Por
Manuel da Silva Castelo Branco
História da Lápide Sepulcral Biface (2ª parte)
(Continuação)Assento 20 ( S2 -
50, fl. 68v) – O Excelentíssimo Senhor D. Frei Vicente Ferrer
da Rocha, da Sagrada Ordem dos Pregadores, segundo bispo desta diocese, faleceu
aos 25 dias do mês de Agosto de 1814. Recebeu somente o sacramento da extrema-unção (por não dar lugar a
mais um acidente) e foi sepultado no adro desta igreja, segundo a determinação
do mesmo senhor, de que fiz este termo que assinei / O Vigº encomendado Manuel Mendes
de Abreu.À
margem: - No dia 23 de Outubro deste
ano de 1943, foi feita a trasladação dos restos mortais do bispo D. Vicente
Ferrer da Rocha,falecido em 25 de Agosto de 1814, do adro da Sé de Castelo Branco para uma sepultura
da capela-mor da mencionada igreja da Sé. O Conservador Adelino de Sousa.ComentárioD. Frei Vicente Ferrer da Rocha, nascido a 5.4.1737 na freguesia de Santos-o-Velho
(Lisboa) e religioso professo da Sagrada Ordem dos Pregadores, tomou posse do bispado de Castelo Branco em 7.3.1783 e, nesse
mesmo ano, foi eleito por aclamação Provedor da sua Misericórdia.Ao seu génio empreendedor se
devem importantes melhoramentos: a ampliação do Paço Episcopal com o corpo do
lado Norte, o estabelecimento do monumental peristilo da entrada nobre e a
decoração da capela, janelas e salas, onde predominam os estuques artísticos; o
alargamento e beneficiação do Jardim do Paço; a construção
dos dois corpos laterais da igreja da Sé, formados pela formosa Capela do Santíssimo Sacramento e pela Sacristia Grande e Câmara Eclesiástica, etc. Atravessou o 2º bispo de Castelo Branco um período difícil durante as invasões francesas
(1807-1812), tendo falecido a 25.8.1814 (como refere o Assento20) de uma
apoplexia que lhe deu no dia 22, sendo sepultado de acordo com as suas
determinações no adro da igreja da Sé, quási em frente da porta da Sacristia.
(28)Ora, ao procederem à sua
inumação cometeu-se um acto para o qual não encontrei ainda qualquer justificação
satisfatória... Assim, a fim de cobrir a sepultura de D. Frei Vicente
utilizou-se a mesma campa que havia 86 anos tinha sido colocada sobre a de D.
Joana Maria Josefa de Meneses, como contei na 1° parte desta história. Para o
efeito, virou-se ao contrário e sobre a nova face vista (o anverso da anterior)
gravaram-se, igualmente, as armas do Prelado com as respectivas insígnias e um
letreiro identificativo contendo a data do seu falecimento. Deste modo surgiu a
chamada lápide sepulcral biface (isto é, com epígrafes diferentes nas duas faces) a qual, durante cerca
de 129 anos, permaneceu no adro da Sé sem qualquer protecção ou resguardo dos agentes
atmosféricos, pessoas e animais... Talvez por esse motivo e/ou pelo trabalho
mais apressado do canteiro, o seu lavor apresenta-se um pouco sumido e menos
perfeito que o primeiro.Porém, uma vez mais o destino
viria alterar esta situação pois, a 23.10.1943, (como se indica no averbamento
ao Assento 20) procedeu-se à exumação dos restos mortais do Bispo e à sua
trasladação para um sarcófago colocado sob o arco cruzeiro da capela-mor da
mesma igreja, em conformidade com as instruções de D. Domingos Frutuoso, então
bispo de Portalegre... (29)Quanto à lápide sepulcral biface manteve-se ainda durante algum tempo no adro
da Sé, recolhendo finalmente ao Museu ... (30(Continua ) O ALBICASTRENSE
À
margem:
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