A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre
Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para
o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de
1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro
jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC”
foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve
ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto
está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
Passam agora os meses de Maio,
Junho, Agosto e Setembro sem que a Câmara se reuna uma só vez para amostra.
Pelo menos não apareceram vestígios de
actas durante todos estes meses. Porque seria isto?
A explicação é talvez esta:
Executado Luiz XVI e proclamada a república em França, o ministro
francês em Portugal, que era o conde de Chalons, deixou de considerar-se
representante da sua nação em Portugal e interromperam-se as relações diplomáticas entre os dois países.
Em Março de 1793 a França, que tinha de fazer frente a diversas nações,
quis ver se reatava as relações com o nosso país e mandou para Lisboa Mr. D’
Arbaud, que com dificuldade encontrou uma estalagem onde se hospedou e andou
sempre vigiado pela policia, de que era intendente o celebre Pina Manique, mas
o ministro Luís Pinto, que era afinal quem em Portugal dava cartas, nem por
isso deixou de o receber com toda a polidez, embora não quisesse abrir a carta
credencial que ele lhe apresentou.
Mr. D’ Arbaud não deixou de insistir para ser recebido como
representante de França em Portugal e foi-se deixando estar em Lisboa; mas Pina
Manique notou que as visitas que o francês recebia eram suspeitas de
jacobinismo, receou que na capital rebentasse qualquer tumulto provocado por
ele, e por isso, em 16 de Abril, intimou-o a sair de Portugal com modos rudes,
nada diplomáticos, que o homem não teve outro remédio senão sair.
Por sinal que no caminho foi preso pelos ingleses. O resultado foi
metermo-nos na guerra que a maior parte dos estados europeus faziam à França,
ir a nossa Marinha de Guerra com a Espanhola, numa expedição até Tripoli, em
que os nossos marinheiros fizeram boa
figura, e pouco depois andaram as nossas tropas com os do pais vizinho na
campanha do Roussillon, que pelo ano 1794 fora e nos custou muito dinheiro e
muita vidas.
No meio da embrulhada da guerra, quem pensava lá nas coisas
mínimas da administração municipal. Tudo era pouco para acudir às exigências da
campanha e ninguém pensava noutra coisa.
Se o motivo da longa interrupção das sessões da Câmara não foi
este, não sabemos como explicá-lo.
(Continua)
PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”,
que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na
época.
O Albicastrense
Sem comentários:
Enviar um comentário