(Continuação)
Assento - 4
(Ibid., fl.28v)
No dito dia (24.11.1549) eu, Jordão Fernandes clérigo,
baptizei Bartolomeu filho legítimo de Vasco Gil e Francisca Pires. Padrinhos:
João Roiz de Castelbranco e Diogo Gomes; Madrinhas: Violante Fernandes e Isabel
Vaz. E, por verdade, assinei / Jordão Fernandes.
Assento - 5 (Ibid., fi. 209)
Aos 14 dias do
mês de Dezembro de 1574, faleceu Antónia de Andrade filha que foi de António
Vaz de Andrade e de Beatriz Vaz de Castelbranco. Não fez testamento, tem
legítima e jaz enterrada dentro da igreja. Assento 6 (Ibid., fl.202v) - Aos 16
dias do mês de Julho de 1569, faleceu António Vaz de Andrade Fez testamento e
jaz enterrado na igreja.
Comentário: No Assento 4, aparece como padrinho do
baptizado um João Roiz de Castelbranco (6), nome do famoso poeta albicastrense
de “Cancioneiro Geral” de Garcia de Resende. Contudo, não se trata do próprio
mas de um sobrinho e homónimo... O nosso Poeta havia falecido pouco antes de
1532, ficando os seus restos mortais depositados na capela - mor da igreja de
Santa Maria.
No Assento 5, figura efectivamente sua filha, D. Beatriz Vaz de
Castelo Branco, casada com António Vaz de Andrade cavaleiro-fidalgo da Casa
Real, o qual faleceu a 16.7.1569 (Assento 6), sendo sepultado na sua capela do
Espírito Santo, depois extinta (7) ... Quanto a Beatriz Vaz, refere o Dr. Miguel
Achioli da Fonseca que “está enterrada com seu pai e tios na capela maior de
Santa Maria do Castelo”.
Ora, neste local só
encontramos, actualmente, duas sepulturas com campas armoriadas pertencentes à
família de D. Catarina Vaz Carrasco de Sequeira, mulher do poeta João
Ròdrigues (8).
Daqui, suponho que este foi depositado numa delas... Manuel
Rodrigues Lapa, ao tratar das composições do «Cancioneiro Geral» dedicadas ao
Amor triste, da despedida, acentua:- “A mais formosa composição sobre o tema é
a conhecida Cantiga sua, partindo-se de João Roiz de Castelo Branco. O que
impressiona nesta poesia, ademais do seu ritmo singular, é a ideia formosamente
expressa do que o amor, naquela hora derradeira, todo conflui para os olhos que
se cravam apaixonadamente tristes no objecto amado” (9).
Em louvor do nosso
Poeta, aqui evocamos a sua celebrada composição. "Senhora, partem tão
tristes Meus olhos por vós, meu bem, Que nunca tão tristes vistes Outros
nenhuns por ninguém. Tão tristes, tão saudosos, Tão doentes da partida, Tão
cansados, tão chorosos, Da morte mais desejosos Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes, Tão fora d’esperar bem, Que nunca tão tristes
vistes Outros nenhuns por ninguém". III
O mais antigo Monumento sepulcral na
igreja de Santa Maria de Castelo Assento 7 (Ibid.,fl. 189v) - Aos 9 dias do mês
de Julho de 1564, faleceu Maria de Siqueira. Fez testamento e jaz
enterrada no moimento dentro da igreja. Assento 8 (Ibid., fl.400v)
Aos 25
dias de Abril de 1597, faleceu Baltazar de Siqueira e jaz sepultado no moimento
levantado que está dentro desta igreja de Santa Maria. Fez testamento e sua
mulher, Beatriz Pais, é testamenteira. Assento 9 (S1- 2M, fl.238) - Frei
António Estaço, capitão de cavalos e cavaleiro da nossa Ordem, faleceu em o
mesmo dia que sua mãe (a 17.11.1663) e está enterrado em o túmulo dos leões.
Comentário:
O mais antigo monumento sepulcral, de que há notícia na igreja de
Santa Maria do Castelo, aparece designado nestes registos por “o moimento” ou
“moimento levantado” e, ainda, pelo “túmulo dos leões”, visto assentar sobre 3
de pedra. Consistia num caixão de pedra, com 15 palmos de comprimento por 6 de
alto, suportado pelos 3 leões e situava-se no meio do corpo da igreja, à parte
direita, junto ao púlpito e abaixo da porta travessa.
Pertencia à família do
ilustre albicastrense D. Fernando Rodrigues de Sequeira (1338-1433), cavaleiro
de Aljubarrota, Mestre da Ordem de Avis, Regente e Defensor do Reino enquanto
D. João I esteve fora dele à conquista de Ceuta (1415). Ali se haviam
depositado os restos mortais de sua mãe D. Maria Afonso e da avó desta, chamada
D. Estevaínha; e, durante vários séculos, seria a última jazida dos
descendentes do Mestre por via de sua filha D. Brites Fernandes de Sequeira,
entre os quais D. Maria e Baltazar de Siqueira, referidos nos Assentos 7 e 8. A
partir de finais do século XVI, os morgados desta geração passaram a viver
noutras povoações (Proença-a-Nova e Rosmaninhal), ficando o mausoléu a um ramo
dela, encabeçado no Dr. Simão de Oliveira da Costa (1604-1673), que ali
mandou colocar novamente o seguinte letreiro: (11),
Aqui jaz Ia Madre de Fernão
Roiz de Siqueira Mestre da Cavalaria de Aviz Nele seriam ainda depositados mais
alguns membros desta família, como por exemplo: - Frei António Estaço da Costa,
em 17.11.1663, conforme consta do Assento 9 e assinalava o epitáfio gravado
numa pedra, com 5 palmos de comprido e 2 de largo, metida na parede da igreja,
por cima da urna: Aqui está sepultado o capitão de cavalos António Estaço da
Costa Cavaleiro da Ordem de Cristo ano de 1663. - P. Martinho de Oliveira da
Costa, arcipeste do distrito de Castelo Branco, em 28.12.1691 (SI - 3M, fl.
230v). - P. Matias de Siqueira da Costa, tesoureiro da igreja de Santa Maria, a
9.2.1735 (S1-i4M, fl. 146v). Em 1753, já o túmulo fora demolido “pela
indecência e deformidade que resultava da ruína que lhe tinha causado a
diuturnidado de tempo”(12), conservando-se apenas a última lápide; mas,
actualmente, nada resta desta significativa memória do passado... IV - A «Peste
pequena» em Castelo Branco (1600 - 1602).
(Continua).
O ALBICASTRENSE
Sem comentários:
Enviar um comentário