segunda-feira, maio 10, 2010

MUSEU DE FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR - VII

UM PEQUENO COMENTÁRIO
SOBRE OS PRIMEIROS ANOS DO NOSSO MUSEU




Tal como prometi, aqui ficam mais algumas páginas da história do museu entre os anos de 1910 e 1961.
(Continuação)
Tal como disse no poste anterior, o museu irá manter-se nas instalações do Governo Civil, até inícios da década de setenta do século XX.
Em finais dos anos cinquenta, começa a falar-se da necessidade de construção, de um edifício de raiz para albergar o museu.
Existia na nossa cidade em finais dos anos cinquenta, um grupo dominado de: ”Circulo Cultural de Castelo Branco”, resolveu esse grupo, mandar fazer um estudo de arquitectura e engenharia para construção de um edifício, (a que eu chamaria hoje Centro Cultural, que curiosamente! não propunha nenhuma pista de gelo…) fotos, 1 e 2.
O edifício em causa, iria albergar o museu, uma Biblioteca, a Repartição ou Comissão de Turismo, e o Circulo Cultural num conjunto impressionante, quanto à convergência de objectivos e interdependências, (como aliás se pode ler numa edição do jornal “reconquista” de 6 de Julho de 1958).
O grupo fez contactos com o Arquitecto Terra e Mota (que fez o projecto), o Ministro das obras Publicas, o Governador Civil do Distrito, a Fundação Gulbenkian, (através do seu Presidente da altura Dr. Azeredo Perdigão).
O local de construção chegou a estar designado, (local onde hoje se encontra o Palácio da Justiça), ou seja, parecia que tinha pernas para andar.
Pelo que pude constatar, nas várias edições do jornal “reconquista” que consultei, o projecto era de se lhe tirar o chapéu, porém, por motivo que desconheço o projecto morreu antes de nascer.
Como nada se resolveu em relação a novas instalações, o museu vai ficar à espera de nova oportunidade e encerra portas entre 1962 e 1971. Como a ocasião faz o ladrão, o museu é assaltado em 1968 e 1969, (os autores destes assaltos ainda hoje estão por descobrir!..).
Com estes assaltos, o museu fica muito mais pobre, pois foram roubadas centenas de valiosas moedas, assim como outras peças de grande valor.
Curiosamente, é durante a estadia do museu no Governo Civil, que este albicastrense se apercebe da sua existência.
No início do anos sessenta, (era eu um puto com pouco mais de dez anos) ao passar por ali, reparei num velho homem sentado à porta da entrada do museu, e ao qual eu perguntei se podia entrar, o velhote muito simpaticamente deixou-me entrar, a partir dessa altura comecei a passar por lá regularmente, até que em 1962 fechou portas. Confesso que ainda hoje recordo, as velhas vitrinas de madeira cheias de moedas e condecorações, que me deixavam os olhos esbugalhados pelo brilho dos objectos expostos.
Num pequeno balanço aos primeiros sessenta anos do nosso museu, posso dizer, (não querendo ser demasiado duro) que embora existisse legalmente e tivesse instalações próprias, o seu dia-a-dia era de triste figura, pois foi mais o tempo em que esteve de portas fechadas que de portas abertas.
Consultei sessenta anos de antigos jornais da nossa cidade, para recolher informações sobre esses tempos, porém, o mais que consegui encontrar sobre esses mesmos tempos, foram pequenas notícias sobre ofertas de moedas ou de pequenos objectos, encontrados aqui ou acolá.
Sobre a actividade do museu no seu dia-a-dia, não consegui encontrar praticamente nada, que valha a pena mencionar, independentemente de o nosso museu ter tido como directores, homens como Manuel Paiva Pessoa, António Elias Garcia e D. Fernando de Almeida.
Para finalizar este primeiro período do nosso museu:
- Diria que ele nasceu em ano de acalorada disputa, (derrube da monarquia e implantação da república).
- Viveu a sua juventude, numa época de golpes e contra golpes republicanos.
- Fez-se adulto, numa época em que o vinho, o fado, e o futebol eram o slogan de Portugal.
- E sucumbiu aos sessenta anos (temporariamente) numa época em que o salazarismo, amordaçava todos aqueles que não acreditassem no tão proclamado slogan.
Sessenta anos descritos em meia dúzia de postes, é no mínimo de uma ligeireza confrangedora, porém, como apenas pretendi dar a conhecer um pequeno resumo histórico, espero ser perdoado por quem efectivamente possa contar esta história, com mais rigor e melhor investigação histórica.
No próximo posts vou começar a falar do museu entre os anos de 1971 e 2010.
O Albicastrense

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