteriormente ali tivesse existido uma outra igreja ou ermida.

Em 1853, segundo informa Porfírio da Silva, ainda a ermida estava em bom estado de conservação, dizendo ele o seguinte sobre a ermida: 
"Em 1881, quando em vim para a escola do Castelo aprender a letra, já estava desabado o telhado e assim esteve por anos, até que lhe furtaram os caibros e as traves, e por fim lhe levaram as portas que alguém substitui por tosca parede de pedra solta, como a gravura mostra. 
Em 1940 fez-se a comemoração dos centenários da fundação e restauração de Portugal, e veio brigada de operários para levantar as linhas mestras do velho e arruinado Castelo, e sem se saber bem porque, começaram por ultimar a demolição da velha ermida que nada tinha com a obra projetada, no que ainda restava da ação do tempo. 
A ermida tinha o seu assento fora de muros no alto do Castelo, em frente da muralha onde estava a torre sineira da freguesia de Santa Maria do Castelo".

PS. Texto está aqui postado, tal como foi publicado
por J. Ribeiro Cardoso em 1953.
O Albicastrense

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