E FREI EGÍDIO DA APOSENTAÇÃO NO MUSEU
DE FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR”
Apresentada a família dos Fonsecas, faltava falar deste quadro.
Com tal adversidade acabou por se destacar da moldura e andou enrolado e embrulhado durante bastante tempo.
Tais infortúnios só terminaram quando o Tenente-coronel Elias Gracia (anos trinta), assumiu a direcção do museu e ordenou que se guardasse a bom recato aquele rolo “tela”, salvando-o da perdição definitiva.
Enfim, adveio a ocasião de ser restituída à sua dignidade após beneficiação do mais essencial, de forma a poder incorporar-se em lugar de honra, numa sala do Museu.
Frei Roque e Frei Egídio pelo contrário, merecerão bem esta bela homenagem, duas almas límpidas e puras, ungidas de santidade e dignas de um altar.
Note-se, em especial, que os retratos de frei Roque e de frei Egídio estão pintados no chão (os humanos não se pintam no céu) visto não serem canonizados, destinando-se o painel a uma Capela de propriedade particular e não pública.
Ao primeiro, foi conferido pela Santa Sé o titulo de Venerável, não sendo temerário admitir-se que haveria sido santificado se não caduca-se a Ordem dos Trinitários.
Frei Egídio não lhe ficava a traz, homem de modelar virtude, e superava-o decerto nos dotes de cultura e erudição, mas a sua actividade desdobrou-se entre a cátedra coimbrã e o gabinete de escritor, de filosofia e religião, sem alcançar a projecção nacional da obra social e politica do meio irmão mais velho.
Do lado esquerdo, frei Egídio, no hábito negro dos ermitãs de Santo Agostinho, a face calma e reflexiva de um mestre, abaixa a mão esquerda para um volumoso livro aberto sobre o pavimento, a sua obra de místico e filósofo, enquanto aponta ao céu com a mão direita, como se ensinasse a filosofia de Deus!...
E o semblante exprime efectivamente a mensagem de um intelectual e pensador de escolástica, de um místico ou de um asceta.
Frei Roque, na sua frente, veste o hábito branco dos Trinitários
Entre as duas figuras principais, observa-se uma cena miniatural e alegórica, com frei Roque, presidindo á cabeceira de uma vasta mesa á romagem dos monges que vêm entregar as moedas mendigadas por toda a parte, ou vão partir com o dinheiro destinado aos resgates dos soldados nos presídios marroquinos.
Se a metade terrena do quadro contem dois retratos, duas figuras reais, a parte superior é de concepção puramente académica e celestial. A figura do Padre eterno veste-se de largas roupagens, em perfeito academismo, tendo uma das mãos sobre o globo do mundo e, a outra sobrevoada pela alva pompa do Espírito Santo; de escultórico torso nu, Jesus Cristo, realista e renascente, qual imagem humana, ostenta na mão esquerda, sobre o peito, a chaga da crucificação, adornando o corpo para a delicada imagem da Virgem.
A virgem exibe, na mão direita, as cadeias quebradas dos cativos, tendo no peito a cruz de Padroeira dos Trinitários e revendo-se no livro aberto das obras de frei Roque. Entre as figuras primaciais concorrem, em segundo plano coros de anjos ou serafins e emergem do caos bambinos de graça imanente e radiosa.
Deve destacar-se, no pormenor o expressionismo das mãos de orador e mestre
Indubitavelmente primorosa, a obra é de relevante interesse, quer no seu valor estético, quer na representação histórica de dois personagens ilustres de Castelo Branco, sendo o nome do pintor ainda hoje desconhecido.
Quando da reabertura do museu em 1998, o nosso frei Roque e frei Egídio deixaram de ter pedestal no nosso museu, e o quadro regressou temporariamente à instituição onde estivera mais de cem anos (Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco), tendo estado exposto ao cimo da escadaria principal desta instituição, entre 2001/06 (onde a foto que ilustra este post. foi obtida), sendo retirado e enviado de novo para o museu em virtude do seu mau estado em 2006.
Para terminar resta acrescentar, que este quadro se encontra actualmente na reserva do Museu Francisco Tavares Proença, não se sabendo para quando o seu restauro, assim como a sua exposição ao público.
Se estiver interessado em conhecer na íntegra os dados desta família, deve dirigir-se ao museu, pois é possível ainda ali existirem alguns exemplares à venda.
O Albicastrense
Que tal é que é a reserva do museu?O quadro não estará em perigo?Para quando o seu restauroe devolução a cidade?
ResponderEliminarCaro anónimo
ResponderEliminarQuanto ás condições, não podiam ser melhores.
Em relação ao perigo está cem por cento seguro.
No que diz respeito ao seu restauro as prospectivas parece-me escuras, para não dizer negras.
Vamos ser optimistas e pensar que tal possa acontecer a curto prazo.
O Morão manda pagar a conta do restauro?
ResponderEliminarSeu estúpido o Morão aqui não manda nada!!!!!!!ah ah ah
ResponderEliminarQuero felicitá-lo pela contribuição que está a dar pela divulgação da nossa Cidade.
ResponderEliminarJosé Lopes
Quero felicitá-lo pela contribuição que está a dar pela divulgação da nossa Cidade.
ResponderEliminarJosé Lopes