A
rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e
Março de 1937, no jornal “A
Era Nova”.
Transitou para o Jornal “A
Beira Baixa”
em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A
mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do
primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC”
foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho
que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O
texto está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
A
sessão que se segui à de 25 de Janeiro de 1792 realizou-se em 12 de
Fevereiro.
Estávamos
à espera de ver aparecer nela o “Thesoureyro
do Conselho”
para prestar contas, mas ficamos logrados. O bom do homem apareceu, é
certo; mas em vez de aparecer para dar contas, apareceu para dizer à
Câmara que nem um vintém tinha para pagar às amas dos enjeitados e
por isso, se lho não arranjassem sem demoras, “não
podia continuar os pagamentos das mesmas creaçoens”.
A
Câmara achou que o Sr. Manuel António de Carvalho (era
esta a sua graça do tesoureiro)
tinha carradas de razão e por isso lançou sobre os povos da “cidade
e seu termo”
mais uma sisa de 300.000 réis.
Não
foi preciso muito tempo, como se verá, para que este dinheiro se
acabasse, porque o número de enjeitados crescia de mês para mês
que era mesmo uma pouca-vergonha e por isso mesmo as sisas eram quase
o pão nosso de cada dia.
Nesta
mesma sessão houve reunião da Nobreza e Povo de Escalos de Baixo.
Na acta consta o seguinte:
“para
effeito de responderem a dous Requerimentos de Joaquim Fernandes
Mateiro do mesmo lugar de Escallos de Baixo que fez a Sua Magestade
pelo Dezembargo do Paço em que pede Provizam para poder tapar hum
pequeno bocado de Terra sua propria que tem no sitio da boraloza e
vale das Colomeyas lemite do mesmo lugar o qual requerimento veyo a
informar ao Doutor Corregedor desta Comarca que o deregio a esta
Camara em Precatoria.
E
o outro requerimento para poder meter huma serventia dentro em hum
Quintal que tem no sitio de Nossa Senhora das Neves toãbem sua
propria cujo requerimento veyo a informar ao Doutor Provedor desta
Comarca que tãobem o deregio a esta Camara em Precatoria ambas para
effeito de se ouvir o mesmo Nobreza e Povo que sendo presentes lhes
forão lidos os referidos requerimentos nas mesmas Precatorias por
formaque bem entenderão. E pelo respeito a tapada do bocado de Terra
no citio das Colomeyas responderão que ellas convinhão no
requerimento do Suplicante e que este era lavrador e havia
nescessidade do tapume para sustento de seus Gados sem os quais não
podia continuar a lavoura. E pelo que pertençe à serventia
responderão, que suposto o pedasso que o Suplicante pertende tapar
seja conselhio não causa prejuizo algum ao publico sendo certo que
nem o Conselho nem o publico recebem dele utelidade alguma”.
E
a seguir lá aparecem as assinaturas da Nobreza e Povo de Escalos de
Baixo. São treze as assinaturas, das quais oito de cruz. Os cinco
que assinam com o seu nome chamavam-se (respeitamos-lhes a
ortografia): “Felipe
Gomes Marujo, Manoel Esteves Barrozo, Joze Gonsalves Rosa, Agostinho
João Fg. e Simam Gomes Lazaro”.
Em
seguida a Câmara abundou nas mesmas ideias da Nobreza e Povo e disse
que:
“atentida
a grande nescessidade que há de Tapumes e a grande utelidade que
delles segue não só a cada um dos particulares que os pertenda
tapar mas ao publico sendo este o unico meyo porque se podem
conservar as lavouras que convinhão nos requerimentos dos
Suplicantes”.
Andou
com sorte o Sr. Joaquim Fernandes Mateiro. Não só obteve
deferimento da sua pretensão quando ao tapume no que era
exclusivamente seu, mas até consentiram que ele tapasse um pedaço
de terreno concelhio.
Com
certeza tinha lâmpada acesa na casa da Meca.
(Continua)
PS.
Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides
Municipais”,
que
o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado
na época.
O
Albicastrense
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