quarta-feira, junho 14, 2017

MEMORIAS DO BLOGUE: (TOPONÍMIA ALBICASTRENSE - 1)

Zona Histórica de Castelo Branco
(Poste publicado neste blogue em 2007)

DEZ ANOS DEPOIS...
Na toponímia albicastrense, existem nomes que todos nós já ouvimos, mas cujo significado na maior parte das vezes desconhecemos. 
Estão neste caso muitas das ruas do castelo: rua do Arressário, D`Ega, Peleteiros e Cabeças são algumas dessas ruas. 
Na minhas pesquisas no antigo jornal “A Beira Baixa”, encontrei um artigo da autoria do Prof. J. Diogo Correia referente à toponímia albicastrense da década de 50, que não resisti a publicar neste blog: 

Arreçário e não Arressário, como lá está escrito, é um termo arcaico em que entra a palavra árabe “arrç” seguida da terminação portuguesa
“ario”
Significa: Elevação de terreno entre dois vales, lomba, cumeada. No caso presente, equivale a: Rua da Ladeira ou Costa, visto estar situada na costa do Castelo. 
Há o mesmo topónimo nas vilas de Sintra e Castelo de Vide. Partidária de França Ega é o nome de uma antiquíssima povoação do concelho de Condeixa, conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques; a primitiva designação da cidade de Tefé do Estado do Amazonas, no Brasil, e ainda o sobrenome de uma das personagens de "Os Maias”, de Eça de Queirós.
Presume que nesta rua houvesse morado um fidalgo ou rico-homem com aquele nome ou apelido, talvez o possessor da terra conhecida em Malpica do Tejo por Navedega (nave, ou planura, de Ega).
Creio que nenhuma afinidade teve com este topónimo albicastrense a famosa Condessa da Ega, acérrima e favorita de Junot, em 1807.
Peliteiros, e não Peleteiros, como erroneamente se escreveu num dos cunhais desta rua e outra travessa que tem o mesmo nome.
Em tempos já distantes, certas ruas eram designadas pelos mesteres que nelas predominantemente se exerciam. 
Assim aparecem as ruas: dos Ferreiros, dos Oleiros, dos Peliteiros, etc.
Mas objectarão, porventura alguns leitores menos cultos, se a palavra não se relaciona com pele… 
A estes supostos interpelantes darei a seguinte explicação.
Nunca se me deparou a palavra peleteiro, nem nos autores modernos, nem nos textos antigos; mas sei que teve larga vida o termo peliteiro, o mesmo que peliceiro (o mesmo que curtidor de peles), outro vocábulo que também desapareceu do falar comum e que nos veio do baixo latim peliqueiros.
Em Trás-os-Montes, ainda hoje chamam aos negociantes de peles peliceiros e peliqueiros. Em todos os exemplos citados aparece sempre, como não podia deixar de ser, o 
a seguir ao l, acrescida do sufixo “eiró”, designativo de profissão, como sapateiro, livreiro, pedreiro etc.
-  J. Diogo Correia terminava este esclarecimento com um recado à autarquia albicastrense:
Se tanto me é permitido, daqui peço à ilustre edilidade albicastrense, que pondere as razoes acima alegadas a favor da legitimidade de paliteiro o qual em boa verdade, não é de todo despicienda. 
Texto publicado como foi escrito no jornal “Beira Baixa
em 1955. Autor, Prof J. Diogo Correia
O Albicastrense

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