PINTOR BARATA MOURA
"RETROSPECTIVA"
"de 20 de Outubro de 2006
a
22 de Janeiro de 2007"
Museu Francisco Tavares Proença Júnior
Castelo Branco
Nascido em Castelo Novo em 1910, migrante para Lisboa aos 17 anos onde estudou e se fez homem (primeiro na Escola de Artes Aplicadas, depois na Escola António Arroio) o pintor Barata Moura levou no seu coração a límpida luminosidade dos céus da Gardunha, o cheiro acre e adocicado das plantas que pontuam os cantos da Beira, as casas e os caminhos marcados pelos passos da gente humilde e, ainda, os castelos e os pelourinhos das vilas da raia.
A rota dos anos e os ares da cidade não desvaneceram os laços de profundo afecto que ligavam o Artista aos víveres modestos das gentes da região onda nascera.
E, por uma subtil mas consistente alquimia, foi esta realidade vivencial da sua infância e da sua adolescência que Barata Moura soube transpor para a sua pintura. Daí que “ pintor da Beira” lhe tenham chamado, acrescentando-se à expressão uma outra não menos convincente: “pintor do povo”.
A este homem-artista, de ilimitada generosidade, de alma aberta, fraterna e solidária, muito deve o Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. O conjunto de quadros que pintou e que tem o rio Tejo, da nascente à Foz, como elo temático e, também a colecção de telas da sua autoria representando os Castelos e os Pelourinhos da Beira constituíram, um e outra tornados exposições itinerantes, poderoso meio de divulgação de valores patrimoniais da nossa região, formalizando, em época e em tempo em que a palavra de ordem consistia em aproximar o povo da cultura, significativo instrumento didáctico.
Como pintor (e pensamos no multifacetado repertório da sua actividade), o seu apego às raízes e a sua criação próxima das fontes implicaram absoluta identificação com conteúdos e formas que, no universo da realidade visual que era o seu, se revelaram de total e permanente constância no decurso de uma longa vida de artista. Pintor de proximidade e consciência de que a sua arte era uma arte de fixação (o olhar do pintor incidia sempre, e sem provocações imediatas, na captação de imagens da natureza dotadas de significação em cenários físicos e humanos), Barata Moura objectivou sem distorções ou idealizações, toda uma ruralidade em mutação acelerada.
Por outro lado, releve-se que a filiação realista/naturalista que suporta o dilatado desenvolvimento da sua obra traduz hoje uma passada atitude mais conservadora ou um consciente desapego relativamente a outros caminhos estético-pictorios correntes no Portugal do século XX. Atitude aliás muito peculiar que tem a ver, ao fim e ao cabo, com a função social do acto de pintar.
A simplicidade (quantas vezes aparente) dos ciclos naturais da vida, conseguiu o Pintor testemunhá-la mediante a utilização de uma paleta forte e exuberante em contraste, quantas vezes, com os elementos humanos na mesma, tornada composição, representados.
Pintura que afinal se individualiza ainda pelo não raro teor de denúncia que a enforma e que podemos apreender em variadas telas.
Não se trata, pois e tão somente, de um pintor de” líricas” paisagens, copiador fiel de uma natureza estática, mas antes de um, artista que foi capaz de captar, interpretando-as, a tristeza e a solidão, pertinentes evidências num mundo rural, em gentes e espaço em acentuada desagregação.
Castelo Branco, Outubro de 2006, António Forte Salvado.
PS. A todos os responsáveis por esta bela Exposição Retrospectiva, apenas duas palavras, Bem-haja.
Ao mestre Barata Moura, um grande abraço do Albicastrense
O ALBICASTRENSE
Verissimo, já estava à espera deste post. Só tenho pena de não estar presente. Como está o velhinho?
ResponderEliminarBatista, conforme podes ver pela fotografia está bem, mas sempre são 96 anos de idade, tem algumas dificuldades a andar e pequenos lapsos de memória.
ResponderEliminarFoi uma grande alegria para todo o pessoal do museu poder vê-lo e sentir que ainda temos homem, para mais algum tempo.
Quando vieres a Castelo Branco, avisa um dia antes por causa do DVD
Um abraço
ADOREI A PEÇA SOBRE O PINTOR BARATA MOURA.
ResponderEliminarVOU CONTINUAR CLIENTE DESTE BLOGUE ATÉ PORQUE CASTELO BRANCO É UMA CIDADE QUE ME DESPERTA MUITO INTERESSE E ME TRAZ BOAS RECORDAÇÕES.
CHAMO-ME ANTÓNIO VERÍSSIMO E CONVIDO-TE A VISITAR O MEU BLOGUE QUE É www.sol.sapo.pt/blogs/averissimo
SAUDAÇÕES DO
ANTÓNIO VERÍSSIMO
MIRA
Saudamos o regresso da colaboração do Dr. António Salvado nas actividades do Museu de Castelo Branco.
ResponderEliminarSaudamos o regresso da colaboração do Dr. António Salvado nas actividades do Museu de Castelo Branco.
ResponderEliminarSaudamos o regresso da colaboração do Dr. António Salvado nas actividades do Museu de Castelo Branco.
ResponderEliminarQue bela exposição,ao fim de tantos anos lá se consegui,há que agradecer principalmente á grande insistencia dos trabalhadores do Museu,e á sociedade dos amigos do Museu,que quizeram prestar grande homenagem ao Pintor Mestre Barata Moura.
ResponderEliminarQue bela exposição,ao fim de tantos anos lá se consegui,há que agradecer principalmente á grande insistencia dos trabalhadores do Museu,e á sociedade dos amigos do Museu,que quizeram prestar grande homenagem ao Pintor Mestre Barata Moura.
ResponderEliminarCaro anónimo
ResponderEliminarQuer desde já agradecer-lhe este esclarecimento, Aos trabalhadores do museu e á sociedade dos amigos do museu, de que aliás faço parte, mais uma vez o meu bêm-haja.
Primeiro cresci no jardim onde o mestre pintava, cresci com o sentido da sua arte. Fiz-me homem e um dia tive a sorte de o conhecer e de lhe dizer que era um mestre que fazia sonhar.
ResponderEliminartemos uma diferença de 50 anos de idade mas isso não importa pois Barata Moura, faz acreditar que a arte existe em tudo o que ele toca, mesmo no coração das pessoas.
Para o mestre mando estas palavras.
António Gonzaga
antoniogonzaga@netcabo.pt