Ernesto
Pinto Lobo, publicou em 1995 um livro a que deu o nome de; “Castelo
Branco Antigo 1800 – 1950”. Nesse livro publicou um artigo a que deu o título de;
“A
Praça do Pelourinho”.
O
movimento mais que acelerado do nosso quotidiano e determinado
pendor, por mais campanhas que se façam, de uma posição quase
neutral, em quase tudo que diga respeito à nossa memória, levam-me,
a oferecer, numa intenção cívica e cultural, de tentar informar o
que esta cidade foi, nas constantes do seu desenvolvimento urbano.
Ainda
que toda a memória física do património seja propriedade de
todas, é também verdade que não a dispomos senão a titulo
transitório, o que não invalida, que sejamos totalmente
responsáveis pela sua transmissão às gerações futuras. Estará
nesta situação o desaparecimento do Pelourinho da cidade, situado
na Praça, que hoje se chama de Camões. Esta
bela Praça, que durante séculos constituiu aquilo a que todos
chamamos de centro cívico e que durante centenas de anos encerrou
em si, a Domus Municipalis (finais do séc.
XV a finais do séc. XIX), teve, em local de destaque, o
seu Pelourinho como referencia histórica, pelo menos desde 1492.
Por
volta de 1880, existe noticia relatada pelo Dr. Augusto de Sousa
Tavares, ilustre professor do Liceu e durante anos servindo na Câmara
Municipal, da existência do Pelourinho, onde em noites luarentas se
sentou muita vez.
É
graças a este depoimento, que sabemos também, que a plataforma se
compunha de dois degraus quadrados, sendo a coluna, capitel e
fustre, de arquitectura pobre. Até aqui tudo correcto. Mas o que se
passou, depois de 1880, data a partir da qual o Pelourinho se
“eclipsou”, nada encontramos que se refira minimamente a
esta situação. Verifiquei, uma por uma, todas as actas do executivo
camarário, 1880 ao final do século e nada.
É
de facto inédito, que a Câmara que sempre relatou e discutiu ao
pormenor casos, como por exemplo: a venda da Rua do Saco a abastado
proprietário, da zona, que discutiu até à picuinha qualquer tipo
de materiais, que por obras em realização se encontravam na Praça,
não relatasse o que foi feito do Pelourinho. Segundo Jaime Lopes
Dias, as edificações ao redor da Praça e a regularização a
nível do transito, estarão na origem do apeamento do monumento.
O
executivo camarário de então cometeu, com certeza quase absoluta,
acção encobridora, que o tempo apagou, por complete. E mais ainda,
admiro, que nenhuma voz se tivesse levantado contra, como aconteceu,
quando da compra da Rua do Saco em que figura muito conhecida na
terra, por alcunha o Fandiga, muito censurou nos jornais de então.
É
evidente, que podemos considerar que o Pelourinho teria sido apeado,
por motivos de regularização da Praça, para depois ser recolocado,
isto não aconteceu e não é indelicadeza perguntar: onde foram
parar os “restos” do Pelourinho?
É
aqui que vou deixar ao leitor uma hipótese, daquilo que poderá ter
sido uma parte do fuste do Pelourinho da Castelo Branco. Existe no
logradouro, que serve de parque de estacionamento do restaurante
Praça Velha, uma pequena escada em pedra, com corrimão em ferro,
que assenta o seu equilíbrio num tronco granítica, trabalhado em
reentrâncias mais menos iguais, pelo menos de um lado.
De
facto, para a escada, que sempre teria tido utilização precária,
aquela coluna de apoio, sempre parece absolutamente fora de contexto.
O fecho da Rua do Saco, beco que terminava no logradouro referenciado
(21-11-1890) não teria servido para guardar os restos do Pelourinho?
Aqui
fica a hipótese, com fotografia a propósito do “bocado” da
coluna e da Praça Velha, em hipótese também possível da
localização do Pelourinho, que muita falta faz à dignidade, que
representa e à memória municipal da cidade.
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A
publicação do texto de Ernesto Pinto Lobo nesta publicação, vem a
propósito das obras que atualmente decorrem na antiga rua do Saco.
Ao
passar por ali, não pude deixar de reparar num “bocado” de uma
coluna que por lá se encontra, ao olhar bem para ele, logo pensei
para comigo próprio, que já tinha lido algo sobre aquele “bocado”
de coluna. Depois de colocar o meus velhos neurónios a fervilhar, de
imediato me veio à memória, o artigo e as imagens publicadas por
Pinto Lobo.
O
“bocado” de coluna, como ele o descreveu no artigo publicado, já
não ocupa o local descrito por ele, como aliás se pode ver na
imagem que dá cabeçalho a esta publicação, pois o local está a ser
requalificado e a dita cuja, saiu do sitio que ocupava. A
pergunta que aqui quero deixar aos responsáveis pela recuperação
da velha rua do Saco é a seguinte:
A
hipótese colocada por Ernesto Pinto Lobo, parece-me perfeitamente
possível, (até prova em contrario)
por isso, não posso deixar de perguntar aos responsáveis pela obra
(Autarquia Albicastrense), se têm conhecimento deste facto e
o que pensam fazer desde “bocado” de coluna? Meus
amigos, espero que ele não acabe no estaleiro da autarquia, local,
para onde normalmente vai parar o granito retirado de velhas obras.
A
este “bocado” de coluna e a Ernesto Pinto Lobo, deve ser dado o
beneficio da duvida, por isso, este albicastrense propõe desde logo,
que o “bocado” de coluna tenha lugar de destaque na velha rua
do Saco, se assim não acontecer, não estaremos nós mais um vez a
dar um tiro nos próprios pés?
O
Albicastrense
Bem haja António Verissimo, por mais esta pérola da memória de Castelo Branco.
ResponderEliminarSeria importante que esta hipótese fosse escrutinada até ao máximo e fazer-se um estudo sério do seu valor.
Uma vez mais Bem Haja!
Abraço e boas festas
Amigo Nuno Marçal.
ResponderEliminarConcordo inteiramente consigo.
Vamos a ver se o post aqui publicado, ajuda no tal estudo que deve ser feito.
Boas festas também para si.
Abraço
Muita coisa haverá para colocar no sítio, na Cidade de Castelo Branco.Muito haverá por descobrir acerca da antiguidade da cidade.Apesar de o pelourinho ser um instrumento que era para fins pouco humanistas, o certo é que todas as povoações elevadas a vila tinham que ter o dito Pelourinho. Faz parte da nossa História.
ResponderEliminarAmigo José Barradas.
ResponderEliminarEstou inteiramente de acordo consigo.
A história não se pode apagar com uma borracha, temos que a aceitar na sua totalidade.
Abraço
há um pequeno estudo publicado em 2000 ou 2002 sobre o assunto, mas pouco mais acrescente ao que já tinha sido publicado antes
ResponderEliminarjá agora, a casa onde se encontra a escada onde este possível elemento do pelourinho estava vai ser recuperada?
ResponderEliminarAmigo anónimo.
ResponderEliminarA escada dava acesso à muralha.
Existem casas no lado contrario, mas não sei se vão ser recuperadas.
Abraço
O livro " O programa Polis em Castelo Branco " refere na página 109/110 o seguinte que transcrevo: ---- A existência do pelourinho da vila,implantado nesta praça surge-nos através de uma carta de perdão dada em Lisboa,a 30.12.1492 ( Branco, M (1999),ob.cit.,p27 );o outro autor Jaime Lopes dias apresenta um Compromisso da Misericórdia de 1596 onde se atesta da existência de pelourinho e forca em Castelo Branco.Segundo o autor a destruição deverá ter sido posterior a 1880.....Com efeito, duvidamos seriamente da existência do pelourinho na praça na segunda metade do século XIX pelas razões que passamos a apresentar: as referências ás obras de edificação da capela dos presos, da demolição dessa mesma capela e casas adjacentes e consequente construção do Palácio Cunha,nenhuma faz referência a o pelourinho; as actas da Câmara Municipal dos séculos XVIII e XIX, com várias referências a obras na praça, nenhuma refere o pelourinho; Porfírio da Silva editou o seu Memorial Chronológico e Descriptivo da cidade de castello Branco em 1853 e não faz auqlauer referência ao pelourinho; António Roxo, que considerou, com toda a certeza, inúmeros documentos sobre Castelo Branco,não aborda este tema nem no livro que publicou nem nos vários artigos que escreveu em diversas publicações periódicas. Pelo referido estranha-se que o pelourinho ainda existisse na praça ou em qualquer outro local da cidade no séc.XVIII. Assim sendo,mais nos intriga a afirmação de Jaime Lopes Dias: Viu-o ainda, e em seus degraus se sentou o sr. dr. Augusto de Sousa Tavares, e com ele certamente pessoas da sua idade , que bem poucas são já hoje em Castelo Branco.
ResponderEliminaré o que se refere na citado livro que possuo. Há uma foto dos anos 30 da praça, e o pelourinho não consta.