sexta-feira, junho 20, 2008

Castelo Branco na História XXIX

(Continuação do número anterior)

No Livro do Tombo da Comenda da Ordem de Cristo foram inventariadas, em 1753, as seguintes casas anexas à ermida:
“Mais lhe pertencem quatro casas que servem de se recolherem os romeiros, uma consta de três salas de sobrado, a primeira com uma janela virada ao sul que tem de comprimento quatro varas e um palmo e de largo duas varas e quatro palmos e as outras duas tem a mesma medição e cada uma sua janela; junto das ditas casas estão três casas térreas quase todas igual grandeza e todas têm portas por onde comunicar”.
Não está bem averiguado se era nestas quatro casas, utilizadas para residência do ermitão e recolha dos romeiros, que se situavam as seis celas a que alude a carta de Frei Manuel da Encarnação.
O ermitão de Nossa Senhora de Mércoles era nomeado pela Câmara Municipal desde
Tempos imemoriais, conforme consta da acta da sessão de 21 de Novembro de 1790.
No adro da ermida existe um cruzeiro de granito, de construção moderna, constituído por um fuste cilíndrico apoiado sobre um plinto e rematado por uma cruz floreada assente sobre um anel que lhe serve de base.
O povo de Castelo Branco, nas estiagens muito prolongadas e calamitosas, tem por hábito muito antigo conduzir em procissão a imagem de Nossa Senhora de Mércoles para a Igreja da Sé e de fazer ali suas preces par que os campos sejam beneficiados com a chuva.
Teve sempre, o povo da cidade e dos seus subúrbios, uma grande veneração pela Nossa Senhora de Mércoles, dedicando-lhe outrora varia romarias durante o ano, principalmente em todas sextas-feiras do mês de Março.
A festividade mais importante realizava-se no domingo de Bom Pastor e nos dois dias seguintes. Esta romagem teve origem num voto que a Câmara Municipal de Castelo Branco fez em 2 de Julho de 1601, em agradecimento à Nossa Senhora por ter livrado os habitantes da peste que, naquele ano e noutros precedentes, grassara no pais.
Todas os vereadores e oficiais da Câmara se incorporavam numa procissão que ia da povoação à ermida em cumprimento do voto e todos os clérigos de Ordens sacras que estivessem presentes eram obrigados a assistir, sob pena de excomunhão, por ordem do Bispo da Guarda D. Nuno de Noronha.

PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

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