A rubrica Efemérides Municipais foi
publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi
publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal
deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo
trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e
muitas vezes).
(Continuação)
Vem agora a sessão de 1 de
dezembro, que vem a seguir, apareceu o tesoureiro dos “Ingeitados”, João
Nunes de Sequeira, a queixar-se de que não tinha sombra de dinheiro para pagar às
almas. Lançou-se uma finta “pelos Povos do Termo desta Cidade”, que
rendeu trezentos mil reis.
Não era uma fortuna, mas
não havia para mais, e por isso mesmo os vereadores: Determinaram.
“visto terem cessado os motivos
pelos quaes se augmentou o selário que
se costumava dar às Amas pela creação dos Expostos e ter deminuido consideravelmente o rendimento
das sizas por não se effectuarem compras de bens de raiz como dantes de que
resultou não haver sobejos para epprir aquellas despezas, se reduzisse a
quantia de mil quatro centos e quarenta reis que até agora se pagava
mensalmente a cada Ama a quantia de mil e duzentos reis devendo começar este
pagamento desde o mem de Novembro próximo pretérito inclusive”.
Não havia compras de bens
de raiz, porque não havia segurança para ninguém, as sisas não rendiam nada,
não havia sobejos e por isso toca a reduzir o salario das pobres amas dos
expostos em doze vinténs por mês.
Tivessem paciência. Não
havia e, quando não há, tudo tem de esperar.
Ainda
nesta sessão foram nomeados “para derramadores de Sizas e Decimas” o capitão
Joaquim José Mendes Fevereiro, José Joaquim Pancas, Doutor Manuel de Ascensão,
Luís António Henriques de Almeida, José Jorge e Manuel da Fonseca.
(Continua)
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais”; O que
acabaram de ler é uma transcrição, do que foi
publicado na época.
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RODA DOS EXPOSTOS
OU RODA DOS ENJEITADOS
A roda
dos expostos ou roda dos enjeitados consistia num mecanismo
utilizado para abandonar (expor ou enjeitar na linguagem da época) recém nascidos que
ficavam ao cuidado de instituições de caridade.
O
mecanismo, em forma de tambor ou portinhola giratória, embutido numa parede, era construído de tal forma que aquele que expunha
a criança não era visto por aquele que a recebia. Esse
modelo de acolhimento ganhou inúmeros adeptos por toda a Europa. principalmente a católica, a
partir do século XVI.
EM
PORTUGAL:
Em Portugal, as rodas
espalharam-se a partir de 1498 com o surgimento das irmandades da Misericórdia, financiadas pelos Senados das Câmaras. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi pioneira
neste dispositivo. Segundo as Ordenações Manuelinas de 1521 e confirmadas pelas Ordenações Filipinas de 1603, as Câmaras deveriam arcar com o custo de criação do
enjeitado nascido sob a sua jurisdição, caso esta não tivesse a Casa dos
Expostos e nem a Roda dos Expostos.
A
Câmara teria essa obrigação até que o exposto completasse sete anos de idade
O Albicastrense
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