NO
MUSEU DE FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR
(O que disse José Lopes Dias sobre esta pintura)
MUSEU DE FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR
(O que disse José Lopes Dias sobre esta pintura)
Desde
logo a primeira impressão é aliciante, na harmonia geral da composição, no seu
aparato egrégio, mas pujante de realismo, na perfeição do desenho e no colorido
apaixonado dos tons magníficos, onde primam o azul, o vermelho e o branco, em
que tudo, na verdade, inculca o valioso trabalho de séc. XVII.
Do lado esquerdo, frei Egídio, no hábito negro dos ermitãs de Santo Agostinho, a face calma e reflexiva de um mestre, abaixa a mão esquerda para um volumoso livro aberto sobre o pavimento, a sua obra de místico e filósofo, enquanto aponta ao céu com a mão direita, como se ensinasse a filosofia de Deus!...
E o semblante exprime efetivamente a mensagem de um intelectual e pensador de escolástica, de um místico ou de um asceta. Frei Roque, na sua frente, veste o hábito branco dos Trinitários, assinalado pela cruz de braços, a azul e a vermelho, a bela cabeça resplandecente de glórias e trabalhos sem fim, tisnada pelo duro sol africano, longas barbas de romeiro e missionário, exponde com os olhos e a alma postos no grupo celestial as mãos piedosas sobre a figura gentil e humilde de um cativo, ajoelhado a seus pés… O espírito voa-lhe para o céu, para as figuras da Trindade, enquanto as atividades práticas se multiplicam na remissão de milhares de cativos.
Entre as duas figuras principais, observa-se uma cena miniatural e alegórica, com frei Roque, presidindo à cabeceira de uma vasta mesa à romagem dos monges que vêm entregar as moedas mendigadas por toda a parte, ou vão partir com o dinheiro destinado aos resgates dos soldados nos presídios marroquinos.
Se a metade terrena do quadro contem dois retratos, duas figuras reais, a parte superior é de concepção puramente académica e celestial.
Do lado esquerdo, frei Egídio, no hábito negro dos ermitãs de Santo Agostinho, a face calma e reflexiva de um mestre, abaixa a mão esquerda para um volumoso livro aberto sobre o pavimento, a sua obra de místico e filósofo, enquanto aponta ao céu com a mão direita, como se ensinasse a filosofia de Deus!...
E o semblante exprime efetivamente a mensagem de um intelectual e pensador de escolástica, de um místico ou de um asceta. Frei Roque, na sua frente, veste o hábito branco dos Trinitários, assinalado pela cruz de braços, a azul e a vermelho, a bela cabeça resplandecente de glórias e trabalhos sem fim, tisnada pelo duro sol africano, longas barbas de romeiro e missionário, exponde com os olhos e a alma postos no grupo celestial as mãos piedosas sobre a figura gentil e humilde de um cativo, ajoelhado a seus pés… O espírito voa-lhe para o céu, para as figuras da Trindade, enquanto as atividades práticas se multiplicam na remissão de milhares de cativos.
Entre as duas figuras principais, observa-se uma cena miniatural e alegórica, com frei Roque, presidindo à cabeceira de uma vasta mesa à romagem dos monges que vêm entregar as moedas mendigadas por toda a parte, ou vão partir com o dinheiro destinado aos resgates dos soldados nos presídios marroquinos.
Se a metade terrena do quadro contem dois retratos, duas figuras reais, a parte superior é de concepção puramente académica e celestial.
A figura do Padre
eterno veste-se de largas roupagens, em perfeito academismo, tendo uma das mãos
sobre o globo do mundo e, a outra sobrevoada pela alva pompa do Espírito Santo;
de escultórico torso nu, Jesus Cristo, realista e renascente, qual imagem
humana, ostenta na mão esquerda, sobre o peito, a chaga da crucificação,
adornando o corpo para a delicada imagem da Virgem.
A virgem exibe, na mão direita, as cadeias quebradas dos cativos, tendo no peito a cruz de Padroeira dos Trinitários e revendo-se no livro aberto das obras de frei Roque. Entre as figuras primaciais concorrem, em segundo plano coros de anjos ou serafins e emergem do caos bambinos de graça imanente e radiosa.
Deve destacar-se, no pormenor o expressionismo das mãos de orador e mestre em frei Egídio, de compaixão e tutela em frei Roque, majestáticas no Padre Eterno, dedicadas e poderosas em Jesus Cristo, enternecidas, as da Virgem; e mesmo os querubins rosados exibem mãozinhas papudas e tenras, como se o artista expressamente desejasse malbaratar o talento com que dominava uma das grandes dificuldades técnicas das artes plásticas.
Indubitavelmente primorosa, a obra é de relevante interesse, quer no seu valor estético, quer na representação histórica de dois personagens ilustres de Castelo Branco, sendo o nome do pintor ainda hoje desconhecido.
A virgem exibe, na mão direita, as cadeias quebradas dos cativos, tendo no peito a cruz de Padroeira dos Trinitários e revendo-se no livro aberto das obras de frei Roque. Entre as figuras primaciais concorrem, em segundo plano coros de anjos ou serafins e emergem do caos bambinos de graça imanente e radiosa.
Deve destacar-se, no pormenor o expressionismo das mãos de orador e mestre em frei Egídio, de compaixão e tutela em frei Roque, majestáticas no Padre Eterno, dedicadas e poderosas em Jesus Cristo, enternecidas, as da Virgem; e mesmo os querubins rosados exibem mãozinhas papudas e tenras, como se o artista expressamente desejasse malbaratar o talento com que dominava uma das grandes dificuldades técnicas das artes plásticas.
Indubitavelmente primorosa, a obra é de relevante interesse, quer no seu valor estético, quer na representação histórica de dois personagens ilustres de Castelo Branco, sendo o nome do pintor ainda hoje desconhecido.
A MINHA COABITAÇÃO COM ESTA BELA PINTURA
Tive
oportunidade de ver este quadro pela primeira vez nos anos sessenta, quando o
museu ainda morava nas suas instalações anteriores às actuais (edifício anexo ao governo
civil). Nos anos setenta, ao ir trabalhar para o museu Francisco Tavares
Proença Júnior, ali o encontrei de novo, e lá se manteve exposto ao público até
1993, altura em que o edifício entrou em obras.
Quando da reabertura do museu em 1998, o nosso frei Roque e frei Egídio deixaram de ter pedestal no nosso museu, e o quadro regressou temporariamente à instituição onde estivera mais de cem anos (Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco), tendo estado exposto ao cimo da escadaria principal desta instituição, entre 2001 e 2006 (onde a foto que ilustra esta publicação foi obtida), sendo retirado e enviado de novo para o museu em virtude do seu mau estado.
Quando da reabertura do museu em 1998, o nosso frei Roque e frei Egídio deixaram de ter pedestal no nosso museu, e o quadro regressou temporariamente à instituição onde estivera mais de cem anos (Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco), tendo estado exposto ao cimo da escadaria principal desta instituição, entre 2001 e 2006 (onde a foto que ilustra esta publicação foi obtida), sendo retirado e enviado de novo para o museu em virtude do seu mau estado.
Resta acrescentar
que passados dezasseis anos, esta pintura se encontra na reserva do Museu Francisco Tavares
Proença, não se sabendo para quando a sua exposição
ao público.
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