sábado, abril 05, 2008

Castelo Branco na História XX

(Continuação do número anterior)

Por portaria de 17 de Julho de 1835 do ministério da Guerra, satisfazendo um pedido da Câmara Municipal, concedeu-lhe licença “para se apearem os arcos das muralhas da cidade e ser empregada a pedra em obras de manifesta utilidade pública”. Em 21 de Outubro do mesmo ano, o Ministério da Guerra determinou, uma nova portaria, que se desse imediato cumprimento à primeira. Ordenou também o Governo, por uma portaria de 9 de Março de 1839, que fosse vendida parte da pedra das paredes do castelo e, por outra de 20 de Março do mesmo ano, que se vendessem a telha e os madeiramentos. O terreno do parque do castelo foi cedido à Câmara pelo governo, por portaria de 19 de Novembro de 1852, para nele se fazer um cemitério; tendo porém prevalecido o bom censo, não chegou a efectuar-se esse absurdo projecto. No mesmo local foi construído, em 1867, um edifício que se destinava a liceu mas veio utilizado para Escola do Magistério Primário; em 1919 foi ali instalado um posto radiotelegráfico do exército. Foi, portanto, no século XIX que o vandalismo dos albicastrenses, acoberto pela complacência e pela indiferença das entidades oficiais, promoveu inexoravelmente a destruição das suas relíquias históricas que, se hoje existissem, constituiriam uma valiosa e interessante curiosidade turística numa cidade em que não abundam as preciosidades artísticas nem as edificações monumentais. Os agentes atmosféricos também contribuíram para a ruína do velho castelo dos templários. Uma violenta tempestade que se desencadeou na noite de 15 de Novembro de 1825 fez desabar algumas paredes da alcáçova e desmoronou a porta da Vila. No principio do ano de 1936, as chuvas torrenciais causaram a derrocada da ultima torre que restava do castelo, no ângulo nascente norte. Foi feita a reconstrução das paredes dessa torre, pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, em 1940. Todavia, não foi então feito, como era mister, um estudo prévio da reconstrução e a cidade assistiu indiferente a mais uma mutilação da sua velha fortaleza: Impensadamente considerada uma excrescência, não obstante ser coeva da fundação do castelo, foi totalmente demolida a antiga alcáçova, da qual ainda se podiam ver, em 1939, umas casas de cilharia ostentando na fachada principal duas janelas góticas geminadas e uma porta do mesmo estilo. E assim ficou implacavelmente restringida a umas pungentes ruínas, pelos ímpios iconoclastas indígenas com a cooperação das entidades oficiais e dos agentes meteóricos, uma das venerandas fortalezas medievais que os denodados Templários erigiram, com acrisolado desvelo, para defesa da fé e da independência da Pátria.

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PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

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