sexta-feira, março 17, 2017

OS HENRIQUES DE PAIVA, DE CASTELO BRANCO – (VI)

Dr. JOSÉ HENRIQUES FERREIRA
(Comissario do Físico-mor e médico do Vice-Rei do Brasil)
(Continuação)
Dos “Estatutos” consta que se compunha de professores de Medicina, Cirurgia, Farmácia e outros mais, a determinar; de um presidente, três diretores e secretário, eleitos secretamente pela pluralidade de votos; nas sessões, das quatro às seis horas da tarde, liam-se as obras apresentadas, podendo ser objecto de comentários por escrito; distribuía-se, a cada sócio a meteria da sua profissão ou do seu gosto, sem impedimento da livre escolha dos assuntos, os sócios de terras distantes obrigavam-se a comunicar observações e notícias do seu país e remeter matérias de estudo e prestar esclarecimentos ou pareceres necessários; Havia um académico, informante, erudito em observações históricas, línguas e belas letras; as discussões deviam revestir-se de correção, “sem crisi ou insinuações odiosas contra os que não assentirem ás suas opiniões”, nos trabalhos escritos, exigia-se clareza de estilo e criava-se um horto botânico, para se tratarem e recolherem todas as plantas notáveis,  sob a observação dos académicos, com encarregados da sua conservação e alguns desenhadores de plantas.
O Dr. José Henriques Ferreira, presidente e fundador, figura à cabeça da Academia e dos académicos de Medicina, enquanto o pai dirige a secção de Botânica e o irmão, a de farmácia. Eles são as figuras centrais da “Sociedade”.
Esta Academia correspondeu-se com outras, entre as quais a Academia Real  das Ciências da Sueca pelo seu secretario Pedro Wargentin e pelo Dr. Pedro Jonas Berguis.
O insigne médico Ribeiro Sanches foi sócio correspondente, anunciou a Lineu a sua fundação e para ela conseguiu que a Sociedade de Usal na Suécia lhe conferisse  o diploma de fraternidade. 
Teve depois dos fundadores outros associados nacionais e estrangeiros. Esta agremiação promoveu a criação do bicho-da-seda e outras inovações e melhoramentos. 
Havia sessões bis-semanais ás quintas feiras e aos sábados, no horto botânico estabelecido junto do colégio dos jesuítas, vigorando com regularidade até 1779.
Dela resultou, em grande parte, a honra conferida pelos historiadores ao Marquês de Lavradio, de “alinhar entre as figuras que se prendem à Historia da Farmácia no Brasil ”.
O trabalho do irmão que, na altura, ainda não completara vinte anos de idade, e lhe servia de estreia académica e publicitária intitulava-se: “Discurso Farmacêutico, por Manuel Joaquim Henriques de Paiva, director da Farmácia da Academia”.
A sociedade contou nos primeiros meses actividade brilhante, não somente académica, mas pratica, pois  ainda promoveu a criação do bicho-da-seda, a cultura do indigo, o estabelecimento do horto e do laboratório químico.
O papel desempenhado pelos três albicastrenses na introdução de uma iniciativa cultural na vida da colónia, deve  considerar-se facto extraordinário, na historia da grande Nação que veio a ser o Brasil.
Recolha de dados “Estudantes da Universidade de Coimbra
Naturais de Castelo Branco”. Da autoria de, Francisco
Morais e José Lopes Dias.
O Albicastrense

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