ANTÓNIO RODRIGUES CARDOSO
(1864/1944)
Terminadas as publicações sobre as "Efemérides Municipais", não podia deixar de aqui publicar (pela segunda vez), uma pequena biografia sobre António Rodrigues Cardoso.
--------------------------------------------------------------------Nasceu na Sobreira Formosa a 8 de Julho de 1864, e fez
o Liceu, em Castelo Branco. O reitor do liceu era nessa altura Ruivo
Godinho, que impressionado com , o incentivou a tirar
um curso superior sem que se preocupasse com as despesas do referido curso,
pois ele as pagaria.António Cardoso azamboado com a oferta agradeceu com
lágrimas nos olhos, e ficou de ponderar se as circunstâncias da sua vida
familiar lhe permitiam aceitar tão generosa oferta. Cardoso era órfão de pai, e sua mãe, viúva de dois
matrimónios, tinha uma ninhada de filhos que era necessário amparar e guiar.
Venceu o amor da família e ficou para se sacrificar pela família, crente,
pensou em seguir a carreira de eclesiástica, e para tal se matriculou no curso
eclesiástico que ao tempo havia na cidade, pois era sede de bispado. Findo
o curso, por concurso entrou no magistério primário complementar, e de lá para
o quadro docente da escola normal primária, donde veio a sair para secretário
da Câmara Municipal de Castelo Branco. Cedo ingressou na política ao lado do seu amigo Ruivo
Godinho. O jornalismo chamava-o, e em Janeiro de 1889 fundou o “Distrito de
Castelo Branco” que durou até 1906. Com a morte de Ruivo Godinho e retirada
da política de Manuel Vaz Preto, o partido regenerador no distrito entrou numa
fase de entendimento com o partido progressista local, e António Rodrigues
dedicou-se ao jornalismo, em 1906 fundou “A Gazeta da Beira” que na monografia
do jornalismo distrital de João Grave, tem esta nota sugestiva (jornal monárquico esturrado, progressista,
morreu com a monarquia). De 1910 a 1912, A. Cardoso não teve jornal,
pois a “Gazeta da Beira”
morrera entretanto. É durante esse período de natural agitação que se afirma
como polemista distinto, panfletário enérgico, cáustico e mordente, na defesa
da sua pessoa e sobretudo na defesa dos seus amigos. Francisco Tavares Proença seu velho e grande amigo,
havia-se exilado nas terras de França, e cá dentro no nosso burgo ouve quem
tentasse denegrir a sua ação politica e denegrir o passado honroso de seu
pai que havia sido alguém na política geral do país. António Rodrigues
Cardoso, veio à estacada com um panfleto enérgico repondo a verdade dos
factos. António Cardoso mantinha-se inflexível no desempenho
do seu cargo. As novas vereações, mais os esturrados queriam a sua demissão, é
neste período que ele publica uma série de folhetos que são uma alta afirmação
de doutrina, e uma defesa enérgicas dos seus direitos. A sua vocação jornalística não se coadunava com a
inação forçada, em fins de 1912 consertou com o seu primo João Ribeiro Cardoso
a publicação do jornal o “Beirão”
jornal que viveu a vida intensa da politica daqueles anos até 1917, surgindo
depois novo jornal, monárquico sem disfarces, de nome “A Beira Baixa” sob a direção de José Pinto da Silva Faia. Em 1927 apareceu ”A Era Nova” sob a direção de A. Crucho Dias, que passou a
direção do jornal para A. Cardoso, “A Era Nova” viveu até ao advento da nova
remodelação territorial do pais, tendo a erecção da nossa província
justificado a mudança do seu título para “A Beira Baixa” onde ele se manteve até 1944. António Rodrigues Cardoso, permaneceu no jornalismo
local mais de 50 anos, durante quase meio século redigiu milhares de páginas,
deixando bem vincado o seu anseio pelo progresso da sua região. António Rodrigues Cardoso, tinha a paixão da história
regional, deliciava-se no estudo dos velhos manuscritos que lhe podia deixar
visionar a nossa vida em tempos idos. Morreu em Castelo Branco, a 28
de Janeiro de 1944. A ele se deve a publicação das "Efemérides Municipais";
Crónicas "Do Canhenho de Um Velho";
e muitos outros trabalhos sobre a terra albicastrenseSetenta e oito anos após a sua morte, aqui fica a
recordação de alguém que amou e viveu intensamente a terra albicastrense.PS. Recolha de dados. "Subsídio para a História Regional da
Beira Baixa", de J. Ribeiro Cardoso. O Albicastrense
(1864/1944)
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