quinta-feira, julho 23, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - (LVI)

CASTELO BRANCO
NA

HISTÓRIA E NA ARTE
IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (
9)
(Continuação).
Na casa do lado do Norte da Igreja de Santa Isabel, que foi hospital do sexo masculino, foram instaladas duas escolas de ensino secundário: a Escola de Ensino Mútuo, criada por decreto de 15 de Novembro de 1834 e o Liceu Nacional, instituído por decreto de 17 de Novembro de 1836. Estes dois estabelecimentos de ensino permaneceram no antigo hospital até demolição do edifício que se efectuou pouco tempo depois de 1850 por ele ameaçar ruína. O local ficou sendo um largo público e ainda hoje é conhecido pela designação de Largo da Escola.
Na casa do lado sul, que foi hospital do sexo feminino, esteve aquartelado, em 1834, uma companhia da Guarda Nacional, mais tarde esteve ali instalada uma escola primária do sexo feminino criada por decreto de 10 de Março de 1840 e depois funcionou ali o Tribunal Judicial até 1935, data em que foi transferido para o antigo edifício da Câmara Municipal situado no Largo da Sé.
Na Igreja da Rainha de Santa Isabel existiram as confrarias da Ordem Terceira de S. Francisco e de Santo António.
Após a transferência da Misericórdia para o convento da Graça, o santo lisbonense, que tinha outrora a sua imagem no altar colateral do lado do Evangelho, passou a ser o orago, dando origem à designação de Igreja de Santo António pela qual é hoje conhecido o velho templo consagrado à Rainha Santa. Durante a reedificação da Igreja, iniciada no século XVIII e terminada em meados do século XVIII, deu-se a transição do estilo arquitectónico do Renascimento para o barroco. A fachada principal evidencia esta transição apresentando ornatos que caracterizam os dois estilos sem que, todavia esta combinação afecte a beleza das proporções e a elegância da decoração. Remata o frontão da fachada principal uma imagem da Rainha Santa Isabel e sobre a empena da capela-mor há uma imagem de S. Francisco. Ambas as esculturas, talhadas no granito regional de difícil trabalho, são relativamente são relativamente perfeitas.
A fachada lateral do lado do Norte, posta a nu com a demolição da antiga enfermaria do sexo masculino do hospital da Misericórdia, efectuada em meados do século XIX, apresenta um espeto deselegante que não se harmoniza com o da fachada principal.
Interiormente a igreja é dotada de dois altares colaterais além do altar-mor. O arco que separa a nave da capela-mor é de volta plena e esta apoiada sobre pilastras de granito. Os tectos de madeira da capela-mor e da nave são em abóbada e ostentam uma primorosa pintura do século XVIII que é uma notável preciosidade artística digna de ser cuidadosamente conservada.
A reedificação deste templo, que foi primitivamente da invocação de uma venerável santa portuguesa e tem por orago um não menos venerável santo português.
Foi feita nos séculos XVII e XVIII com dificuldades quase insuperáveis, com penosos sacrifícios da Misericórdia e da população de castelo Branco.
Deve-se portanto, evitar a sua ruína, mantendo-a aberta ao culto e mandando proceder às indispensáveis obras de conservação.


PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos.
O Albicastrense

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