(Continuação do número anterior)
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Nas paredes laterais da nave havia altares em cujas arcaturas estavam gravadas as armas dos Telles e Silvas da família da Bispo da Guarda D. Frei Luís da Silva. Quando foram constituídos os corpos laterais, no século XVIII, dois destes altares foram substituídos pelas portas de acesso à Capela do Santíssimo Sacramento e à sacristia grande. No altar que existia no local onde se encontra hoje o formoso pórtico ladeado por colunas de capitéis coríntios, esteve a imagem de S. Dustan com uma tenaz de ferreiro numa das mãos. Esta imagem havia sido ofertada à igreja pelos ferreiros da cidade, com a promessa de a conduzirem na procissão do Corpo de Deus em substituição das figuras do diabo que a Câmara Municipal lhes exigia.
Refere-se a este assunto a acta da sessão da Câmara de 25 de Junho de 1700, da qual se transcreve o seguinte trecho:
” E logo na dita Câmara compareceram os ferreiros desta Vila abaixo assinados e requereram que para maior ornato da procissão do Corpo de Deus pediam lhes quisessem dar licença para darem um santo do seu oficio que é S Dustan e aliviarem-nos de darem os diabos que costumavam dar. O que tudo pelos ditos oficiais foi aprovado: que os houveram por aliviados dos ditos diabos e que daqui por diante dariam o Santo Dustan em sua charola com quatro tochas.
E de tudo serem contentes fiz este termo que assinaram e eu António de Pina Ferrão o escrevi.” Esta acta foi assinada pelos ferreiros Tomás Rodrigues, Manuel Augusto Rosa, Domingos Marsigote e Paulo Fernandes. A escolha da imagem de S. Dustan foi talvez baseada na lenda saxónica segundo a qual o diabo entrou em casa daquele santo e hábil ferrador e sofreu tais tormentos, ao ser ferrado depois de ter sido bem amarrado a uma parede, que implorou misericórdia, tendo-lhe concedido S. Dustan em troca da promessa de que jamais entraria em casa de ferreiros.
Desta lenda provem a superstição, disseminada em muitos países de que uma ferradura constitui um bom amuleto porque possui o condão de afugentar o diabo que, ao vê-la, presume estar próximo de uma oficina de ferrador.
No dia 4 de Agosto de 1773, pelas duas horas da manhã, desabou a empena do corpo da igreja, situada sobre o arco da capela-mor, com a sua cruz terminal de cantaria. Os destroços, caindo sobre a abobada onde abriram uma grande brecha, fizeram tombar o Sacrário a banquete do Altar-Mor e uma primorosa imagem do Arcanjo S. Miguel que se quebrou, assim como alguns degraus do sucedâneo. As sacristias principalmente a do lado sul, ficaram também arruinadas. No mesmo dia foi mudado o Santíssimo Sacramento para a igreja da Misericórdia Velha, que serviu de paroquial durante o tempo em que duraram as obras de reconstrução da Sé.
No dia 25 de Março de 1775, dia da Anunciação da Virgem, foi reconduzido o Santíssimo Sacramento para a catedral pelo Bispo D. José Maria Caetano, numa grandiosa procissão.
Na noite de 19 de Março de 1804 a cidade foi flagelada por um violente temporal que fez ruir uma grande parte do tecto e do coro da igreja.
Refere-se a este assunto a acta da sessão da Câmara de 25 de Junho de 1700, da qual se transcreve o seguinte trecho:
” E logo na dita Câmara compareceram os ferreiros desta Vila abaixo assinados e requereram que para maior ornato da procissão do Corpo de Deus pediam lhes quisessem dar licença para darem um santo do seu oficio que é S Dustan e aliviarem-nos de darem os diabos que costumavam dar. O que tudo pelos ditos oficiais foi aprovado: que os houveram por aliviados dos ditos diabos e que daqui por diante dariam o Santo Dustan em sua charola com quatro tochas.
E de tudo serem contentes fiz este termo que assinaram e eu António de Pina Ferrão o escrevi.” Esta acta foi assinada pelos ferreiros Tomás Rodrigues, Manuel Augusto Rosa, Domingos Marsigote e Paulo Fernandes. A escolha da imagem de S. Dustan foi talvez baseada na lenda saxónica segundo a qual o diabo entrou em casa daquele santo e hábil ferrador e sofreu tais tormentos, ao ser ferrado depois de ter sido bem amarrado a uma parede, que implorou misericórdia, tendo-lhe concedido S. Dustan em troca da promessa de que jamais entraria em casa de ferreiros.
Desta lenda provem a superstição, disseminada em muitos países de que uma ferradura constitui um bom amuleto porque possui o condão de afugentar o diabo que, ao vê-la, presume estar próximo de uma oficina de ferrador.
No dia 4 de Agosto de 1773, pelas duas horas da manhã, desabou a empena do corpo da igreja, situada sobre o arco da capela-mor, com a sua cruz terminal de cantaria. Os destroços, caindo sobre a abobada onde abriram uma grande brecha, fizeram tombar o Sacrário a banquete do Altar-Mor e uma primorosa imagem do Arcanjo S. Miguel que se quebrou, assim como alguns degraus do sucedâneo. As sacristias principalmente a do lado sul, ficaram também arruinadas. No mesmo dia foi mudado o Santíssimo Sacramento para a igreja da Misericórdia Velha, que serviu de paroquial durante o tempo em que duraram as obras de reconstrução da Sé.
No dia 25 de Março de 1775, dia da Anunciação da Virgem, foi reconduzido o Santíssimo Sacramento para a catedral pelo Bispo D. José Maria Caetano, numa grandiosa procissão.
Na noite de 19 de Março de 1804 a cidade foi flagelada por um violente temporal que fez ruir uma grande parte do tecto e do coro da igreja.
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951 - Autor: Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense
Olá, parabéns pelo blog.
ResponderEliminarÉ bonito e bem feito.
Um abraço de:
Soberbo