sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Castelo Branco na História - XLVII

(Continuação)
”Os parapeitos com os seus assentos laterais sobre o muro de vedação do recinto que confina com a antiga Rua da Corredoura não podem, só por si, tornar verosímil a suposição de que o jardim ficou incompleto e que o seu prolongamento no mesmo plano até ao muro figurava no projecto primitivo. “ Podemos, sem relutância, admitir que o acesso aos parapeitos, que constituíam um miradouro para o lado da rua, era feito por escadas e balcões de madeira, hoje desaparecidos como as rotulas, também de madeira, que estavam colocadas entre os pinásios de cantaria sobre as guardas laterais do passadiço.
“Além disso, tendo o Bispo D. Frei Vicente Ferrer da Rocha, durante os trinta anos de governo da sua diocese, mandado ampliar a Igreja de Sé, aumentar e aformosear o palácio, reconstruir e embelezar o jardim, a quinta e o bosque fronteiros, não deixaria, evidentemente, de completar o logradouro adjacente à sua residência quando, para tal conclusão, a despesa a fazer seria relativamente insignificante.
“Por conseguinte, era o recinto outrora uma dependência do Paço Episcopal que, possivelmente estaria arranjado em condições de não prejudicar, como agora, a estética do conjunto.
“Actualmente, porem, não há possibilidade nem necessidade de reconstruir tal dependência e, carecendo o jardim de uma entrada directa, por ser do domínio público e possuir uma entrada indirecta e deficiente, projecta-se adaptar o recinto a pátio de entrada, com a execução das seguintes obras:
1º-- Escavação e remoção das terras e entulhos do recinto destinada a pátio de entrada;
2º-- Demolição, reconstrução e reforço do muro de suporte das terras do jardim;
3º-- Demolição do muro de vedação do recinto na extensão igual à do muro de suporte de terras;
4º-- Construção de um muro lateral, perpendicular ao muro de vedação, para tornar o recinto simétrico em relação ao eixo da rua do lago central do jardim;
5º-- Colocação de capeamentos e pilastras de cantaria no muro de suporte de terras do
Jardim e nos dois muros laterais;
6º-- Construção de uma escadaria de acesso ao jardim com uma fonte e lago de cantaria;
7º-- Construção de uma balaustrada sobre o muro de suporte de terras do jardim;
8º-- Colocação de bancos de cantaria junto das paredes do recinto;
9º-- Abertura de uma porta na parte do muro que subsiste junto do passadiço, simétrico, em relação ao eixo da rua central do jardim, com a existente junto ao palácio (praticada posteriormente no muro de vedação) e modificação das cantarias desta ultima para se lhe imprimir o estilo da época do aformoseamento do palácio;
10º-- Construção de uma vedação de ferro sobre socos de cantaria, do lado da rua de Bartolomeu da Costa, em substituição do muro a demolir, vedação que será constituída por seis painéis de grades, quatro pilares, e dois meios pilares de cantaria.
11º-- Colocação de uma porta de férrea ao meio da vedação, no eixo de simetria do recinto, da escadaria e da rua central do jardim;
12º-- Colocação de painéis de azulejo com motivos históricos e regionais nas paredes interiores do pátio de entrada;
13º-- Demolição da escada que dá actualmente acesso ao passadiço e da porta de entrada indirecta;
14º-- Construção de uma escada no sentido oposto ao daquela que deve ser demolida, para o restabelecimento da antiga comunicação do jardim com o parque lamentavelmente suprimida em 1911 e que justificava a existência do passadiço sobre a Rua da Corredoura.
“O recinto, actualmente entulhado, será escavado de forma que apresente um pavimento com uma inclinação de um centímetro por metro para permitir o escoamento das águas pluviais.
“As balaustradas a construir na escadaria e sobre o muro de suporte de terras do jardim serão iguais às existentes em todas as escadarias que ali predominam e cujos balaústres e pilares servirão de modelo.
“Sobre os quatro primeiros pilares da escadaria serão colocadas outras tantas estatuas talhadas no granito regional.
“Os pilares, os balaústres, as pilastras, os socos, os degraus, os pináculos, os vasos, os bancos, e os capeamentos dos muros serão de cantaria de granito regional aparelhada à picota.
“As paredes interiores do recinto serão rebocadas e guarnecidas a branco com um friso formando painéis separados pelas pilastras de cantaria, onde serão colocados azulejos artísticos com motivos históricos ou regionais”.
(Continua)
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa " em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense

4 comentários:

  1. Anónimo13:37

    Sr Verissimo o cronista JC parece que pela primeira vez pôs em causa o Mourão. Veja bem que só agora é que reparou que não há bancos na Praça da Rainha e que há por aí bancos para gigantes. Ora os blogs que eu acompanho com mui interesse já o tinham referido.Até jornais. Salvo erro,o sr Val no Povo da Beira.Hoje, voodofalcão, sempre oportuno assinala o facto, com boas observações. Como vejo que acompanha e há mensangens que fazem interessantes comentários sobre JC(que não conheço), pensei em referir, embora saiba que está atento. Zé Enganado

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  2. Caro Zé Enganado.
    Em primeiro lugar quer dizer-lhe que sou leitor assíduo da coluna “Retratos” que o jornal reconquista publica semanalmente.
    As personagens criadas por “JC“, (que não faço a mínima ideia de quem seja), são fantásticas!!! Jeremias, Ludovico e Godofredo são figuras que eu próprio gostaria de ter criado.
    Quando ao facto, de ele só agora ter dado falta dos bancos… apenas podemos dizer, que por vezes mais vale tarde que nunca.
    Um abraço

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  3. Anónimo01:29

    Ó Verissimo devias estar de mau humor. Fui ler os Retratos e de imediato percebi o ZÉ. Parece-me que ele não estava a falar dessas personagens de que tanto gostas.
    O que ele referia é muito mais importante. É a responsabilidade e a respeitabilidade do jornalísmo. O mais vale tarde do que nunca,não está correcto. Os bancos no Largo da Rainha ainda lá não estão. E,os bancos grandes lá continuam. Parece que levaste demasiado a sério as personagens!
    Marco Paulo

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  4. Caro Marco Paulo.

    Quando disse: ”Mais vale tarde que nunca” é obvio que estava a referir-me ao facto do autor da citada coluna, ter reconhecido a falta dos bancos numa praça e o exagerado tamanho noutra.
    Nunca afirmei que o problema estava resolvido.
    Quando digo, que gosto e admire a coluna “Retratos” e as suas personagens, não estou a dizer que morre de amores pelo seu autor!… nem tal seria possível!!!! uma vez não conheço JC.
    Ora não conhecendo o autor e não sendo seu procurador, não poderei responder-lhe sobre a tal: responsabilidade e a respeitabilidade do Jornalismo!… pois se fizesse esse julgamento, seria da minha parte uma grande irresponsabilidade.
    Caro Marco Paulo trata-se apenas de um coluna humorística e não de um tratado sobre conduta jornalística.
    Um abraço

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