OFICINA ESCOLA DE BORDADOS DO MUSEU FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR
Volto hoje a um tema que já aqui abordei por variadas vezes. Estou a fazê-lo em virtude de no dia 30 de Agosto, ter visto no programa “Regiões” da R.T.P, uma reportagem sobre a Oficina Escola de Bordados do Museu Francisco Tavares Proença Júnior. A referida reportagem começava com a seguinte afirmação:
“A Oficina Escola de Bordados regionais do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, responsável pela produção dos famosos bordados de Castelo Branco, corre o risco de encerrar. - As duas únicas bordadoras que ali trabalham, estão atingir a idade da reforma”.
A directora do museu contactada para falar sobre o assunto, diz na reportagem o seguinte: ”Não se perspectiva que o número de bordadoras a trabalhar no museu, venha a aumentar a curto ou médio prazo. - Tudo pode acontecer! Embora neste momento isso não se prospectiva. - Nesse sentido, a Oficina Escola poderá deixar de produzir bordado de Castelo Branco, mas poderá continuar com outras valências como eu já tenho afirmado, ao nível da divulgação e ao nível do estudo da promoção do bordado”.
Não querendo contestar estas declarações (até porque a directora nada tem haver com o esvaziamento da Oficina Escola), não posso deixar de lembrar que a questão não é assim tão simples. Ou seja! O poder central encerra-nos pouco a pouco e de uma forma infame, a Oficina Escola de bordados, mas como somos pessoas civilizadas, mandamos para traz das costas a desgraça e começamos a dedicar-nos ao estudo e à promoção do bordado. Esta afirmação até pode fechar a boca a muito boa gente, mas para quem sabe o que a Oficina Escola representa para o museu, esta afirmação mais não é que um balde de areia para os olhos dos albicastrenses. Estando o nosso museu transformado numa instituição em que bordado é o coração da instituição e a Escola Oficina o sangue que faz funcionar esse órgão, a extinção da Oficina Escola, não provocará no museu o mesmo efeito que provoca, quando deixa de irrigar o coração de qualquer ser humano? Responda quem souber ou quiser, porque este albicastrense começa a ficar sem palavras para denunciar este tipo de situações.
Continuando com as declarações da jornalista: “A Câmara Municipal vai no entanto salvaguardar a produção desta arte fora do museu. - A Câmara de Castelo Branco criou uma associação do bordado, que irá ter uma escola para empregar 10 bordadoras e comercializar o produto. - A associação ficará sediada no antigo edifício dos C.T.T”.
Joaquim Morão contactado para se pronunciar sobre o tema diz o seguinte na mesma reportagem: “Vamos dar um novo impulso ao bordado de Castelo Branco. - A Câmara tem aqui um papel fundamental, pois dispõe-se a financiar esta escola e a financiar este empreendimento, de modo a contribuir para salvaguardar o bordado de Castelo Branco. - Mas ao mesmo tempo, fazer disto uma actividade económica e criar emprego. - É isto que vamos fazer!..”.
Ao nosso presidente o albicastrense gostaria de colocar uma pequena questão: Não teria mais lógica apostar na resolução dos problemas da Oficina Escola do museu? Não seria mais vantajoso e mais barato recuperar um organismo que nos últimos 34 anos, foi o baluarte dos nosso bordado? Não seria mais prático aproveitar a experiência adquirida ao longo dos tais 34 anos e relançá-la para os dias de hoje, em vez de começar (não se sabe como, nem quando), tudo de novo? Para este albicastrense que ajudou a erguer a referida Oficina Escola e que acompanhou o seu percurso ao logo desses anos, esta “espécie de troca” mais não é que a constatação da nossa incapacidade de dizer não, a quem se decidiu pela morte lenta da OFICINA ESCOLA DE BORDADOS DO MUSEU FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR.
Mas a história desta reportagem não acaba aqui. António Realinho em representação da A D R A C E S argumenta na mesma reportagem, que os meios informáticos são uma mais valia para os bordados. E dá dois exemplos:
- “Um colcha do bordado de Castelo Branco como é sabido, é um investimento caríssimo, o cliente ou potencial cliente, tem toda a facilidade em viabilizá-lo antes da sua confecção”.
- “A outra grande componente é: no passado para se reproduzir uma colcha, era necessário decalcá-lo em papel vegetal, agora já se faz, de forma informático”.
Se em relação à primeira até podemos estar todos de acordo, o mesmo não se passa quanto ao segundo ponto: “Agora já se faz, de forma informático”. Perante esta afirmação tão categórica e ao mesmo tempo tão descabida, só posso perguntar? Onde se faz tal? Quem o faz? E quem investiu nesses equipamentos para o poder fazer ?
UM MÉTODO COM HISTÓRIA.
A relação que se estabelece entre a bordadora, o lápis, o desenho, e o linho, não é um simples acto de copiar o que está no papel vegetal para o linho. É muito mais que isso! A passagem do desenho de uma colcha ou painel para o linho, é um acto criativo, ao fazê-lo a bordadora transporta um pouco da sua própria sensibilidade para o linho, dando ao desenho um cunho pessoal, chegando ao ponto de por vezes se poder dizer perante determinada colcha, que ela foi desenhada e feita em determinado local.
Não é por acaso que ouvimos dizer; "que não existem duas colchas iguais", e eu ouvi-o centenas e centenas de vezes, da bocas das bordadoras do museu. Tal afirmação é a constatação de que cada bordadora ao fazer este trabalho, dá-lhe o seu toque pessoal, tornando cada colcha que se faz dum velho desenho uma nova colcha e não uma nova cópia. Mas não é tudo! Se tirarmos à bordadora a função de desenhar a colcha que a seguir irá bordar, não estaremos nós a privá-la da sua criatividade, e a transformá-la numa “espécie” de máquina de costura? Voltando ao “agora já se faz, de forma informático”, gostaria de acrescentar que o que está em causa, não são os meios informáticos, mas antes a ideia de que é necessário alterar, voltar a alterar e alterar mais uma vez, independentemente do bom senso que se deve colocar, perante determinados trabalhos.
Vou terminar por aqui, no entanto estou convicto que esta matéria irá continuar a ser discutida, pena é, que pessoas que nesta área tem responsabilidades se estejam borrifando para ela.
O ALBICASTRENSE
Essa da artesanto informático é de cabo de esquadra.
ResponderEliminarARRA PORRA MORÂO
Tens razão mas isto tudo é paenas para mais uns lugaree. O Dr. Realinho sabe de euros não de bordados. Devia estar caladinho pelo negócio...
ResponderEliminardurante 40 anos trabalhei no museu e a minha profissão era bordadora, sei muito bem o que é idealizar um trabalho. Quando lá trabalhava eu e as minhas colegas dava-nos bastante gozo passar-mos o desenho do papel vegetal, com o quimico, para a colcha, dá muito mais entusiasmo sabermos que executamos um bordado desde o inicio até ao final. Para mim, quem não sabe começar uma colcha desde o principio, tambem não sabe bordar o BORDADO DE CASTELO BRANCO. Toda a bordadora que se preze, gosta de começar e acabar o bordado. Esses ditos cujos, que se deixem de invenções informáticas isso é perder tempo e dinheiro. E além disso também não percebem nada de bordados de castelo branco´.
ResponderEliminarPrimeiro, deixa-se destruir.
ResponderEliminarA seguir, aparecem os salvadores da Pátria, perdão, dos bordados.
Parece aquela dos pirómanos.
Primeiro,incendeia-se. Depois chama-se os bombeiros. A seguir divertem-se a ver arder. Mais tarde, são benfeitores...
Claro que fica muito mais caro. Que importa, há sempre a habitual solução. Aumentam-se as taxas e as tarifas. Por exemplo, a água...
O "Zé Contribuinte" paga tudo!
Carlos Vale
Era só para tentar perceber o que é que o Morão anda a prometer e a hipotecar o futuro da ciade a olhos vistos.
ResponderEliminarAgora quem decide é o Dr. Azevedo é tudo do memso tamanho. Grnde só o EGO, isto é cada vez mais para rir.