Na Casa do Arco do Bispo
PS. Apenas um senão: que pena serem só quinze quadros…
Raul Costa Camelo – nasceu em 22 de Abril de 1924, na Covilhã, originário de velha família albicastrense. Infância
Vive e trabalha em Paris desde 1950. Nomeado com o Grau de Cavaleiro das Artes e das Letras pelo Governo Francês em 1987 e condecorado pelo Governo Português em 1984 como “Oficial da Ordem do Infante D. Henriques o Navegador".
JL/ jornal de letras, Artes e ideias,
em Setembro de 87
Sempre admirei e invejei a soberana liberdade dos compositores musicais, dos quais ninguém esperou que descrevessem o “ Rapto das Sabinas” ou a “Chegada de Maria a Paris”… Embora o pudesse ter feito se lhes desse para isso… Ao contrario da Musica, a Pintura está cheia de impurezas, de ambiguidades. Dá-se o nome genérico de Pintura a coisas que não têm nada que ver umas com as outras.
Quanto ao meu objectivo, foi “apenas” a conquista de uma liberdade semelhante à que os músicos sempre tiveram.
Creio que já era esse o objectivo de um Kupka, antes da Primeira Guerra Mundial.
Não sei bem o que é a “Arte Moderna”, não sei bem o que é “abstracto” nem o que é ”figurativo”. Creio que toda a pintura é, de certo modo, gravuras e desenhos ”abstractos gestuais”; e Turner, segundo a Rainha Vitória, “tinha talvez muitos talento mas fazia coisas que ninguém entendia”, o que, claro, tinha algo de “shocking”…
Haverá uma maneira portuguesa de “estar na pintura”? Não sei…Talvez um certo sentido melancólico da medida, avesso às “outrances” e às afirmações categóricas. Não sei…À laia de conclusão, faço minha, sem escrúpulo, uma frase de Andrei Sakharov, admirável na sua humildade: “Gradualmente, fui deixando de compreender muitas coisas”…
Eu também gosto muito da pintura de Costa Camelo, em especial as marinhas.
ResponderEliminarEu fui lá hoje. Não conhecia o trabalho de Costa Camelo. Do que vi gostei e muito. Muito mesmo.
ResponderEliminarMas a qualidade daquela obra mereceria outra mostra. Aponto apenas os aspectos mais evidentes:
1 - O folheto diz alguma coisa sobre o pintor mas nada sobre a exposição propriamente dita.
2- Não sei se os quadros têm título, mas pelos menos uma referência à data de produção ajudaria a enquadrar-nos um pouco e a dar pistas sobre o "caminho" do pintor;
3 - As paredes do 1º andar da casa do Arco do Bispo estão num estado lamentável e é extremamente desagradável olhar para os quadros com uma moldura de restos de fita cola, parede suja e sei lá mais o quê;
4 - A iluminação não é uniforme nem nada que se pareça, não ajudando a uma leitura decente;
5 - A visita deve ser feita com casaco de montanha, porque a temperatura ambiente é quase a do exterior;
Até parece que estou aqui para destruir mas penso que expôr uma obra que me parece notável (embora a amostra seja "curta") nestas condições não ajuda nada nem ninguém.
Estou suficientemente à vontade com o presidente da Junta de Freguesia, Jorge Neves, para lhe fazer estes comentários pessoalmente. É o que vou fazer num destes dias.