AFONSO
DE PAIVA
Afonso
de Paiva, foi natural de Castelo Branco e filho de Pedro Vaz,
escrivão dos direitos reais dos judeus daquela vila, em tempo el-rei
D. Afonso V, e de sua mulher Maria Gil de Paiva.
Ali
viveu casado com Mércia Vaz, de quem não houve geração, sucedendo
a seu pai no referido oficio, que lhe confirmou D. João II, por
carta passado em Santarém a 8 de Dezembro de 1485.
Foi
também escuteiro de Rui Mendes de Vasconcelos, que fez parte do
Conselho de D. João II e foi alcaide e fronteiro-mor de Penamacor
nas guerras de D. Afonso V e depois capitão de Ceuta, onde resistiu
ao forte cerco do rei de Fez. É natural que nestas lides o tivesse
acompanhado Afonso de Paiva, de espírito arguto, assimilando
facilmente o castelhano e o árabe, adquirindo assim aqueles
atributos que maior influencia tiveram talvez no animo de D. João
II, ao escolher os homens que haveriam de levar a cabo no seu
projecto de saber novas da Índia, por terras através de um rei
cristão, o lendário Preste João. Desta empresa foram encarregados
Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, que partiram no dia 7 de Maio de
1478 de Santarém, onde o rei se encontrava com a sua corte. De
Lisboa seguem para Valência e dai, talvez por mar, para Barcelona,
onde chagam a 14 de Junho do mesmo ano. Embarcam então para Nápoles
e, seguidamente, dirigem-se à ilha de Rodes.
Aqui
são acolhidos por dois portugueses, freires do Hospital, que os
aconselham a disfarçar-se de mercadores de mel. Deste modo chegam a
Alexandria, onde estiveram quase a morrer, pois foram atacados por
febres.
Apenas
melhoraram dirigiram-se ao Cairo e, adoptando trajes muçulmanos,
juntam-se a uma caravana de mercadores mouros, que acompanham até
Adem, na entrada do mar Vermelho.
Separam-se
então. Pêro da Covilhã vai para a Índia, ao passo que Afonso de
Paiva segue para a Etiópia. Combinam, porém encontrar-se no Cairo
mas, quando Pêro da Covilhã depois de viajar pelas costas
ocidentais do Indostão regressa àquela cidade, encontra noticias da
morte do seu companheiro, pelo que se dirige à Etiópia, onde é bem
recebido pelo Imperador que, no entanto não lhe consente o regresso
à Pátria.
Um
ano antes da partida para esta aventura, sucintamente descrita, D.
João II, atendendo aos serviços de Afonso de Paiva, havia-lhe feito
a mercê de 1.500 réis de tença, conforme ficou registado na
chancelaria daquele rei:
“D
João, etc.,. a quantos esta nossa carta vierem saber que, querendo
nós fazer graça e mercê a Afonso de Paiva esguardando ao serviço
que nos tem feito havemos por bem e queremos que desde o primeiro dia
do mês de Janeiro que ora passou deste ano presenta de 1486 em
diante, em cada um ano enquanto até que morto for, ele tenha esta
tença de 1.500 réis brancos. E
porém (por isso) mandamos ao veador da nossa fazenda que lhe mandem
assentar os ditos dinheiros em nossos livros e dar em cada um ano per
luguar aonde deles esta usamos paguar. Data
em o nossa vila de Santarém a 14 dias de mês de Março. António
Carneiro a fez, ano de 1486".
Dados recolhidos na obra: “Figuras Ilustres de Castelo Branco”, de Manuel da Silva Castelo Branco,
O
Albicastrense
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