quarta-feira, dezembro 03, 2008

Castelo Branco na História - XLIII


Continuação.
O segundo Bispo de Castelo Branco, D. Vicente Ferrer da Rocha, mandou aformosear o jardim em 1786. Esse aprazível logradouro é um terreno quadrangular com cerca de 1.450 metro quadrados dominado por balcões e varandas providas de guardas de barras de ferro, com elegantes e espaçados balaústres de cantaria.
No seu quadrilongo principal de cinco lagos com bordaduras de cantaria em curvas caprichosas e vistosos jogos de agua; canteiros de buxo com graciosos desenhos onde as predominam as volutas; buxos recortados, de grande porte, com formas paralelipipédicas que outrora eram curvilíneas; e uma profusão de estatuas talhadas no granito regional e dispersas pelos canteiros. Entre as estatuas disseminadas pelo jardim figuram os quatro Novíssimos do Homem, as quatro Virtudes Cardeais, as três Virtudes Teologais, os doze Signos do Zodíaco, as cinco Partes do Mundo, as quatro Estações do Ano e varias alegorias. Sobre os balaústres das guardas dos balcões e escadarias destacam-se as estatuas do Conde D. Henrique de Borgonha, fundador do Condado de Portucalense, dos Reis de Portugal até D. José, dos doze Apóstolos e dos quatro Evangelistas.
No patim inferior da escadaria dos reis ressalta um curioso pormenor: as estatuas do Rei Cardeal D. Henrique e dos três reis Filipes do período da dominação espanhola tem o seu tamanho diminuindo em relação às dos restantes reis de Portugal. É notável o lago grande com 34 metros de comprimento, 11,5 de largura e 4 metros de profundidade, situado num socalco elevado acima do plano dos canteiros e que era outrora abastecido pela Cascata de Moisés com agua fornecida por duas noras que existiam no olival anexo. São também dignos de nota o Jardim Alagado ou tanque floreado com curvas sinuosas e alegretes de flores intercalados, tendo ao centro um repuxo de cantaria formado por três golfinhos entrelaçados e sobrepujados por uma coroa; e o Lago das Coroas, grande tanque de cantaria situado num balcão avarandado e onde existem três repuxos iguais no Jardim Alagado, donde lhe proveio o nome. Os repuxos do Lago das Coroas foram reconstruídos em 1939 por haverem desaparecido os primitivos. No passadiço sobre a Rua Bartolomeu da Costa vêem-se ainda uns pinásios de cantaria com ranhuras laterais onde primitivamente entravam caixilhos de rótula que ocultavam as pessoas que passavam do jardim para os logradouros situados do outro lado da rua.
Nos pinásios há uns pernes terminais de ferro onde assentavam os frechais da cobertura do passadiço.
Esta cobertura foi aniquilada pelas inclemências do tempo.
Continua.
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense

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