quinta-feira, setembro 20, 2012

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - LXV


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

(Continuação)
Passam agora os meses de Maio, Junho, Agosto e Setembro sem que a Câmara se reuna uma só vez para amostra. Pelo menos não apareceram  vestígios de actas durante todos estes meses. Porque seria isto?
A explicação é talvez esta:
Executado Luiz XVI e proclamada a república em França, o ministro francês em Portugal, que era o conde de Chalons, deixou de considerar-se representante da sua nação em Portugal e interromperam-se as  relações diplomáticas entre os dois países.
Em Março de 1793 a França, que tinha de fazer frente a diversas nações, quis ver se reatava as relações com o nosso país e mandou para Lisboa Mr. D’ Arbaud, que com dificuldade encontrou uma estalagem onde se hospedou e andou sempre vigiado pela policia, de que era intendente o celebre Pina Manique, mas o ministro Luís Pinto, que era afinal quem em Portugal dava cartas, nem por isso deixou de o receber com toda a polidez, embora não quisesse abrir a carta credencial que ele lhe apresentou.
Mr. D’ Arbaud não deixou de insistir para ser recebido como representante de França em Portugal e foi-se deixando estar em Lisboa; mas Pina Manique notou que as visitas que o francês recebia eram suspeitas de jacobinismo, receou que na capital rebentasse qualquer tumulto provocado por ele, e por isso, em 16 de Abril, intimou-o a sair de Portugal com modos rudes, nada diplomáticos, que o homem não teve outro remédio senão sair.
Por sinal que no caminho foi preso pelos ingleses. O resultado foi metermo-nos na guerra que a maior parte dos estados europeus faziam à França, ir a nossa Marinha de Guerra com a Espanhola, numa expedição até Tripoli, em que os nossos marinheiros  fizeram boa figura, e pouco depois andaram as nossas tropas com os do pais vizinho na campanha do Roussillon, que pelo ano 1794 fora e nos custou muito dinheiro e muita vidas.
No meio da embrulhada da guerra, quem pensava lá nas coisas mínimas da administração municipal. Tudo era pouco para acudir às exigências da campanha e ninguém pensava noutra coisa.
Se o motivo da longa interrupção das sessões da Câmara não foi este, não sabemos como explicá-lo.
(Continua)

PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na época. 
O Albicastrense

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