Em
1866, Guilhermino de Barros, transmontano ilustre casado com D.ª Júlia Vaz
Preto da Lousa e aqui Governador Civil (1865 a 70), criou o Asilo da Infância
Desvalida com o forte apoio financeiro da Duquesa de Bragança, visando acolher,
alimentar, vestir e educar crianças órfãs de ambos os sexos. Seguindo os
contornos assistenciais e caritativos das várias épocas, não deixou de
desempenhar uma função social relevante.
Logo no início, o influente político Vaz Preto Giraldes, Par do Reino e grande
defensor da linha de caminho-de-ferro da Beira Baixa, cedeu ao Asilo parte da
sua biblioteca. Durante os conturbados tempos do fim da Monarquia e da 1ª
República o Asilo manteve-se bastante isolado e preparando as jovens para serem
serviçais domésticas.
Foi
já na década de trinta do Século passado que a vertente educativa ganhou um
novo impulso coma presença de professores laicos na Direção do Padre José
Branco Pardal. Contudo, foi com o Dr. Ulisses Pardal no longo período da sua
presidência (de 1963 a 90) que se deu a abertura à Comunidade Albicastrense.
Do
Instituto de Assistência aos Menores, vieram os primeiros técnicos do Serviço
Social. Concretizou-se a passagem de Asilo para Casa da Infância e Juventude-
CIJE. Foi publicado o livro «Cem anos ao Serviço da Infância». Foi já com
Batista Pires Nunes (1992 a 97), que foram celebrados acordos com várias
instituições, designadamente, o Ministério do Emprego e Segurança Social,
reforçando-se a formação profissional das jovens que deixaram de ir aprender em
casas particulares. A equipa docente foi reforçada com pessoal técnico da área
da psicologia.
Já na primeira década deste Século, com o Dr. Dias de Carvalho à frente da
Instituição, reforçou-se a formação orientada para a futura autonomia económica
e independência das jovens. No plano educativo, valorizou-se a formação
profissional em parceria com a APPACDM-Associação de Pais e Amigos das Crianças
com Deficiência Mental, visando a aquisição de competências para a vida activa.
Em
2006 pelos cento e quarenta anos da instituição, foi publicado o livro da Dra.
Adelaide Salvado «Casa da Infância e Juventude-Rumos Educativos.
A
partir de 2013, com a Dra. Graça Frade à frente da CIJE, reforçou-se a rede de
parcerias e múltiplas iniciativas com mais de uma dezena de Instituições da
nossa cidade consolidando-se o projecto educativo: educar e socializar para a
autonomia e desenvolvimento integral das jovens. A equipa técnica, cada vez
mais pluridisciplinar, enriqueceu-se com múltiplas vertentes de trabalho
voluntário. Planos como o DOM (Desafios, Oportunidades e Mudança) e o SERE (Sensibilizar, Envolver, Renovar, Esperança Mais) - instrumentos valiosos na
intervenção positiva descobrindo e valorizando as potencialidades das jovens e
as oportunidades para a sua vida ativa.
Visando a continuidade do apoio à
integração na sociedade das jovens que atingem a idade adulta, está em
desenvolvimento o Projeto: Casas de autonomia; de que é exemplo a casa Dª Teresinha
Sanches.
Da
história e relevância social desta Instituição apenas foi possível dar aqui
umas modestas pinceladas. Tenham elas, neste nosso tempo de tanta pressa e
ânsia de tudo fruir e descartar rapidamente, algum mérito no sentido de ajudar
a parar e a refletir. Para mais informação está patente na Biblioteca Municipal
uma exposição completa sobre a história, a vida e os projetos da CIJE, e outras
iniciativas comemorativas que se irão realizar.
É com Instituições como a CIJE, nos longos elos da história encadeando as
inúmeras participações solidárias e voluntárias de tantos cidadãos e cidadãs
generosas, que se construiu e melhorou a Cidade/Comunidade que somos.
Vivam
as crianças e quem as ama, protege e educa. Longa vida e parabéns à Casa da
Infância e Juventude de Castelo Branco.
Recolha de dados; "Jornal Gazeta do Interior".
O ALBICASTRENSE
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