(Continuação do número anterior)
Os ímpios invasores saquearam igrejas e conventos cometendo execráveis sacrilégios, incendiaram a igreja de Santa Maria do Castelo e varias casas de habitação, violaram mulheres e praticaram nefandos assassínios com ignóbeis requintes de perversidade.
Nas suas proclamações, o general Junot e o governador militar Peyre Ferry prometeram, pela sua honra, reprimir os desmandos e garantir a paz e a amizade entre o exercito e o povo, mas não obstaram a que a soldadesca desenfreada exercesse, sobre a população, as mais torpes e selváticas violências. E não cessaram as calamidades quando as tropas inimigas abandonaram a cidade para perseguir a sua marcha sobre Lisboa.
Após a revolta de Portugal e de Espanha contra o domínio francês, entrou
No período decorrido entre 25 de Outubro e 17 de Novembro de 1808 entrou também na cidade um exercito inglês na luta contra os francês, que era formado por cerca de 10.000. Os nossos aliados, exasperados com a mingua dos aprovisionamentos e sem atenderem à circunstancia de se encontrarem despojados os celeiros e exterminados os gados, saquearam a cidade que havia sido assolada pelos franceses no ano anterior.
Como nos anos de 1381 e 1382, no reinado de D. Fernando I, quando vieram tomar parte na guerra contra os espanhóis e como em 1599, no reinado de D. Filipe I, quando desembarcaram em Peniche par apoiarem a pretensão de D. António Prior do Crato ao trono de Portugal dando origem ao apoio de “amigos de Peniche” com o qual o povo Português ainda hoje designa os falsos amigos, os nossos velhos aliados, ao ocuparem a cidade de Castelo Branco em 1808, não se distinguiram dos inimigos, perpetraram impiedosamente múltiplas vilanias.
O abastecimento das tropas e os frequentes saques deram azo a uma grave crise alimentícia que só morosamente foi debelada com o passar dos anos.
Profundamente mergulhada na desolação e no sombrio, a população abominava então todos os estrangeiros, enfeixando no seu ódio justificado, os aliados com inimigos da Pátria.
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Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. M. Tavares dos Santos
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