A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937 no jornal, “A Era Nova”. Transitou para o Jornal, “A Beira Baixa” em Abril de 1937 e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Ribeiro Cardoso “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono muitas e muitas vezes.
O texto está escrito, tal como publicado em 1937.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
Comentário do autor: De Julho a Dezembro de 1787 a Câmara não faz nada que se veja. Trata de ervagens para a direita, ervagens para a esquerda e passa adiante. Em sessão de 4 de Dezembro, porem, aparece alguma coisa digna de nota.
A acta fala assim: “Pellos dittos procuradores do Povo António Ignacio Cardoso e o Doutor José de Andrade Themudo foi proposto que como reprezentantes de todas as pessoas que constituem a colecção do honrrado Povo desta cidade ponderando que tendonos a iluminada escolha da Sobrana e muito espessialmente a Providencia destinado hum Prellado digno da inveja das mais Dioceses que faz as delicias das suas ovelhas zeloso reparador do Culto devino e que pença seriamente na gloria de Deos e que tractando o dito Exm. Prellado de eregir huma Capella magnifica para depozito do Sacrario que encerra a Augustissimo Sacramento vay ao mesmo tempo ornar e engrandesser a Igreja da Sé e para estimolo da devoção de todas os moradores desta Cidade. Pensarão que era do seu dever e muito conforme aos vertuozos e ajustados sentimentos dos seus constituintes dar hum testemunho publico da satisfação com que olhão para tão Santa obra offeressendo em nome de todo este Povo a porção de quinhentos mil reís para hua Alampada da Capela mor ou para aquele ornato que for mais bem regullada escolha do dito Exm. E respeitável Prelado.”
Comentário do autor: Todos os vereadores concordavam que se dessem os quinhentos mil réis para a lâmpada da capela-mor, com a ressalva de que o prelado podia dar a essa quantia outra aplicação que porventura achasse melhor para o embelezamento de Sé.
Para justificar a importância da oferta (quinhentos mil reis em 1787 era dinheiro…) consignou-se na acta que no ano antecedente havia um saldo (acréscimo lhe chamava a acta) de 875.665 réis e, do ano que corria, nada menos de 1.689.100 réis. Estava rica a Câmara.
A “capela magnífica” a que se faz referência é a formosa capela chamada do Santíssimo, que ainda hoje se considera e é, uma das coisas mais belas da nossa terra. Ficam sabendo os que porventura o não sabiam que a construção da linda capela do Santíssimo foi iniciada pelos fins do ano de 1787 e é obra do zeloso Bispo D. Vicente Ferrer da Rocha.
E a lambada seria comprada? Muito provavelmente deu-se aos quinhentos mil réis outra aplicação, porque não nos consta que tivesse havido na Sé uma lambada tão rica. Valendo então quinhentos mil réis, valeria hoje mais de trinta contos e na Sé, repetimos, não nos consta que tivesse havido lambada do valor dessa quantia ou que se aproximasse sequer.Em sessão de 1 de Janeiro de 1788, o pobre Aranha, escrivão da Câmara, apresentou um requerimento em que alegava que o serviço dos expostos lhe dava tanto trabalho que se via forçada a fazer longos serões para dar conta dele, que a este serviço acrescia, além do expediente ordinário da Câmara, o “manifesto dobrado dos vinhos”; que havia mais ainda a fazer:
Para justificar a importância da oferta (quinhentos mil reis em 1787 era dinheiro…) consignou-se na acta que no ano antecedente havia um saldo (acréscimo lhe chamava a acta) de 875.665 réis e, do ano que corria, nada menos de 1.689.100 réis. Estava rica a Câmara.
A “capela magnífica” a que se faz referência é a formosa capela chamada do Santíssimo, que ainda hoje se considera e é, uma das coisas mais belas da nossa terra. Ficam sabendo os que porventura o não sabiam que a construção da linda capela do Santíssimo foi iniciada pelos fins do ano de 1787 e é obra do zeloso Bispo D. Vicente Ferrer da Rocha.
E a lambada seria comprada? Muito provavelmente deu-se aos quinhentos mil réis outra aplicação, porque não nos consta que tivesse havido na Sé uma lambada tão rica. Valendo então quinhentos mil réis, valeria hoje mais de trinta contos e na Sé, repetimos, não nos consta que tivesse havido lambada do valor dessa quantia ou que se aproximasse sequer.Em sessão de 1 de Janeiro de 1788, o pobre Aranha, escrivão da Câmara, apresentou um requerimento em que alegava que o serviço dos expostos lhe dava tanto trabalho que se via forçada a fazer longos serões para dar conta dele, que a este serviço acrescia, além do expediente ordinário da Câmara, o “manifesto dobrado dos vinhos”; que havia mais ainda a fazer:
Acta de 1788: ”Muitos registos Mapas, e relações de nascidos, mortos, vivos, cazados, órfãs e outras mais admenistraçoens e incumbências, não ganhando no dito officio senão apenas para pagar os novos direitos e a Dessima porque o ordenado o cobrava todo o proprietario pela renda, não podendo pela mesma razão pagar a hum amanuense que o ajudasse. E, porque quem trabalha meresse e este Senado tem pela Ley poder e autoridade para premiar a quem bem serve: Requeria portanto lhe arbitrassem algum pequeno Emolumento por cada um dos termos dos Expostos que tem feito e fizer, e pelo que pertence ao mais trabalho que de novo tem acrescido lhe dêem por huma vez somente algúa ajuda de custo pelo passado, e pelo futuro lhe arbitrem e acressentem algúa ordinária cada ano,
Comentário do autor: O pobre do escrivão tinha carradas de razão, e por isso a Câmara deliberou arbitrar-lhe;
Acta. ”Por cada hum termo que tem feito e fizer respectivo aos Expostos vinte reis, e sahindo com hua rellaçao jurada dos termos que tem feito desde o dia primeiro de Setembro de 1783 (foi desde esta data que o serviço dos expostos se complicou) athé o ultimo de Dezembro de 1787 se passa mandado para ser pago da sua importância pellos bens do Conselho, e os que fizer do primeiro de Janeiro de 1788 em diante se lhe pahue do dinheiro dos mesmos Expostos hindo logo a sua importância metida na despeza delles, e pelo que pertence ao mais trabalho que lhe tem acrescido lhe arbitrão por húa vez somente a ajuda de custo de quatorze mil e quatro centos reis e mais cada ano doze mim réis de que se passarão os respectivos mandados”.
Com todas estas ajudas o pobre escrivão Aranha se às aranhas andava até aí, com certeza às aranhas continuou daí por diante, tanto mais que as palavras “e mais cada ano doze mil réis” aparecem sublinhados na acta e à margem aparece esta nota desconsolada: -- “ Esta ultima, não teve efeito”.
Foi praga que rogaram aos, “escrivães” da Câmara. Até hoje, nenhum de lá saiu rico, nem sequer sofrivelmente remediado.
Foi praga que rogaram aos, “escrivães” da Câmara. Até hoje, nenhum de lá saiu rico, nem sequer sofrivelmente remediado.
PS – Mais uma vez informe os leitores dos postes, “Efemérides Municipais” que o que acabou de ler é uma transcrição fiel do que saiu em 1937.
O Albicastrense
O Albicastrense
efemérides
ResponderEliminaré o nosso rei
não falar não comentar
o d. sanches 1º
o do h.....tal
da coisa da tia
da porra digo eu
ó homem fale claro
diga algo sobre algo
ou só quer e lhe agrada
que cantem as janeiras
robin dos bosques