quinta-feira, abril 10, 2008

Castelo Branco na História XXI

(Continuação do número anterior)

Situada no recinto do velho castelo dos Templários, com o altar-mor orientado para o lado do nascente, a Igreja de Santa Maria, mercê das vicissitudes por que passou a povoação de Castelo Branco através dos séculos, é hoje um edifício álgido e pobre, inteiramente desprovido de lavores artísticos.
Foi esta Igreja sede de uma das duas freguesias em que outrora, esteve dividida a cidade. A freguesia de Santa Maria foi extinta e anexada à de S. Miguel por decreto de 20 de Julho de 1849. Segundo um auto de medição e descrito da Igreja, que figura no livro do Tombo da Comenda e que foi lavrado em 1753 pelo juiz do Tombo Manuel Falcão, constava nessa data que ela era obra dos Templários; é possível, porém, que a sua edificação seja anterior à do castelo e que ela já existisse em Mancarche, povoação mais remota à qual os Templários deram, no século XIII, a designação de Castelo Branco.
Sendo o edifício obra dos Templários, era natural que a sua traça obedecesse, ao estilo gótico da época, no qual foi edificada a alcáçova do castelo; o seu pórtico principal era ”guarnecido de um círculo de meia laranja de pedra, fundado em colunas” o que parece significar que era formado por arcaturas de volta plena apoiadas em colunatas, que caracterizavam as construções monumentais do estilo românico, anterior ao gótico.
Tinha este templo, desde a porta principal até ao arco da capela-mor, cerca de 33 metros de comprimento por 7,5 de largura. A capela-mor era um quadrado com 4,8 de lado. A sacristia era também quadrada com 4,17.
Na parede lateral do lado do Norte existia uma tribuna, fronteira à porta lateral, que comunicava por um arco com a cerca do palácio do castelo. Esta tribuna era privativa dos comendadores da Ordem de Cristo. Após a sua demolição foi entaipado com alvenaria o arco da entrada privativa pela cerca do palácio.
Na capela das almas existia uma lápide de cantaria com a seguinte inscrição:
“Esta capela mandou fazer Heitor Borralho de Almeida, vigário que foi desta Igreja, a qual deixou por herdeira com a obrigação de uma missa cantada cada um ano. Jaz enterrado ao pé deste altar, ano de seiscentos e dez”.
Grande número de inscrições tumulares, algumas das quais em letra gótica, se podiam ler outrora no pavimento da Igreja; porém com o objectivo de se obter o nivelamento do lajedo, foram muitas dessas inscrições vandálicamente destruídas e apagadas.

21/103

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

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